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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

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domingo, 21 de outubro de 2012

O cérebro de um psicopata é diferente do das pessoas normais ?

Em qual nível de psicopatia a personagem "Carminha" se encaixa?




      A personagem apresenta sinais do transtorno da personalidade antissocial. A psicopatia, em geral, em muitos casos é associada a crimes brutais, porém as principais características de alguém que tem o distúrbio são a incapacidade de internalizar regras sociais, ausência de remorso, falta de empatia e um raciocínio extremamente particular, em que qualquer atitude justifica a realização de um desejo. Na vida real, há pessoas que usam o amor  de alguém para conseguir o que querem: status, dinheiro, vingança e até afeto.
        Psiquiatras afirmam que o psicopata nasce com uma predisposição genética, para a manifestação desse comportamento de insensibilidade afetiva, sendo manifestada ao longo da vida. Os psicopatas são 4% da população e que não há cura para eles, porém as manifestações podem ser diminuídas, controladas. E que existem três níveis de psicopatas:
- o leve, que concentra os reconhecidos golpes 171 (estelionato ou fraude) e atinge uma pessoa;
- o moderado, que aplica o mesmo golpe, mas em um campo social maior (como o superfaturamento na compra de remédios para o sistema de saúde pública) e acaba prejudicando milhares de pessoas;
- o grave, o assassino para quem não basta matar, tem que haver atos de crueldade. Porém, esse último tipo é mais raro.
Em qual nível de psicopatia a personagem "Carminha" se encaixa?
Fonte: UOL

Para saber mais...

O cérebro de um psicopata é diferente do das pessoas normais ?

   Psicopatas não tem não emoção. A área do cérebro conhecida como Sistema Límbico, é a central das nossas emoções, mas nos psicopatas, ela está quase que totalmente desativada.
    Em pessoa normais, o sistema límbico, trabalha junto com o lobo frontal, este por sua vez responsável pela razão. Os dois atuando juntos, fazem o equilíbrio entre a razão e emoção nos seres humanos. No caso dos psicopatas, além do sistema límbico não funcionar, o lobo frontal funciona de forma acima do normal, isso os faz pessoas 100% razão e 0% emoção.
    Devido ao seu grau de inteligência elevado, eles aprendem rapidamente a simular emoções, mas, não passa de uma simulação. Para eles, palavras como amor e caderno, causam exatamente a mesma reação. Eles têm capacidade de fingir estar sentindo… embora, jamais saberão do que se tratam sentimentos reais.


Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem



RESUMO: Este artigo apresenta como proposta refletir sobre a Neuropsicopedagogia e suas perspectivas para o ensino aprendizagem. Será feito um breve relato do histórico da Neurociência, sua relação com a Neuropsicopedagogia e o trabalho do neuropsicopedagogo. O embasamento teórico se dará através de livros e artigos científicos visando à boa qualidade bibliográfica, bem como uma pesquisa de campo, qualitativa, investigando do conhecimento ou não da Neuropsicopedagogia no contexto educativo. As considerações finais irão contemplar um comparativo entre os referenciais teóricos e a pesquisa de campo.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação. Neurociências. Neuropsicopedagogia.
INTRODUÇÃO
 Novo século, novas mudanças, novos desafios, não se pode olhar mais a educação com uma perspectiva de educação inclusiva, pois ela já está inserida neste contexto. Nossos olhares devem se voltar em como atender melhor a todos os indivíduos dentro do ambiente escolar, através de práticas de ensino que melhor se adequam a cada um. Ter a clareza que os conteúdos são comuns a todos, mas a metodologia de trabalho deve estar pautada em práticas que contemplem o indivíduo como seres únicos, capazes de aprender independente de suas limitações.
A educação, mesmo que num primeiro olhar não pareça, sempre está ligada a mudanças, a reorganizações, a reaprendizagens, a novos olhares. Na mesma proporção que o mundo vem se transformando, a educação também se encontra em constantes buscas. Os cursos voltados à área educacional têm significativos avanços; profissionais da área buscam, na medida do possível, constantes atualizações. A educação continuada destes indivíduos cada vez mais tem se intensificando, pois não basta apenas ter o conhecimento, se faz necessário profissionais que saibam interagir com o mesmo.
Um dos grandes referenciais da mudança educacional da última década, não traz nenhum nome de teórico específico, mas sim, está pautado nos avanços neurocientíficos, representados pela palavra “Neurociências”, que conforme Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência nova, tendo em torno de 150 anos, mas que a partir da década de 90 alcançou um maior auge e vem proporcionando mudanças significativas na forma de perceber o funcionamento cerebral. Estes avanços ocorreram devido a neuroimagem, ou seja, o imageamento do cérebro. As contribuições provindas das Neurociências despertaram interesse de vários seguimentos e entre estes a Educação, no sentido da maior compreensão de como se processa a aprendizagem em cada indivíduo.
Para maior entendimento deste processo, se faz necessário que os profissionais envolvidos tenham bem claro que as ações comportamentais de seus educandos provêm de atividades cerebrais dinâmicas e que os conhecimentos das neurociências contribuem para que sejam elaboradas atividades que desenvolvam tais funções. Dentro dessa abordagem, se procurará mostrar o que é Neurociências, suas possíveis contribuições para a área educacional, bem como a contextualização da Neuropsicopedagogia e sua relação com o processo ensino-aprendizagem.
1. Neurociências
Imagem: BEAR, 2008
Entender o funcionamento cerebral faz parte de um processo que vem de longas datas. Há cerca de 7.000 anos já havia indícios de trepanações, processo pelo qual as pessoas faziam orifícios no crânio de outras. Bear (2008) menciona que estes crânios não apresentavam sinais de cura, então esse procedimento era realizado em sujeitos vivos e não era considerado um ritual de morte, pois em alguns casos os indivíduos sobreviviam. Não havia registro do motivo destas cirurgias, mas existem especulações que tal procedimento poderia ter sido utilizado para tratar dores de cabeça ou transtornos mentais.

