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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

PROCRASTINAÇÃO



Precisa fazer algo e vai adiando, acredita que tem tempo de sobra, mas...o tempo vai passando...e aí...
   Procrastinação é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está procrastinando, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com suas responsabilidades e compromissos. Embora a procrastinação seja considerada normal, ela se torna um problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação crônica pode ser um sinal de alguma desordem psicológica ou fisiológica.
 
    A procrastinação assume perfis diversos. O procrastinador por criação de problema adia as tarefas para mais tarde porque acha que terá mais tempo. O procrastinador comportamental até faz listas e planos, mas não segue nada do que foi planejado. E o procrastinador retardatário faz várias coisas antes de cumprir uma tarefa determinada anteriormente.
 
 
Há como tratar a procrastinação?

    Uma dica excelente para o tratamento da procrastinação é dar a nós mesmos prazos mais curtos. Marcar na agenda um prazo menor daquele que foi estipulado. Assumir um compromisso público com alguém que vai fazer até o dia tal. Criar pressão em si mesmo.
    Outro truque é estabelecer horários do dia para se dedicar a tal atividade, ou seja, intercalá-la com prazer. Por exemplo, você pode definir que vai trabalhar por apenas 30 minutos no projeto e depois, terá 30 minutos de descanso para fazer o que mais gosta. Seria como dar uma recompensa a si mesmo.
   Porém, aqui, é importante, não enganar a si mesmo. Assim, a recompensa ficará mais gostosa e o truque começará a dar resultados no seu cérebro: ele estará continuamente associando o fato de você cumprir a obrigação a uma recompensa prazerosa no final. Tente!
    Mas se já tentou tudo isso, e não obteve resultado, a solução é procurar um profissional adequado e descobrir porque você não está dando valor a situações necessárias à sua vida, pois  para ter uma boa chance de dominar a procrastinação, você deve reconhecer imediatamente que você está sendo vítima dela. Então, se faz necessário identificar porque está procrastinando, para poder tomar as ações necessárias e superar este bloqueio.
 fonte
 
 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 13 de janeiro de 2013

Evolução e comportamento: aspectos adaptativos da depressão e da ansiedade




por Bruna Pedrozo Festa, Diogo Chaves Borges Campos, Jackeline Forbat Araujo, Neuza
 
