A especialização dos lobos cerebrais
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Didaticamente
o cérebro pode ser subdividido em cinco lobos anatômicos. A divisão funcional
dessas regiões não é tão perfeita quanto a própria divisão neuroanatômica,
entretanto, é possível apontar algumas funções de certa forma peculiares a cada
lobo. A figura acima procura ilustrar tais funções. Abaixo, elas estão descritas
em maiores detalhes:
Lobo frontal
O lobo
frontal pode ser subdividido em quatro áreas funcionais: a área motora primária, as áreas
pré-motoras e motoras suplementares,
a área de Broca e o córtex pré-frontal.
A área motora
primária constitui a maior parte do giro pré-central. Contém quase todos
os
corpos celulares dos neurônios que originam as vias motoras
descendentes, sendo ativada na iniciação dos movimentos voluntários. As
áreas pré-motoras e motoras
suplementares ocupam o restante da circunvolução pré-central, envolvendo
também
porções adjacentes dos giros frontais superior e médio. Estão também
funcionalmente relacionadas com a iniciação dos movimentos voluntários,
principalmente o planejamento. A área de Broca
corresponde às porções opercular e triangular do giro frontal inferior.
Localiza-se, preferencialmente na população, no hemisfério esquerdo.
Suas funções estão associadas à escrita e à fala. O córtex pré-frontal é
todo o restante do lobo frontal.
Essa região relaciona-se com a regulação e inibição de comportamentos e a
formação de planos e intenções. As alterações provocadas no lobo frontal
teriam
como consequência dificuldades de atenção, concentração e motivação,
aumento da
impulsividade e da desinibição, perda do autocontrole, dificuldades em
reconhecer a culpa, hipersexualidade, dificuldade em avaliar as
consequências das ações praticadas, agressividade e
aumento da sensibilidade ao álcool, bem como incapacidade de
aprendizagem com a
experiência (fonte: mapadocrime.com.sapo.pt).
Lobo parietal
Pode
ser subdividido basicamente em três áreas funcionais: a área somatossensitiva primária, uma parte especializada do lóbulo parietal inferior no hemisfério esquerdo e o restante do córtex parietal. A área da
sensibilidade primária corresponde ao giro pós-central e está relacionada com a
iniciação do processamento cortical da informação, seja ela tátil, proprioceptiva,
térmica ou dolorosa. Em conjunto com o lobo temporal, geralmente no
hemisfério esquerdo, porções do lóbulo parietal inferior estão envolvidas na
compreensão da linguagem. O restante do córtex parietal relaciona-se com a orientação
espacial, a percepção dos objetos e do próprio corpo. Indivíduos com
danos nos lobos parietais geralmente demonstram profundos déficits, tais como
anormalidades na imagem corporal e nas relações espaciais. Danos ao lobo
parietal esquerdo podem resultar na chamada Síndrome de Gerstmann.
Esta inclui confusão entre esquerda e direita, dificuldade de escrita (agrafia) e dificuldades
com o pensamento matemático (acalculia).
Também pode produzir desordens na linguagem (afasia) e inabilidade em
perceber objetos (agnosia).
Danos ao lobo parietal direito podem resultar em negligência a uma parte do
corpo ou do espaço (negligência
contralateral), a qual abala muitas das habilidades de cuidado
próprio, tais como vestir-se e banhar-se. Danos no lado direito também podem
causar dificuldades para a realização de tarefas (apraxia),
a negação de déficits (anosagnosia) e perda das habilidades para desenhar (fonte: Neuroanatomia funcional, 2ª edição, Adel
K. Afifi e Ronald A. Bergman).
Lobo temporal
O lobo
temporal, por sua vez, pode ser subdividido funcionalmente na área auditiva
primária, na área de Wernicke, porções inferiores do lobo temporal relacionadas
ao processamento da informação visual e a parte mais medial do lobo temporal,
relacionada com aprendizagem e memória. A área auditiva primária está
localizada
em parte da superfície superior do lobo temporal que se continua com uma
pequena área do giro temporal superior. A área de Wernicke, localizada
na porção
posterior também do giro temporal superior, geralmente no hemisfério
esquerdo, é importante para a compreensão da linguagem. Alguns
autores estendem esta área para o lóbulo parietal inferior e para o giro
temporal médio. Como estas áreas circundam a fissura de Sylvius são
muitas
vezes referidas como zona da linguagem perisylviana (fonte: Neuroanatomia funcional, 2ª edição, Adel K. Afifi e Ronald A. Bergman).
Lobo occipital
O lobo
occipital praticamente está todo relacionado à visão.
A área visual primária está contida nas paredes do sulco calcarino e do córtex
envolvente. A área visual de associação, envolvida com o processamento da
informação visual, está representada pelo restante do lobo occipital,
estendendo-se também para o lobo temporal, o que reflete a importância da visão
para a espécie humana (fonte: http://saude-info.info/funcao-do-lobo-occipital.html).
Lobo da ínsula
Até
pouco tempo, a ínsula era caracterizada como uma das áreas mais primitivas do
cérebro, envolvida em atividades básicas como alimentação e sexo. Recentemente,
novos estudos determinaram outras funções mais complexas. Por exemplo, na porção frontal da ínsula, experiências
sensoriais são transformadas em emoções e sentimentos, como nojo, desejo,
decepção, culpa, ressentimento, orgulho, humilhação, arrependimento, compaixão
e empatia. A ínsula está ativada quando o organismo é preparado para situações
premeditadas. Quando, por exemplo, alguém tem de sair de casa e lá
fora faz frio, ela é ativada de modo a ajustar o metabolismo para enfrentar a
situação. Além disso, a ínsula modula a resposta do organismo a estímulos
dolorosos. Curiosamente, em pacientes vítimas de fobias e de transtorno
obsessivo-compulsivo, a ínsula registra atividade intensa (fonte: neurologista
Mauro Muszkat e revista Science).
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