Durante séculos muitos estudos foram realizados para entender o funcionamento do cérebro, entretanto nomes tais como dos frenologistas[1] Franz Joseph Gall e J. G Spurzheim (entre 1810 e 1819) e o neurologista John Hughlings  Jackson, fizeram significativos avanços proporcionando que Paul Broca e Carl Wernicke chegassem as localizações da área de Broca e de Wernicke. Cabe ressaltar que as descobertas de Broca ocorreram em 1861 e as de Wernicke em 1876, e ambos tiveram seus estudos pautados em pacientes lecionados e vivos, onde Gazzaniga (2006, p.23) enfatiza a importância destas descobertas, pois na atualidade isso já não é mais novidade para profissionais voltados às áreas neurocientíficas, mas
... há pouco mais de 100 anos, as descobertas de Broca e Wernicke fizeram “tremer a Terra”. Filósofos, médicos e os primeiros psicólogos assumiram um ponto de partida fundamental: doenças focais causam déficits específicos. Naquela época, os investigadores eram limitados em sua habilidade para identificar as lesões dos pacientes. Os médicos podiam observar o local do dano – por exemplo, uma lesão penetrante provocada por uma bala -, mas eles tinham que esperar o paciente morrer para determinar o local da lesão. A morte podia levar meses ou anos, e, em alguns casos, geralmente não era possível realizar a observação: o médico perdia contato com o paciente após sua recuperação, e, quando este finalmente morria, o médico não era informado e assim não podia examinar o encéfalo e correlacionar a lesão cerebral com os déficits de comportamento da pessoa.
Porém, o entendimento maior se deu através dos estudos de Luria. Alexander Romanovich Luria (1901–1978), durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu estudos com indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou cada paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no comportamento, tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do comportamento. Estes estudos, de certa forma simbolizaram um elo entre a psicologia e a neurociência, denominada neuropsicologia.
Através disso Luria constatou que o cérebro humano é composto por três unidades funcionais básicas, sendo estas, necessárias para qualquer tipo de atividade mental.