 Maximiano de Pinho
 
 
O estudo das consequências do processo de seleção natural sobre as adaptações da espécie humana, levando em consideração a sua história evolutiva e as alterações advindas para a saúde e doença, caracteriza a medicina evolucionária ou darwiniana. A forma como comportamentos sociais atuais podem ter surgido devido a processos genéticos adaptativos e de estratégias comportamentais de defesa e proteção é o ponto central de estudo deste artigo.
As teorias evolucionárias podem ser aplicadas na área médica segundo duas vertentes de ideias: a teoria da descendência, pela reconstrução das histórias evolutivas, ou a análise das consequências da seleção natural, adaptações, vulnerabilidades e restrições. Uma vez os transtornos tendo ocorrido e se repetido, levantam-se questões a respeito dos motivos por não terem sido eliminados, o grau de vulnerabilidade humana a eles e a resposta fisiológica às patologias, ou seja, defesas adaptativas desenvolvidas ao longo da evolução.
O organismo evoluiu em condições diferentes das atuais e muitas patologias que hoje atingem níveis epidêmicos não ocorrem por acaso. O genoma e os fenótipos foram selecionados para ambientes paleolíticos diferentes dos atuais e a evolução cultural se tornou rápida se comparada aos ajustes genéticos, o que causou um desajuste entre a forma de vida paleolítica e a contemporânea, levando ao desenvolvimento das doenças da civilização. Os mecanismos de defesa biopsicossociais contra perigos e ameaças foram fundamentais para a sobrevivência e os transtornos mais frequentes, como os de ansiedade e depressão se relacionam com medos e estratégias adaptativas ancestrais.
As estratégias vantajosas advindas de padrões fisiológicos básicos persistiram, podendo-se então considerar que certas síndromes psiquiátricas atuais resultam de mecanismos adaptativos e estratégicos para se lidar com as mudanças da vida, sendo seu exagero e aparecimento em contextos inapropriados considerados patológicos (Cartwirigt HJ, 2001).
Manter-se em estado de vigilância e alerta a sinais de ameaça pode ter sido causa de uma enorme pressão seletiva. Para nossos ancestrais o papel adaptativo capaz de gerar melhor capacidade na detecção de uma ameaça específica foi fundamental para sobrevivência. As ameaças contemporâneas mais temíveis para o ser humano se encontram nas armas, veículos motorizados, acidentes e intoxicações. Contudo, pelos doentes fóbicos, esse medo se estende a espaços confinados, alturas, escuro e até mesmo a contextos interpessoais.
Provas suficientes já estão disponíveis para aceitar o conceito de que o cérebro reconhece as citocinas como sinais moleculares de doença. Entender a forma como o cérebro processa a informação gerada pelo sistema imunológico inato, acompanha uma elucidação progressiva celular e molecular formada por componentes do sistema que medeiam o “comportamento de doença” (sickness behavior) induzido por citocinas.
Melancolia-por Edvard Munch
Sickness Behavior consiste em um conjunto de sintomas comportamentais não específicos, como retraimento social, anorexia, anedonia, anergia, que aparece em indivíduos com doença aguda, acompanhando os sintomas somáticos de febre, dores no corpo, fadiga, etc. Este comportamento, que guarda semelhança com sintomas depressivos, é uma resposta adaptativa do organismo esculpida para facilitar o seu restabelecimento, uma resposta cerebral temporária aos sinais do sistema imunológico, que visa a conservação de energia do organismo durante o curso do “combate imunológico”, permitindo aos indivíduos doentes lidar melhor com uma infecção, ou inflamação aguda (Hart BL, 1988). O sickness behavior é desencadeado pelas citocinas pró-inflamatórias produzidas por células ativadas do sistema imune inato após contato com patógenos específicos associados a padrões moleculares (PAMPs). Estas citocinas incluem principalmente o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e as interleucinas (IL-1α, IL-1β, IL-6), para as quais os neurônios, a micróglia e os astrócitos têm receptores específicos.
