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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Pesquisa da USP ajuda a caracterizar diferentes tipos de autismo



Objetivo visa contribuir no diagnóstico, ao tentar diferenciar o autismo de alto funcionamento da síndrome de Asperger

Apesar de muito estudados, os transtornos do espectro autista continuam representando um desafio para a ciência, desafio este que é ainda maior para portadores e familiares, obrigados a conviver com preconceito, dificuldade de diagnóstico preciso e, por isso mesmo, falta de tratamento adequado.

No Laboratório de Visão do Instituto de Psicologia (IP) da USP, a pesquisa da psicóloga Elaine Zachi busca contribuir no campo do diagnóstico, ao verificar se é possível diferenciar o autismo de alto funcionamento da síndrome de Asperger. Para isso, é analisado o desempenho dos pacientes em testes neuropsicológicos computadorizados.

Os testes avaliam itens como atenção, memória, raciocínio, planejamento, controle do comportamento e tomada de decisão, e podem ajudar clarear o debate atual entre autores na literatura científica.

Tratamento

A importância da diferenciação dos transtornos é que isto proporcionará mais precisão no encaminhamento dos pacientes, e também melhoria na elaboração de estratégias de tratamento para que eles se desenvolvam nas características em que apresentam dificuldades. " Se colocarmos todos [os pacientes] em um grupo só, podemos deixar de dar uma assistência específica para o que cada um está precisando" , explica a pesquisadora.

Os tratamentos para estes casos incluem, por exemplo, atividades educacionais em grupo, que os ajudam a lidar melhor com interações cotidianas, e terapia com animais, para que os pacientes saibam identificar sentimentos e também expressá-los.

Desde que seus portadores sejam corretamente encaminhados, o autismo de alto funcionamento e o Asperger têm uma boa perspectiva de melhora. " O prognóstico é melhor porque estes pacientes têm uma capacidade intelectual e de comunicação maior do que em outros tipos de autismo" , justifica a psicóloga Elaine Zachi.

Para a pesquisadora, mesmo que a família em geral não receba a notícia de que tem um filho autista de uma maneira muito boa, é importante que ela saiba que os portadores conseguem ter uma vida normal. " Com algumas dificuldades, sim, mas, dependendo do caso, podem ter seu trabalho, casar e serem independentes", completa.

Visão


O Laboratório de Visão, em que Elaine realiza seu pós-doutorado sob supervisão da professora Dora Ventura, é um dos locais que reúne pesquisadores dedicados à neurociência visual e à neuropsicologia no IP. A neuropsicologia é o ramo das neurociências olha para o sistema nervoso do ponto de vista do comportamento.

Nas síndromes analisadas, o estudo da percepção visual é importante, pois é uma das áreas afetadas em seus portadores. As alterações incluem a percepção de detalhes muito acurada, enquanto a de aspectos globais é dificultada - e isto pode justificar os comportamentos deles em outros aspectos. " Se a pessoa tem uma percepção mais voltada para as partes em uma figura, vai ter uma percepção melhor para o detalhe também no seu dia-a-dia. Então vai deixar de ver contextos globais nas interações com as pessoas, ter dificuldades de compreender os discursos e de se expressar" , analisa Elaine.

Em um estudo de outro autor, por exemplo, foi verificado que o portador de Asperger não teve dificuldades no teste de alternação da atenção, enquanto o autismo de alto funcionamento teve. " O que estou fazendo é pegar uma bateria mais completa, com vários testes, de atenção memória e funções executivas, e ver se, baseados nesta gama de testes, podemos traçar um perfil de cada um dos transtornos" , esclarece.


Ainda existem poucos estudos na área. As pesquisas mais numerosas do gênero foram feitas com os portadores dos tipos de autismo mais avançados. Se por um lado, o fato de ter a inteligência normal melhora o prognóstico dos pacientes com Asperger ou autismo de alto funcionamento, por outro, muitas vezes por isso a presença dos transtornos não é detectada, atrasando a inclusão em terapias. " O indivíduo chega à vida adulta sendo visto como uma pessoa estranha por quem está em volta, com uma fala mais prolixa, mais autocentrada, mas ele não tem o diagnóstico" , observa a pesquisadora.

A pesquisadora procura pacientes já diagnosticados com síndrome de Asperger ou autismo de alto funcionamento para participar da pesquisa.


Fonte: Isaúde

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