 A primeira unidade funcional é responsável para regular o tônus cortical, a vigília e os estados mentais e é composta pela formação reticular e pelo tronco encefálico.
 A segunda unidade funcional, que é responsável por receber, processar e armazenar as informações, que se compõe das partes posteriores do cérebro (lobo parietal, occipital e temporal).
  A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a atividade mental, constituindo-se pelas partes anteriores do cérebro (lobo frontal).
Dessa forma, evidenciando as importantes contribuições de Luria no processo ensino aprendizagem Tabaquim (2003, p. 91) destaca que:
O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca pela compreensão dos processor de aprendizagem e seus distúrbios, é necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo), integração (processamento da informação) e output (expressão da resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem.
Assim como cada ser humano tem impressões digitais diferentes, também possui sinapses cerebrais diferentes, pois cada um tem suas vivências, o seu aprender do mundo e com o mundo. E nesse sentido Ventura (2010, p.123), ao retratar sobre a neurociência e comportamento no Brasil, enfatiza que a mesma possui uma importante interface com a Psicologia e a define do seguinte modo:
A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração, homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção, reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da neurociência.
Faz-se necessário destacar que a neurociência pode ajudar muito a todos indivíduos, mas especialmente aqueles com transtornos, síndromes e dificuldades de aprendizagem uma vez que se tem o entendimento da plasticidade cerebral, da busca de novos caminhos para o aprender, das múltiplas inteligências propostas por Gardner.
2. Neuropsicopedagogia
Entender a conexão cérebro x aprendizagem, proposta a partir do conhecimento da Neurociência, apresenta-se como um dos assuntos mais procurados e um dos grandes desafios educativos. Entretanto, considerando que a neurociência é uma ciência nova, pode-se dizer que: a interface cérebro x aprendizagem necessita de muito investimento científico, mas são profissionais das mais diversas áreas que tem voltado seus estudos para este enfoque. Conforme estudos de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 205), demonstraram que:
...enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar vários aspectos da neurociência (como animais incluindo humanos, aprendem), apenas uns poucos estudos neurocientíficos tentaram explicar como os humanos deveriam ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou ‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco anos, a maioria documentou a aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las.”
Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento é a Neuropsicopedagogia. Sua primeira descrição no campo científico se deu através de Jennifer Delgado Suárez, no artigo intitulado “Desmistificacion de la neuropsicopedagogía” onde apresentou uma composição histórica da trajetória neuropsicopedagógica e ressaltou sua importância para o contexto educativo.
FERNANDEZ (2010) aponta para três pontos elucidativos da Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º Psicologia e 3º Neuropsicologia. Educação no intuito de promover a instrução, o treinamento e a educação dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos psicológicos do indivíduo. E, finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do cérebro trino, sendo que aqui oportunizou a teoria das múltiplas inteligências, propostas por Gardner.
Conforme as autoras colombianas, a Neuropsicopedagogia traz importantes contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em sua totalidade. Mas, afinal do que se trata a Neuropsicopedagogia? Para Hennemann (2012, p.11) a mesma apresenta-se:
... como um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem. 
Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a possiblidade de entender como se processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma desmistificar a ideia de que a aprendizagem não ocorre para alguns; na verdade sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto para uns ela vem acompanhada de muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento do indivíduo.
Dentro desta linha de pensamento as contribuições de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 204), podem ser consideradas de significativa importância e utilizadas como elementos importantes nas intervenções neuropsicopedagógicas, que são elas:
a)         Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que quando não têm motivação; b) stress impacta aprendizado; c) ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado; d) estados depressivos podem impedir aprendizado; e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como ameaçador ou não-ameaçador; f) as faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e. intenções boas ou más); g) feedback é importante para o aprendizado; h) emoções têm papel-chave no aprendizado; i) movimento pode potencializar as oportunidades de aprendizado; k) nutrição impacta o aprendizado; l) sono impacta consolidação de memória; m) estilos de aprendizado (preferencias cognitivas) são devidas à estrutura única do cérebro de cada indivíduo; n) diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas diferentes inteligências dos alunos.
Segundo as considerações acima é possível afirmar que o ato de aprender é um ato complexo, não envolve somente a questão de memorizar os conteúdos, é muito mais do que isso; aprender envolve emoção, interação, alimentação, descanso, motivação entre outros.
O espaço educativo deve estar aberto para novos profissionais que venham a somatizar a equipe multidisciplinar que atendem o educando, por isso neuropsicopedagogos além de ter uma visão de como ocorre a aprendizagem do educando, também possuem vistas para a metodologia de ensino do professor, pautados nos estudos descritos acima, possuem competência para orientar de que forma a aprendizagem pode se tornar mais significativa tanto na metodologia do professor quanto no processo de aprendizagem do aluno.
Também, cabe aqui ressaltar, o enunciado feito por Hennemann (2012, p.11) descrevendo as práticas neuropsicopedagógicas, atribuídas a estes profissionais...
O grande avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro Sul Brasileiro de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto educacional os profissionais da Neuropsicologia Clínica são capacitados para:
• Compreender o papel do cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços da escola, cuja eficiência científica é comprovada pela literatura, que potencializarão o processo de aprendizagem.
• Intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo.
• Adquirir clareza política e pedagógica sobre as questões educacionais e capacidade de interferir no estabelecimento de novas alternativas neuropsicopedagógicas e encaminhamentos no processo educativo.
• Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem e sujeitos em risco social.
O neuropsicopedagogo, profissional que está em constantes buscas de conhecimentos a cerca dos transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o indivíduo possa estar relacionado, terá ter condições de identificar nos indivíduos tais sintomalogias, procurar identificar quais competências e habilidades que tais indivíduos possuem, e propor uma intervenção neuropsicopedagógica, que com certeza se fará acompanhada junto aos familiares, professores e equipe pedagógica e demais profissionais que se fazem presentes na vida destes indivíduos.
3. Pesquisa neuropsicopedagógica
Como abordado anteriormente tanto a Neurociência quanto a Neuropsicopedagogia ainda são terminologias em que o campo educacional está presente, mas se faz necessário maior divulgação e compreensão destas áreas. Em pesquisa feita, através de dispositivos da web, objetivando abordar profissionais que tivessem algum conhecimento a cerca da Neurociência, envolvendo nove questões, cinco objetivas e quatro subjetivas, procurou-se investigar qual o entendimento que os profissionais estão tendo a cerca do assunto. Quinze profissionais responderam ao questionário, porém, através da análise das respostas, pode-se perceber a seriedade e o comprometimento dos mesmos neste processo educativo.
Uma das perguntas iniciais foi a idade dos participantes, sendo que o maior índice (figura 1) estava na faixa etária dos 41 aos 50 anos.
  