O sickness behavior é um processo auto-limitado, citocinas anti-inflamatórias regulam a sua intensidade e duração, provavelmente por inibição da produção e por diminuição da sinalização de citocinas pró-inflamatórias.
O cérebro também traduz estresse psicossocial em ativação imunológica. A perturbação depressiva advém de uma resposta adaptativa, no contexto da competição por um mesmo objetivo, a exemplo das lutas por alimentos, parceiro, território ou posição social. Com a derrota ou subordinação forçada, inicia-se um processo inibitório interno levando o indivíduo a cessar a atitude competitiva, perder energia, ter humor depressivo, perturbações do sono, perder o apetite, tornar-se lento e manter sentimentos de insegurança, caracterizando o estado depressivo. A função dessa adaptação seria impedir que o derrotado sofresse mais prejuízos além de sua perda e assim fosse preservada a estabilidade social do grupo. (Carvalho S, et al., 2007).
Fear (http://www.thyroidcancercanada.org/creative-and-humour.php?lang=en)
Entretanto, no ambiente moderno, de alta competitividade e exigência, o stress psicossocial deixa de ser uma situação de exceção. Ainda que conscientemente não haja percepção de perigo, o cérebro envia constantemente sinais, desencadeando a resposta de “luta ou fuga”.
Interações neuroimunes levam a: disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (hipercortisolemia e densidade reduzida do receptor de glicocorticóide), ativação da enzima degradante triptofano-indolamina-2,3-dioxigenase-que gera metabólitos potencialmente neurotóxicos derivados de quinurenina, tais como 3-hidroxi-quinurenina e ácido quinolínico-, disfunção da neurogênese (por exemplo, apoptose neural e diminuição da produção de fatores neurotróficos), disfunção em neurocircuitos, envolvendo os gânglios da base e córtex cingulado anterior e disfunção neuroimune sistêmica (por exemplo, diminuição da proliferação, aumento da taxa de apoptose e função diminuída das células T) (Capuron et al, 2007; Dantzer et al, 2011).
Tanto o estresse prolongado como possivelmente episódios recidivantes de depressão e ansiedade exercem importante efeito sobre a plasticidade neuronal. A liberação de adrenalina e de glicocorticoides endógenos (como o cortisol) após o estresse pode causar dano neuronal, principalmente no córtex pré-frontal e no hipocampo. Episódios depressivos graves, recidivantes e de longa duração foram associados à redução do volume do hipocampo (Thome J, Eisch A, 2005).
Deste modo, a mesma resposta adaptativa neuroendocrinoimunológica, conservada durante milênios para situações esporádicas e de curta duração, torna-se contínua e com isso mal adaptativa e geradora das doenças do homem contemporâneo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
01-Arteni,N.S.; Alexandre Neto,C. Neuroplasticidade. In: Kapczinski, F;Quevedo, J.;Izquierdo,I. Bases biológicas dos transtornos psiquiátricos. Porto Alegre: Artmed,2004.
02- Capuron, L., Pagnoni, G., Demetrashvili, M.F., Lawson, D.H., Fornwalt, F.B., Woolwine, B., Berns, G.S., Nemeroff, C.B., and Miller, A.H. (2007). Basal ganglia hypermetabolism and symptoms of fatigue during interferon-alpha therapy. Neuropsychopharmacology : official publication of the American College of Neuropsychopharmacology 32, 2384-2392.
03-Cartwirigt HJ. Evolutionary Exploration of Human Behaviour. New York: Routledge modular psychology, Taylor & Francis Group 2001. 
04 – Carvalho S, Pinto-Gouveia J, Pimentel P, Maia D: Mediation of depression by entrapment perception: through an evolutionary exploration (abst). World Congress of Behavioural and Cognitive Therapies, Barcelona 2007.
05-Dantzer, R., O’Connor, J.C., Lawson, M.A., and Kelley, K.W. (2011). Inflammation-associated depression: from serotonin to kynurenine. Psychoneuroendocrinology 36, 426-436.
06 – Hart BL. Biological basis of the behavior of sick animals. Neurosci Biobehav Rev 1988;12:123–137.
07- Plotkin, H. – Evolution in Mind : An Introduction to Evolutionary Psychology. Harmondsworth : Allen Lane, 1997.
08 -Sperber, D. –  Explaining Cultura: A Naturalistic Approach. Oxford : Blackwell, 1996. 
09-Thome,J.;Eisch,A.Neuroneogenese: Relevanz für Pathofisiologie und Pharmakotherapie psychiatrisher Erkrankungen. Der Nervenarzt, v. 76, p. 11-19, 200

Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem

Ana Lúcia Hennemann / Outubro_2012

RESUMO: Este artigo apresenta como proposta refletir sobre a Neuropsicopedagogia e suas perspectivas para o ensino aprendizagem. Será feito um breve relato do histórico da Neurociência, sua relação com a Neuropsicopedagogia e o trabalho do neuropsicopedagogo. O embasamento teórico se dará através de livros e artigos científicos visando à boa qualidade bibliográfica, bem como uma pesquisa de campo, qualitativa, investigando do conhecimento ou não da Neuropsicopedagogia no contexto educativo. As considerações finais irão contemplar um comparativo entre os referenciais teóricos e a pesquisa de campo.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação. Neurociências. Neuropsicopedagogia.
INTRODUÇÃO
 Novo século, novas mudanças, novos desafios, não se pode olhar mais a educação com uma perspectiva de educação inclusiva, pois ela já está inserida neste contexto. Nossos olhares devem se voltar em como atender melhor a todos os indivíduos dentro do ambiente escolar, através de práticas de ensino que melhor se adequam a cada um. Ter a clareza que os conteúdos são comuns a todos, mas a metodologia de trabalho deve estar pautada em práticas que contemplem o indivíduo como seres únicos, capazes de aprender independente de suas limitações.
A educação, mesmo que num primeiro olhar não pareça, sempre está ligada a mudanças, a reorganizações, a reaprendizagens, a novos olhares. Na mesma proporção que o mundo vem se transformando, a educação também se encontra em constantes buscas. Os cursos voltados à área educacional têm significativos avanços; profissionais da área buscam, na medida do possível, constantes atualizações. A educação continuada destes indivíduos cada vez mais tem se intensificando, pois não basta apenas ter o conhecimento, se faz necessário profissionais que saibam interagir com o mesmo.
Um dos grandes referenciais da mudança educacional da última década, não traz nenhum nome de teórico específico, mas sim, está pautado nos avanços neurocientíficos, representados pela palavra “Neurociências”, que conforme Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência nova, tendo em torno de 150 anos, mas que a partir da década de 90 alcançou um maior auge e vem proporcionando mudanças significativas na forma de perceber o funcionamento cerebral. Estes avanços ocorreram devido a neuroimagem, ou seja, o imageamento do cérebro. As contribuições provindas das Neurociências despertaram interesse de vários seguimentos e entre estes a Educação, no sentido da maior compreensão de como se processa a aprendizagem em cada indivíduo.
Para maior entendimento deste processo, se faz necessário que os profissionais envolvidos tenham bem claro que as ações comportamentais de seus educandos provêm de atividades cerebrais dinâmicas e que os conhecimentos das neurociências contribuem para que sejam elaboradas atividades que desenvolvam tais funções. Dentro dessa abordagem, se procurará mostrar o que é Neurociências, suas possíveis contribuições para a área educacional, bem como a contextualização da Neuropsicopedagogia e sua relação com o processo ensino-aprendizagem.
1. Neurociências
Imagem: BEAR, 2008
Entender o funcionamento cerebral faz parte de um processo que vem de longas datas. Há cerca de 7.000 anos já havia indícios de trepanações, processo pelo qual as pessoas faziam orifícios no crânio de outras. Bear (2008) menciona que estes crânios não apresentavam sinais de cura, então esse procedimento era realizado em sujeitos vivos e não era considerado um ritual de morte, pois em alguns casos os indivíduos sobreviviam. Não havia registro do motivo destas cirurgias, mas existem especulações que tal procedimento poderia ter sido utilizado para tratar dores de cabeça ou transtornos mentais.

Durante séculos muitos estudos foram realizados para entender o funcionamento do cérebro, entretanto nomes tais como dos frenologistas[1] Franz Joseph Gall e J. G Spurzheim (entre 1810 e 1819) e o neurologista John Hughlings  Jackson, fizeram significativos avanços proporcionando que Paul Broca e Carl Wernicke chegassem as localizações da área de Broca e de Wernicke. Cabe ressaltar que as descobertas de Broca ocorreram em 1861 e as de Wernicke em 1876, e ambos tiveram seus estudos pautados em pacientes lecionados e vivos, onde Gazzaniga (2006, p.23) enfatiza a importância destas descobertas, pois na atualidade isso já não é mais novidade para profissionais voltados às áreas neurocientíficas, mas
... há pouco mais de 100 anos, as descobertas de Broca e Wernicke fizeram “tremer a Terra”. Filósofos, médicos e os primeiros psicólogos assumiram um ponto de partida fundamental: doenças focais causam déficits específicos. Naquela época, os investigadores eram limitados em sua habilidade para identificar as lesões dos pacientes. Os médicos podiam observar o local do dano – por exemplo, uma lesão penetrante provocada por uma bala -, mas eles tinham que esperar o paciente morrer para determinar o local da lesão. A morte podia levar meses ou anos, e, em alguns casos, geralmente não era possível realizar a observação: o médico perdia contato com o paciente após sua recuperação, e, quando este finalmente morria, o médico não era informado e assim não podia examinar o encéfalo e correlacionar a lesão cerebral com os déficits de comportamento da pessoa.
Porém, o entendimento maior se deu através dos estudos de Luria. Alexander Romanovich Luria (1901–1978), durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu estudos com indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou cada paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no comportamento, tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do comportamento. Estes estudos, de certa forma simbolizaram um elo entre a psicologia e a neurociência, denominada neuropsicologia.
Através disso Luria constatou que o cérebro humano é composto por três unidades funcionais básicas, sendo estas, necessárias para qualquer tipo de atividade mental.

