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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

4-O drama de Brian Wilson


O drama de Brian Wilson
Ascensão, queda e retorno do líder dos Beach Boys mostram a importância das funções executivas do cérebro para a criatividade.
por Brian Levine


Como alguém pôde ser capaz de tamanha façanha, que envolve concentração e percepção, enquanto sofria de uma doença mental grave? Os sintomas psicóticos não são estáticos - eles vão e voltam. É provável que sua produtividade fosse maior na fase de remissão dos sintomas, quando novas associações criativas podiam ser manipuladas e integradas de forma coerente por seus poderes musicais e executivos.

Ocaso criativo
A exuberância criativa de Wilson logo deu lugar à gravidade de sua doença mental progressiva. O equilíbrio entre inspiração e capacidade cognitiva foi finalmente rompido em 1967, quando ele e o letrista Van Dyke Parks montavam o álbum Smile.

Seus lapsos cognitivos diziam respeito ao monitoramento de resultados - função executiva que permite ao indivíduo comparar suas ações com suas intenções, monitorar e corrigir erros e idéias ruins. Em Pet Sounds, ele havia aproveitado com maestria idéias musicais incomuns, como buzinas de bicicleta, para invocar temas da infância perdida. Já em Smile, os resultados foram bizarros: durante a gravação de Mrs. O'Leary's cow, seu piano foi colocado num tanque de areia e os músicos tiveram de usar capacete de bombeiro. Mas por ser tido como gênio, as pessoas geralmente perdoavam suas excentricidades, em vez de considerá-las sintomas graves. A gravação original de Pet Sounds revela mais uma falha de monitoramento: a mixagem final não eliminou ruídos de conversas no estúdio - algo inaceitável para seu grau de perfeccionismo.

Entre depressão e psicose
Depois de finalizar os elementos de Smile, Wilson simplesmente não sabia o que fazer para reuni-los, e Parks deixou o projeto. Pressionado pela Capitol Records, emocionalmente frágil e sem apoio dos parceiros, ele abandonou Smile em meados de 1967. Naquele verão, Jimi Hendrix literalmente tocou os sinos que anunciavam a morte da surf music no Festival Pop de Monterey.

Intercalada por surtos de depressão suicida e psicose, a saúde mental de Wilson deteriorou-se progressivamente. Seu consumo habitual de drogas, que já poderia ser uma tentativa de autotratamento dos sintomas (algo comum em pacientes psicóticos), intensificou-se. Houve alguns surtos de criatividade, que nunca se equipararam, em amplitude e complexidade, ao seu trabalho anterior. Dificuldades para assumir o papel de pai e problemas com a esposa finalmente resultaram na separação em 1978. Nos início dos anos 80, ele chegou a pesar 136 quilos e passou 2 anos e meio deitado numa cama. Entre períodos de hospitalização e desintoxicação, o tratamento psiquiátrico sofreu muitas interrupções.

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