A segunda questão perguntando sobre sexo do entrevistado, os profissionais femininos mostraram-se mais participativos, o que pode ser observado no gráfico (figura 2):
A profissão que maior teve destaque na terceira questão foi professor, porém os psicopedagogos também tiveram um número bastante significativo (figura 3).
  
 Na questão envolvendo o grau de instrução dos entrevistados o que mais apareceu foram profissionais pós-graduados (figura 4).
 Na quinta e última pergunta objetiva, todos demonstraram ter conhecimento sobre Neurociências (figura 5).
           
 Numa breve análise desta primeira etapa pode se constatar que no universo educativo, ainda existe a predominância feminina; contudo, também se pode afirmar que através dos dados obtidos, os profissionais tem buscado sua qualificação continuada, pois comparando o gráfico da idade com o gráfico do grau de instrução, pode se perceber que: os profissionais não têm restringindo seus estudos somente na graduação, mas sim, buscando novas etapas de estudos.
As próximas questões, pautadas na subjetividade, se fez necessário extrair as respostas que tiveram maiores semelhanças. Portanto, quando questionados sobre a maior contribuição que as Neurociências trouxeram para a Educação, o que mais predominou foi a questão da aprendizagem, da plasticidade, o entendimento dos mecanismos neurais que levam o indivíduo à aprendizagem. Sendo assim, será feito o relato de algumas respostas que venham a comprovar esta predominância...
“As neurociências podem contribuir muito para a compreensão dos processos de aprendizagem e não aprendizagem dos educandos, auxiliando o professor nas intervenções e metodologias de trabalho mais efetivas. Agem que possibilitem atender às diferenças para educar na diversidade”.
"Revelar a importância do conhecimento das bases neurobiológicas da aprendizagem, objetivando a construção de práticas pedagógicas mais consistentes e assertivas, pautadas em evidências científicas, visando à promoção da aprendizagem.”
“Apesar, de se tratar de conhecimentos científicos recentes, a neurociências contribui para o entendimento dos profissionais de educação, que todos os indivíduos são capazes de se desenvolverem e que há estratégias específicas possibilitando a plasticidade cerebral e assim alcançando resultados positivos nos processos de aprendizagem, que também nos apresenta novas visões em seu entendimento. Além do mais, a neurociência também contribui nas questões referentes às políticas de inclusão, favorecendo a socialização dos portadores de atenção diferenciada. Possibilitando profissionais mais capacitados e atualizados nas instituições de ensino. Objetivando a aprendizagem de todos, visando mais oportunidades de igualdade nos bancos escolares.”
Perguntados sobre sua opinião em qual o diferencial de um professor que tem o conhecimento de Neurociências, as repostas mostraram-se novamente correlacionadas enfocando o aspecto do modo de aprendizagem do aluno. Que o professor com esse conhecimento é capaz de...
“O professor com conhecimento de neurociências é mais consciente em relação às limitações e potencialidades dos alunos e sabe como aproveitá-las de modo positivo.”
“Ser capaz de correlacionar os objetivos de formação educacional com os mecanismos neurobiológicos envolvidos na aquisição de conhecimento, de forma a facilitar e persistência da informação transmitida.”
“O professor que começa a ter conhecimento da neurociência faz um diferencial, pois começa a perceber que é preciso “ensinar o indivíduo a aprender a aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar, a aprender a se comunicar, e não apenas reproduzir e memorizar informações, mas, sim, desenvolver competências de resolução de problemas”. Com as informações adquiridas sobre o funcionamento do cérebro a aprendizagem será mais eficaz."
Quando questionados sobre a Neuropsicopedagogia, os quinze entrevistados relataram ter conhecimentos sobre a mesma, sendo que se fará menção as seguintes contribuições:
“Já ouvi falar, mas não com uma definição formal. Pela formação da palavra concluo que seja uma abordagem neurológica aplicada à aprendizagem, e como essa é um processo que tem a participação de processos psicológicos e da pedagogia envolvida no ensino-estimulação, daí explica-se o porquê do psicopedagógico. Já vi que essa abordagem associa os conhecimentos de neurologia com os estudos de psicologia do desenvolvimento (Piaget, Vygotsky, Wallon).”
“É um estudo mais avançado sobre pedagogia, psicopedagogia e neuro, na realidade é junção dos três. Já que a pedagogia trabalha como ensinar, a psico estuda os déficits e a neuro tudo sobre cérebro e quais soluções cabíveis a situação.”