 A primeira unidade funcional é responsável para regular o tônus cortical, a vigília e os estados mentais e é composta pela formação reticular e pelo tronco encefálico.
 A segunda unidade funcional, que é responsável por receber, processar e armazenar as informações, que se compõe das partes posteriores do cérebro (lobo parietal, occipital e temporal).
  A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a atividade mental, constituindo-se pelas partes anteriores do cérebro (lobo frontal).
Dessa forma, evidenciando as importantes contribuições de Luria no processo ensino aprendizagem Tabaquim (2003, p. 91) destaca que:
O cérebro é o órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca pela compreensão dos processor de aprendizagem e seus distúrbios, é necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as manifestações são, em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em áreas de input (recepção do estímulo), integração (processamento da informação) e output (expressão da resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem.
Assim como cada ser humano tem impressões digitais diferentes, também possui sinapses cerebrais diferentes, pois cada um tem suas vivências, o seu aprender do mundo e com o mundo. E nesse sentido Ventura (2010, p.123), ao retratar sobre a neurociência e comportamento no Brasil, enfatiza que a mesma possui uma importante interface com a Psicologia e a define do seguinte modo:
A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração, homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção, reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da neurociência.
Faz-se necessário destacar que a neurociência pode ajudar muito a todos indivíduos, mas especialmente aqueles com transtornos, síndromes e dificuldades de aprendizagem uma vez que se tem o entendimento da plasticidade cerebral, da busca de novos caminhos para o aprender, das múltiplas inteligências propostas por Gardner.
2. Neuropsicopedagogia
Entender a conexão cérebro x aprendizagem, proposta a partir do conhecimento da Neurociência, apresenta-se como um dos assuntos mais procurados e um dos grandes desafios educativos. Entretanto, considerando que a neurociência é uma ciência nova, pode-se dizer que: a interface cérebro x aprendizagem necessita de muito investimento científico, mas são profissionais das mais diversas áreas que tem voltado seus estudos para este enfoque. Conforme estudos de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 205), demonstraram que:
...enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar vários aspectos da neurociência (como animais incluindo humanos, aprendem), apenas uns poucos estudos neurocientíficos tentaram explicar como os humanos deveriam ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou ‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco anos, a maioria documentou a aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las.”
Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento é a Neuropsicopedagogia. Sua primeira descrição no campo científico se deu através de Jennifer Delgado Suárez, no artigo intitulado “Desmistificacion de la neuropsicopedagogía” onde apresentou uma composição histórica da trajetória neuropsicopedagógica e ressaltou sua importância para o contexto educativo.
FERNANDEZ (2010) aponta para três pontos elucidativos da Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º Psicologia e 3º Neuropsicologia. Educação no intuito de promover a instrução, o treinamento e a educação dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos psicológicos do indivíduo. E, finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do cérebro trino, sendo que aqui oportunizou a teoria das múltiplas inteligências, propostas por Gardner.
Conforme as autoras colombianas, a Neuropsicopedagogia traz importantes contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em sua totalidade. Mas, afinal do que se trata a Neuropsicopedagogia? Para Hennemann (2012, p.11) a mesma apresenta-se:
... como um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem. 
Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a possiblidade de entender como se processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma desmistificar a ideia de que a aprendizagem não ocorre para alguns; na verdade sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto para uns ela vem acompanhada de muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento do indivíduo.
Dentro desta linha de pensamento as contribuições de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 204), podem ser consideradas de significativa importância e utilizadas como elementos importantes nas intervenções neuropsicopedagógicas, que são elas:
