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quinta-feira, 1 de maio de 2014

O branco que dá em nossa mente.....





Por segundos parece que a mente apagou tudo: do que íamos pegar na geladeira à resposta da prova. O problema não está na memória, mas na falta de atenção. “É um mecanismo essencial na ativação das memórias de curto prazo e operacional, que armazenam temporariamente dados necessários para o cérebro comandar ações rápidas, como digitar no celular um número que logo vai ser esquecido”, explica Tarso Adoni, médico do Núcleo de Neurociências do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ocorre que o lobo frontal, responsável pela atenção e memórias transitórias, tem capacidade limitada de armazenamento. Só fica ali — com chances de seguir para a memória permanente conforme a relevância e utilidade — o que a atenção selecionou. O que passou batido será apagado em seguida caso não cheguem novas pistas relacionadas. Isso explica a razão de a ideia “esquecida” ser “lembrada” ao voltarmos onde estávamos antes do branco.
Esse tipo de apagão é diferente dos causados pelo álcool, que afeta memórias consolidadas, ou pela ansiedade. Neste caso, o cérebro entende o nervosismo como ameaça e se concentra em combatê-lo. Se os “brancos” afetarem a qualidade de vida, melhor procurar um médico.
 
 (Foto: Erika Onodera/Editora Globo)

Personalidade, temperamento e caráter


Elucidando um pouquinho mais.................


Recebi muitos e-mails de leitores sobre o artigo “Inibições, sintomas e ansiedade do tímido”. Muitas pessoas identificaram-se com ele. Mães, pais de tímidos e os próprios tímidos escreveram sobre o assunto. A timidez trás muito sofrimento e desencadeia muitos males. A busca por ajuda profissional, sem dúvida, fará com que essa dinâmica conflituosa possa ser amenizada e aliviada.
Mas existem problemas ainda maiores que a timidez, limitando e inibindo nossa trajetória de vida. Vale a pena dividir com alguém esse sofrimento evitando assim que se tornem maiores e com grande prejuízo envolvendo a todos.
As formas como vemos o universo, sob qual ótica e como nos colocamos diante dele é bem complexo. Como vemos as pessoas, como observamos cada ato delas?Muitas vezes distorcemos os fatos. Projetamos no outro, muito do que está dentro de nós. Muitas vezes aquela apreensão que estamos fazendo do mundo externo, não é a verdade. Não é a realidade. Nós mesmos podemos sofrer muito com o que pensamos ou em como funcionamos.
Podemos ter problemas conosco mesmos e com nossa forma de estabelecer contato com o outro. Ou simplesmente no contato com o outro. Há funcionamentos mentais em que, o simples fato de existir o outro, já nos incomoda. Para falar em funcionamentos mentais, não podemos deixar de falar em personalidade, temperamento, caráter e suas alterações. O psiquiatra Paulo Dalgalarrondo (2000), apresenta uma definição de personalidade bastante elucidativa, acho importante enfatizar para desmistificar confusões na diferenciação entre uma e outra.

Define a personalidade como um conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, incluindo todos os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais de sua formação, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de nossa existência.
A personalidade é relativamente estável ao longo da vida do indivíduo e relativamente dinâmica, sujeito às determinadas modificações, dependendo de mudanças existenciais ou alterações neurobiológicas. A estrutura de personalidade mostra-se essencialmente dinâmica, podendo ser mutável, sem ser necessariamente instável, e encontra-se em constante desenvolvimento. 


O temperamento é o conjunto de particularidades psicofisiológicas e psicológicas inatas, que diferenciam um individuo de outro. Os temperamentos são determinados por fatores genéticos ou constitucionais precoces produzidos por fatores endócrinos ou metabólicos.
Assim uns nascem passivos, outros nascem ativos, com forte tendência a iniciativa, a reagir prontamente aos estímulos ambientais e assim por diante. 


Caráter é a soma de traços de personalidade, expressas no modo básico do individuo reagir perante a vida, seu estilo pessoal, suas formas de interação social, gostos, aptidões, etc. O caráter reflete o temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e sociocultural. Enfim, é a resultante ao longo da história pessoal, da interação constante entre o temperamento e as expectativas e exigências conscientes e inconscientes dos indivíduos que criaram determinada pessoa.
O temperamento não deve ser confundido com o caráter, pois o temperamento é algo básico e constitutivo do indivíduo, 
enquanto o caráter traduz-se pelo tipo de reação predominante do indivíduo frente às diversas situações e estímulos do ambiente. Em certos casos, o caráter se desenvolve no sentido oposto do temperamento, por sobrecompensação psíquica; muitas vezes um indivíduo com caráter exibicionista e teatral esconde um temperamento tímido e fóbico, ou um caráter agressivo e audaz encobre um temperamento medroso e angustiado. 

Encontramos então uma infinidade de pessoas com infinitas formas de ser e reagir perante a vida. E também com alterações na personalidade e com estranhas formas de conduzir seu dia-a dia. Há os que são paranóides, cujas características são: desconfiança constante, sensível às decepções e críticas, rancoroso, arrogante, culpa os outros, reivindicativo, sente-se frequentemente prejudicado nas relações. Os esquizóides são frios (indiferente), distantes, sem relações íntimas, esquisitos (estranhos), vivem no seu próprio mundo, solitários (isolam-se), não se emocionam (imperturbáveis).
Impulsivos são explosivos, não contem os impulsos, imprevisível, não sabe esperar, não tolera frustrações, não faz planos para o futuro, não pensa antes de agir, não consegue refletir. Narcísicos se consideram superior, quer ser reconhecido como especial ou único, fantasias de grande sucesso pessoal, requer admiração excessiva, é frequentemente arrogante.
Borderline tem as relações pessoais muito instáveis, atos lesivos repetitivos, humor muito instável, impulsivo e explosivo, distúrbio de identidade, sentimentos intensos de vazio e aborrecimento crônico. E muito mais. O poeta Fernando Pessoa exprime de forma sumamente elegante essa dialética constante da personalidade, dialética do esconder-se e do revelar-se simultaneamente:
“O poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”.
Serviço:
Maria Angélica Amorieli Bongiovani-Psicoterapeuta de Orientação Analítica e Psicóloga Clínica
Contato: angelicabongiovani@stetnet.com.br