Na última questão abordando sobre a importância de um neuropsicopedagogo no contexto educativo, pode-se afirmar a grande maioria elencou aspectos favoráveis à figura deste profissional, uma vez que esse tem o entendimento das questões pedagógicas e paralelo a isso, tem o entendimento das questões neuropsicológicas, sendo que novamente se faz destaque a algumas colocações...
"Com base em tudo que foi falado, fica clara a importância deste profissional no contexto educativo, pois o neuropsicopedagogo é um profissional que oferece um grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de aula se constituindo hoje, como um grande aliado do professor, diante deste cenário tão diverso com a qual iremos nos deparar.”
“O ideal seria tornar cada professor um neuroeducador, mas se tiver em cada escola um neuropsicopedagogo já seria muito bom. O ensino com essas novas descobertas provavelmente terão novas diretrizes. Muitas pesquisas estão em andamento sobre a neuropsicologia. Temos que ter cautela ainda sobre tudo que aparece sobre essas questões. Até chegar as pesquisas sobre a neuropsicopedagogia (descobertas ligadas as aprendizagens do cérebro no aprender) é preciso muita cautela.”
Todas as respostas do questionário poderão ser visualizadas no link descrito nas referências, sendo que aqui se procurou dar um feedback daquelas que representassem as demais e compartilhassem da mesma estrutura escritural. Também como foi mencionado incialmente, através das respostas obtidas se pode comprovar o envolvimento e a preocupação dos participantes com a qualidade educativa. O que vem a ser uma das propostas da Neuropsicopedagogia, a de proporcionar benefícios para o processo ensino-aprendizagem.
Considerações Finais
O contexto educativo deve estar pautado em formas diferentes de aprendizagem, pois já é comprovado que um único método de ensino não contempla a todos, pesquisas da área de neurociência mostram as diversas áreas ativadas nos indivíduos nos processos de aprendizagem, porém as grandes pesquisas giram em torno da área da linguagem, principalmente nos casos de dislexia, porém Rotta (2006, p.18) enfatiza que:
O avanço das neurociências, em especial da neurologia, é de suma importância para o entendimento das funções corticais superiores envolvidos no processo da aprendizagem. Sabe-se que o indivíduo aprende por meio de modificações funcionais do SNC, principalmente nas áreas da linguagem, das gnosias, das praxias, da atenção e da memória. Para que o processo de aprendizagem se estabeleça corretamente, é necessário que as interligações entre as diversas áreas corticais e delas com outros níveis do SNC sejam efetivas.
Normalmente observamos que todos comentam apenas as deficiências e as dificuldades da criança, fazendo comparações com as crianças consideradas normais. Para o trabalho neuropsicopedagógico precisamos elencar os aspectos positivos de seu comportamento e habilidades, já que todo trabalho se baseia no desenvolvimento dessas habilidades.
A neurociência, conforme dito anteriormente, ainda é uma área muito nova, principalmente no contexto educativo. Muitos são os cursos voltados a ela, mas percebe-se que no cenário educativo, as práticas neurocientíficas ainda se mostram desconhecidas e vistas com indagações por aqueles que as desconhecem. O conforto das práticas “conteúdistas” se contrapõe aos princípios da neurociência, uma vez que dentro dessa abordagem o mais importante seria a aprendizagem do educando e não ao acúmulo de conteúdos.
Por outro lado, a era da informação tem permitido que um maior número de profissionais tivesse acesso a conhecimentos ligados a neurociências, assim como tem surgido maior oferta de cursos de atualização, seja em nível de extensão ou pós-graduação que facilitam o acesso à informação. Frente a isso, ainda são poucas as pesquisas publicadas sobre o assunto neurociência x educação e quando se une a questão neurociência à questão Neuropsicopedagogia, mais restrito ainda se torna o assunto. A essência existe, mas falta a coragem dos neuropsicopedagogos de mostrarem seus trabalhos, expor suas práticas.
Também se faz interessante perceber que no contexto educativo, não somente com a vinda da inclusão, mas também com todo modo de vida contemporânea, outros aportes vieram consigo: são laudos médicos, medicações diversas, dúvidas na metodologia ensino-aprendizagem. Tudo isso, necessita de profissionais capacitados, que saibam indicar caminhos para que cada um realmente seja visto na sua essência, na sua individualidade.
A Neuropsicopedagogia ainda é um livro com muitas páginas em branco, sua importância já aparece bem nítida nos depoimentos respondidos através do questionário, mas os profissionais desta área precisam mostrar aos demais o que estão fazendo, como o estão fazendo. O livro precisa ocupar lugar no tempo e no espaço das livrarias de nosso país.


