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terça-feira, 20 de dezembro de 2011


Será que a teoria de Crick-Mitchison sobre sonhos está correta?

Reproduzido do Blog SEMCIÊNCIA, de Osame Kinouchi:
Pois é, que pena que não havia este experimento quando eu tentei publicar o paper no BBS em 2002…  Stickgold era um dos referees, os outros também não simpatizavam com a teoria de Crick-Mitchison, daí ficou por isso mesmo. Mas, a partir de 2009, Matthew P. Walker elaborou a hipótese de regulação emocional da amigdala , usando explicitamente a ideia de que durante a fase REM a reatividade frente a memórias emocionais seria “esquecida” em vez de reforçada, uma ideia claramente inspirada na Teoria de Aprendizagem Reversa de Crick-Mitchison.
Mas eu ainda acho que os canabinóides tem a ver com esse processo, e os autores do estudo abaixo não falaram isso. Em todo caso, vou mandar o link do paper para o pessoal de Berkeley…
http://arxiv.org/abs/cond-mat/0208590
PS: Este paper foi resubmetido à Behavioral and Brain Sciences
26/11/2011 - 18h50

Sonho pode apagar memórias negativas

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Qual a receita para apagar uma memória dolorosa? O tempo, claro — incluindo o tempo gasto no sono e nos sonhos. É o que sugere uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).
De acordo com os cientistas, os processos químicos cerebrais durante o sonho ajudam a filtrar as experiências emocionais negativas.
É na fase de sonhos do sono, conhecido como REM (sigla inglesa para “rapid eye movement”, ou movimento rápido do olho), que o cérebro trabalha as experiências emocionais. Essa fase equivale a 20% de uma noite.
O estudo dos EUA contou com 34 jovens saudáveis, divididos em dois grupos.
Metade viu 150 imagens “fortes” na parte da manhã e à noite -eles ficaram acordados entre as sessões. A outra metade dormiu uma noite entre as visualizações (veja infográfico acima).
Os pesquisadores observaram que aqueles que dormiram entre as visualizações relataram uma reação emocional melhor às imagens.
Além disso, exames de ressonância magnética dos participantes enquanto dormiam mostraram uma redução na atividade da amígdala (região cerebral que processa as emoções) no sono profundo.
REM
“Esse é o resultado mais interessante do trabalho. Não havia ainda uma relação comprovada entre sono REM e redução da atividade da amígdala”, analisa o neurocientista Sidarta Ribeiro, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Os resultados sinalizam a importância do sonhar. “O estágio do sonho é uma espécie de terapia durante a noite”, explica Matthew Walker, principal autor do estudo que está na “Current Biology”.
O trabalho também indica porque as pessoas com estresse pós-traumático, como veteranos de guerra, sofrem com pesadelos.
A “terapia noturna” não funciona direito em pessoas traumatizadas, pois o sono REM costuma ser interrompido recorrentemente.
Ao dormir, a pessoa revive o trauma porque a emoção não foi devidamente arrancada da memória no sono.
Os pesquisadores também registraram a atividade do cérebro dos participantes enquanto eles dormiam, usando eletroencefalograma.
Durante o sono REM, a atividade cerebral diminui. Isso indica que a queda de estresse no cérebro ajuda a processar as reações emocionais às experiências do dia.
“Durante o sono REM há uma diminuição dos níveis de norepinefrina, um neurotransmissor associado ao estresse”, explica Walker.
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley têm trabalhado há algum tempo ligando o sono ao aprendizado, à memória e à regulação do humor. Mas ainda não há um consenso científico sobre a função do sonho na saúde das pessoas.
Até a publicação de “A Interpretação dos Sonhos”, de Sigmund Freud, concluída no final do século 19, os sonhos eram vistos como premonições ou eram relacionados a problemas digestivos.
Freud lançou a ideia de que o sonho tinha uma ligação com o processamento inconsciente das emoções.
“Hoje, fazemos trabalhos que têm a ver diretamente com o que Freud estudou, mas de maneira mais aprofundada”, explica Ribeiro.

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