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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

5-O drama de Brian Wilson


O drama de Brian Wilson
Ascensão, queda e retorno do líder dos Beach Boys mostram a importância das funções executivas do cérebro para a criatividade.
por Brian Levine


Devido a sua imensa notoriedade, os problemas mentais logo se tornaram públicos. A mídia o tratou como maluco. E como é comum acontecer com portadores de distúrbios executivos, sua condição o deixou vulnerável à exploração. Seu próprio psicólogo, Eugene Landy, assumiu a coordenação da sua vida e da sua carreira em meados dos anos 70 e depois novamente entre 1983 a 1991. Embora Landy tenha conseguido afastá-lo das drogas e ajudá-lo a emagrecer, ele criou uma relação perniciosa de dependência com o paciente: prescrevia drogas psicotrópicas, agia como conselheiro de negócios e tentava colaborar com o artista até mesmo na composição e na interpretação das canções. O psicólogo acabou sendo processado pela familía de Wilson em 1990. Antes disso, porém, havia perdido a licença para exercer a profissão no estado da Califórnia, depois de admitir ter administrado drogas a Wilson de forma ilegal.

Ao longo da década de 90, ele passou por tratamentos mais convencionais, com medicamentos e psicoterapia. Nesse período, estabeleceu um relação estável com Melinda, sua segunda mulher. Em entrevista a Larry King, o casal revelou o diagnóstico: transtorno esquizoafetivo - uma combinação de sintomas da fase ativa da esquizofrenia (delírios, alucinações, discurso desorganizado) alternados por períodos de depressão.

Com o apoio da mulher e dos colegas, Wilson voltou a aparecer publicamente, gravar discos e tocar sozinho ou acompanhado por outros músicos, como o antigo guitarrista dos Beach Boys Jeff Foskett.

Os avanços no tratamento do transtorno esquizoafetivo contribuíram muito para o retorno de Wilson. Depois de mais de 30 anos, ele decidiu finalizar Smile, que havia sido considerado um dos melhores álbuns não-lançados da música contemporânea. Felizmente, a disfunção executiva não compromete diretamente a memória ou as habilidades musicais adquiridas. Afeta apenas a capacidade de empregá-las de modo flexível, particularmente em situações não-estruturadas, nas quais não há respostas claras do que é certo ou errado, exatamente como na criação de disco.

Lançado em 2004, Smile foi aclamado pela crítica e pelo fãs do mundo todo. O sucesso é atribuído à qualidade do material original e à direção e ao apoio dos que o ajudaram a juntar as peças - pessoas que forneceram uma "prótese" para seus lobos frontais comprometidos. Segundo Timothy White, da revista Billboard, Wilson reconheceu essa necessidade já em 1976, quando disse numa sessão de gravação: "Alguma coisa aconteceu com a minha concentração. Não sei exatamente o que, mas por alguma razão ela está mais fraca. Perdi a capacidade de me concentrar o suficiente para seguir até o fim".

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