REFERÊNCIAS:


BEAR, Mark F..CONNORS, Barry W. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. 3 ed.  Porto Alegre: Artmed, 2008.

CENTRO SUL-BRASILEIRO DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO - CENSUPEG. Guia Discente e Orientações para TCC - Artigo Científico. Joinvile,[2011?]

FERNANDEZ, Ana C. G. Aportes de la  Neuropsicopedagogía  a la  pedagogia. La visión de Jennifer Delgado em: Desmistificación de la Neuropsicopedagogía. Colômbia, ASOCOPSIP, 2010. Disponível em http://licenciadospsicologiaypedagogia.blogspot.com/2010/02/aportes-de-la-neuropsicopedagogia-la.html Acesso em 15/07/2012.                                           

HENNEMANN, Ana L. Neuropsicopedagogia Clínica: Relatório de Estágio.  Novo Hamburgo: CENSUPEG, 2012.

___________. Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem. Questionário feito na web. Disponível em https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Ajdvj5rzWfcSdDRBWTRfTU5Pcy12b25oVDk2WjBmLVE#gid=0  Acesso em 07/09/2012.

HERCULANO-HOUZEL, Suzana. O cérebro nosso de cada dia: descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2004.

GAZZANIGA, Michel S.; IVRY, Richard B.; MANGUN, George R. Neurociência Cognitiva. A Biologia da Mente. 2 ed. Trad. Angelica Rosat Consiglio et all. Porto Alegre: Artmed, 2006.

ROTTA, Newra T. OHLWEILER, Lygia. RIESGO, Rudimar dos Santos . Transtorno de Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

TABAQUIM, Maria L. M. Avaliação Neuropsicológica nos Distúrbios de Aprendizagem. In  Distúrbio de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. Org. Sylvia Maria Ciasca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

Tozoni-Reis, Marília Freitas de Campos. Metodologia da Pesquisa. Curitiba: IESDE S. A., 2008.

VENTURA, Dora F. Um Retrato da Área de Neurociência e Comportamento no Brasil. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2012, Vol 26 nº especial. Brasília: Universidade de São Paulo, 2010. Disponível online em http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a11v26ns.pdf  Acesso em 06/09/2012.

ZARO, Milton A…[et all]. Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para agregar valor à pesquisa educacional. Revista Eletrônica Ciências & Cognição, Vol 15, 2010. Disponível online em http://www.cienciasecognicao.org acesso em 15.08.2012.



[1] Frenologia é o estudo da estrutura do crânio de modo a determinar o carácter das pessoas e a sua capacidade mental. Esta pseudociência  baseia-se na falsa assunção de que as faculdades mentais estão localizadas em "órgãos" cerebrais na superfície deste que podem ser detectados por inspeção visual do crânio. O físico vienense Franz-Joseph Gall (1758-1828) afirmou existirem 26 "órgãos" na superfície do cérebro que afetam o contorno do crânio, incluindo um "órgão da morte" presente em assassinos. Gall era advogado do principio "use-o ou deixe-o". Os órgãos do cérebro que eram usados tornavam-se maiores e os não usados encolhiam, fazendo o crânio subir ou descer com o desenvolvimento do órgão. Estes altos e baixos refletiam, de acordo com Gall, áreas especificas do cérebro que determinam as funções emocionais e intelectuais de uma pessoa. Gall chamou a este estudo "cranioscopia." (in:http://skepdic.com/brazil/frenologia.html)

como a neurociência está invadindo as salas de aula




A neurociência é o estudo do sistema nervoso. Ele contempla diversas áreas como a medicina, química, biologia, matemática, engenharia, linguística, entre outras. Com tantas ciências envolvidas, é no mínimo um desafio pensar como as pesquisas de laboratório podem estar presentes em sala de aula. Porém, como os exemplos a seguir deixam claro, o relacionamento entre a educação e as pesquisas é uma realidade que tem aprimorado cada vez mais o processo de aprendizagem e ensino.
Confira nove exemplos de como a neurociência está invadindo as salas de aula:
Como a neurociência está ajudando a educação: 1. Ensino cognitivo
Mesmo em estágio inicial, o ensino cognitivo já mostra sinais de que é um dos resultados mais promissores da relação entre a neurociência e a educação. O ensino cognitivo é extensamente pesquisado na Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, onde os programas de álgebra desenvolvidos pelos pesquisadores já ajudaram os alunos a aumentarem seus rendimentos em matemática.




Como a neurociência está ajudando a educação: 2. Horário das aulas
Pesquisas no ramo da neurociência revelaram que os padrões de sono das pessoas mudam de forma significativa enquanto elas envelhecem. Além disso, os estudos mostram que os adolescentes necessitam de mais descanso que outras faixas etárias e que suas capacidades cognitivas são muito menores no início da manhã. Esses resultados já provocaram diversas mudanças, inclusive na alteração dos horários de início das aulas para estudantes do ensino médio. Apenas 30 minutos de diferença causam um enorme impacto no humor e atenção dos jovens.

Como a neurociência está ajudando a educação: 3. Variedade no aprendizado
Muitas pessoas acreditam que a repetição é melhor maneira de aprender e reter conteúdos, mas pesquisas recentes mostram que os estudantes aprendem mais quando suas aulas são espaçadas em horários diferentes, ao invés de concentradas em um único episódio. Os resultados desses estudos têm sido colocados na prática por professores que apresentam as informações de maneiras diferenciadas, pedindo aos alunos que resolvam problemas usando múltiplos métodos e não memorizando apenas uma maneira de solucioná-los.


Como a neurociência está ajudando a educação: 4. Aprendizado personalizado
A anatomia de nossos cérebros pode ser similar, mas a maneira como cada um aprende não é. Sabemos isso por experiência pessoal, mas a neurociência começa a demonstrar cientificamente. Ferramentas de ensino são desenvolvidas para que adaptem às necessidades individuais de cada um e professores procuram encorajar maneiras personalizadas que os alunos podem usar para aprender melhor e com mais eficiência.


Como a neurociência está ajudando a educação: 5. A perda de informações
Uma experiência vivida por muitos estudantes quando voltam das férias é a sensação de que se esqueceram de tudo que foi aprendido no semestre anterior. Pesquisas mostram que isso é realmente verdade. Os resultados revelam que, além disso, pessoas que costumam manter o hábito de exercitar seus cérebros continuamente, por exemplo, com livros mais difíceis, possuem mais conexões e variedades de ligações neurais. Como consequência, muitas escolas estão diminuindo o tempo de férias ou desenvolvendo cronogramas de atividades anuais para que os alunos reduzam o tempo que passam fora da escola e não prejudiquem sua memória e rendimento.
Como a neurociência está ajudando a educação: 6. Problemas de aprendizado
As pesquisas realizadas pela neurociência estão facilitando o processo de identificação de alunos com problemas de aprendizado, como a dislexia, e ajudando-os a identificar intervenções que podem melhorar seus desempenhos.






Como a neurociência está ajudando a educação: 7. Diversão em sala de aula
É cada vez maior a evidência de que a diversão é uma experiência muito positiva para o aprendizado. Isso acontece porque experiências satisfatórias fazem com que o corpo libere dopamina, ajudando o cérebro a se lembrar dos fatos com mais agilidade. Um ótimo exemplo de como isso funciona é o Khan Academy, um portal de aprendizado online que desafio os alunos a completarem desafios e tarefas para que ganhem distintivos.


Como a neurociência está ajudando a educação: 8. A importância do estudo em grupos
O estudo em grupos é extremamente eficiente para o desempenho acadêmico. Uma pesquisa realizada em 2011 pela neurologista Judy Willis mostrou que estudantes que trabalham em grupos experimentam um aumenta na liberação de dopamina, ajudando os alunos a lembrar mais das informações em longo prazo. A pesquisadora descobriu que, além disso, aprender em grupos pode reduzir a ansiedade dos estudantes.
Como a neurociência está ajudando a educação: 9. Neuroeducação
Se você nunca ouviu falar da neuroeducação, então é hora de se atualizar. Atualmente, no Brasil, já possuímos até mesmo pós-graduação nessa área. Por meio da prática é realmente possível mudar a forma como nosso cérebro é estruturado, acrescentando mais conexões cerebrais e mudar os padrões neurais por meio da neuroplasticidade permitida pelos nossos neurônios.

Texto extraído de Universia Brasil

domingo, 14 de outubro de 2012

Somos aquilo que recordamos e também... o que esquecemos


CNPQ   
 Somos aquilo que recordamos e também... o que esquecemos.


       O neurocientista Iván Izquierdo, ganhador do Prêmio Almirante Álvaro Alberto do CNPq, afirma que excesso de informações e ruídos da nossa sociedade vem afetando a saúde mental.

     Por quê precisamos inibir ou esquecer certas lembranças para poder viver bem? Nossa capacidade de armazenar memórias é saturável ou não? E por quê muitas vezes temos dificuldade de lembrar coisas consideradas importantes, mas memorizamos com certa facilidade piadas, banalidades e músicas que nem gostaríamos de lembrar? Decidido a desvendar estes e outros tantos mistérios da biologia da memória, o neurologista Iván Izquierdo, reconhecido como um dos maiores pesquisadores do mundo nesta área, vem desenvolvendo há mais de 45 anos, estudos científicos com o intuito de entender como funcionam os mecanismos deste complexo labirinto da memória.

     Sabe-se que a memória é uma intrigante faculdade mental que nos permite registrar, armazenar e manipular as informações obtidas através de experiências vividas. Geralmente esta nos remete ao "passado", pois tudo que faz parte da memória já ocorreu, porém a memória também compõe o nosso presente, pois é com esta capacidade que interagimos com o mundo e com os outros. Sem esta função nós não iríamos identificar nada, ou melhor, não teríamos sequer noção de identidade, já que para saber o que somos é preciso saber o que fomos.


Esquecer para viver

    Para o especialista Iván Antônio Izquierdo, coordenador do Centro de Pesquisas da Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a memória é tão imprescindível ao homem quanto o esquecimento de certos dados, fatos ou acontecimentos. Em seu livro "A Arte de Esquecer", o pesquisador pontua ser necessário "apagar" algumas lembranças para nosso bem estar.

    "De fato, é preciso esquecer, ou pelo menos manter longe da evocação certas lembranças que nos perturbam, como aquelas de medos, humilhações, desencantos amorosos e outros maus momentos. Já pensou se nos lembrássemos de todos os nossos fracassos? Passaríamos metade da vida nos remoendo. Para nossa paz de espírito, por meio de um mecanismo de autoproteção, o cérebro simplesmente inibe determinadas memórias, um fenômeno que os psicanalistas chamam de repressão. E isso ocorre o tempo todo, mesmo sem percebermos", afirma.

   O cérebro humano, apesar de ser fantástico processa e armazena informações de forma limitada. Para reter novos dados a mente precisa de intervalos de descanso e também deixar de lado memórias supérfluas. Seria incrível caso nos lembrássemos de cada palavra, som, gesto, imagem, cheiro ou cada sensação que passa ao longo das nossas vidas, porém nosso cérebro não consegue armazenar tantos dados assim.

    Para Izquierdo, a arte de esquecer é um dos fenômenos mais importantes da memória, já que possibilita a mente abrir novas janelas para abarcar mais informações. "Se nos lembrássemos de tudo, não teríamos como lembrar ou aprender coisas novas, já que existem memórias que nos impedem de adquirir outras novas ou lembrar de outras antigas, mais importantes, por isso é preciso que a mente elimine lembranças consideradas desnecessárias ou reprimir algumas delas", afirma.

     O pesquisador pontua ainda a importância dos intervalos de descanso da mente para recompor a capacidade de absorção do conhecimento. "Sabe-se que o ser humano apresenta oscilações em sua capacidade de atenção, cujas ondas duram aproximadamente noventa minutos. Logo após absorver um certo número de informações consecutivas, dependendo da densidade, precisamos de um descanso para metabolizar tais dados", ressalta.

Emoção e suas marcas

   Todo mundo se lembra do que estava fazendo quando morreu Ayrton Senna, mas porque será que ninguém se lembra do que fazia algumas horas antes do ocorrido? Provavelmente as pessoas se recordam do momento porque se emocionaram com o infeliz fato, mas não se lembram do que fizeram horas antes da morte, pois estas lembranças não tocaram seus sentimentos. O neurocientista explica que isto ocorre, pois a memória fixa muito melhor emoções do que fatos, já que as vias nervosas são extraordinariamente reguladas por emoções e sentimentos.

    "A emoção é acompanhada pela descarga de dopamina e de noradrenalina em certos lugares do cérebro, que se incorporam na memória. Então, toda a vez que, por algum motivo, essas substâncias forem liberadas e se mantiverem no cérebro, a tendência é lembrar de coisas que apreendemos sob a influência delas". Segundo ele, é por este motivo que memorizamos com maior facilidade assuntos que gostamos, recordações que mexem com as nossas emoções, ou mesmo besteiras que nos chocam. "Uma besteira apreendida sob emoção será melhor lembrada que uma genialidade apreendida com indiferença", declara Izquierdo.

Mundo esquizofrênico

  Por mais que a memória humana seja muito ampla e resistente, o especialista afirma que a nossa memória atualmente trabalha no limite, principalmente por causa do excesso de informações e ruídos da nossa sociedade. "Há 90 anos, o fundador da Neurociência moderna, Santiago Ramon y Cajal já se queixava que o excesso de estímulos e de informação tornava a vida difícil e em pouco tempo a tornariam impossível, pelas rádios a galena, os carros, os ônibus e seu barulho, etc. Noventa anos se passaram e hoje estamos vivendo no meio da balbúrdia generalizada, somos bombardeados por informações, vindas da televisão, dos aviões, computadores, ipod, ipad e outras coisas mil. Até agora não chegamos ao limite do que nossa memória de trabalho pode suportar, porém já percebemos que todo este ruído vem afetando e muito nossa saúde mental", diz.

    Em seu livro "Silêncio, por Favor", Izquierdo defende a necessidade de escapar muitas vezes deste ambiente cheio de ruídos para conseguir pensar e articular-se com profundidade. "O ruído não é só auditivo, é visual, linguístico e multisensorial. O ruído não nos deixa distinguir os sinais que realmente nos interessam e por isso nos incomoda. Afirmo que não são os estímulos em si que nos perturbam, pois os humanos estão ai para receber, analisar, filtrar e guardar informações, o problema é que estamos construindo um mundo no qual o principal hoje é o ruído e não os sinais".


   Para ele, as pessoas vêm absorvendo desenfreadamente tantos códigos, valores, ícones e imagens que acabam por não conseguir pensar com profundidade em quase nada, o que atrapalha paralelamente a memorização, a percepção e a sensibilidade. Nesse sentido, Izquierdo afirma que é preciso selecionar os sinais em meio a tantos ruídos, que só poluem nossa mente. "Temos que discriminar informação de ruído, separar o joio do trigo, tanto para evitarmos absorver coisas que não valem a pena ser evocadas, saturando o cérebro de mediocridades, como também obtermos mais qualidade de vida, já que teremos mais tempo para fazer o que realmente importa, como, por exemplo, amar, pensar, ser nós mesmos", finaliza.

    Autor de 11 obras e mais de 600 artigos científicos sobre a biologia da memória, Izquierdo foi agraciado este ano com a mais importante honraria em ciência e tecnologia do Brasil, o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia. Médico e pesquisador argentino, Izquierdo obteve nacionalidade brasileira em 1981, e fez grandes descobertas, como os principais mecanismos moleculares da formação, evocação, persistência e extinção das memórias, a dependência de estado endógena, a separação funcional entre as memórias de curta duração e longa duração.