a)         Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que quando não têm motivação; b) stress impacta aprendizado; c) ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado; d) estados depressivos podem impedir aprendizado; e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como ameaçador ou não-ameaçador; f) as faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e. intenções boas ou más); g) feedback é importante para o aprendizado; h) emoções têm papel-chave no aprendizado; i) movimento pode potencializar as oportunidades de aprendizado; k) nutrição impacta o aprendizado; l) sono impacta consolidação de memória; m) estilos de aprendizado (preferencias cognitivas) são devidas à estrutura única do cérebro de cada indivíduo; n) diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas diferentes inteligências dos alunos.
Segundo as considerações acima é possível afirmar que o ato de aprender é um ato complexo, não envolve somente a questão de memorizar os conteúdos, é muito mais do que isso; aprender envolve emoção, interação, alimentação, descanso, motivação entre outros.
O espaço educativo deve estar aberto para novos profissionais que venham a somatizar a equipe multidisciplinar que atendem o educando, por isso neuropsicopedagogos além de ter uma visão de como ocorre a aprendizagem do educando, também possuem vistas para a metodologia de ensino do professor, pautados nos estudos descritos acima, possuem competência para orientar de que forma a aprendizagem pode se tornar mais significativa tanto na metodologia do professor quanto no processo de aprendizagem do aluno.
Também, cabe aqui ressaltar, o enunciado feito por Hennemann (2012, p.11) descrevendo as práticas neuropsicopedagógicas, atribuídas a estes profissionais...
O grande avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro Sul Brasileiro de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto educacional os profissionais da Neuropsicologia Clínica são capacitados para:
• Compreender o papel do cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços da escola, cuja eficiência científica é comprovada pela literatura, que potencializarão o processo de aprendizagem.
• Intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo.
• Adquirir clareza política e pedagógica sobre as questões educacionais e capacidade de interferir no estabelecimento de novas alternativas neuropsicopedagógicas e encaminhamentos no processo educativo.
• Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem e sujeitos em risco social.
O neuropsicopedagogo, profissional que está em constantes buscas de conhecimentos a cerca dos transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o indivíduo possa estar relacionado, terá ter condições de identificar nos indivíduos tais sintomalogias, procurar identificar quais competências e habilidades que tais indivíduos possuem, e propor uma intervenção neuropsicopedagógica, que com certeza se fará acompanhada junto aos familiares, professores e equipe pedagógica e demais profissionais que se fazem presentes na vida destes indivíduos.
3. Pesquisa neuropsicopedagógica
Como abordado anteriormente tanto a Neurociência quanto a Neuropsicopedagogia ainda são terminologias em que o campo educacional está presente, mas se faz necessário maior divulgação e compreensão destas áreas. Em pesquisa feita, através de dispositivos da web, objetivando abordar profissionais que tivessem algum conhecimento a cerca da Neurociência, envolvendo nove questões, cinco objetivas e quatro subjetivas, procurou-se investigar qual o entendimento que os profissionais estão tendo a cerca do assunto. Quinze profissionais responderam ao questionário, porém, através da análise das respostas, pode-se perceber a seriedade e o comprometimento dos mesmos neste processo educativo.
Uma das perguntas iniciais foi a idade dos participantes, sendo que o maior índice (figura 1) estava na faixa etária dos 41 aos 50 anos.
  


A segunda questão perguntando sobre sexo do entrevistado, os profissionais femininos mostraram-se mais participativos, o que pode ser observado no gráfico (figura 2):
A profissão que maior teve destaque na terceira questão foi professor, porém os psicopedagogos também tiveram um número bastante significativo (figura 3).
  
 Na questão envolvendo o grau de instrução dos entrevistados o que mais apareceu foram profissionais pós-graduados (figura 4).
 Na quinta e última pergunta objetiva, todos demonstraram ter conhecimento sobre Neurociências (figura 5).
           
 Numa breve análise desta primeira etapa pode se constatar que no universo educativo, ainda existe a predominância feminina; contudo, também se pode afirmar que através dos dados obtidos, os profissionais tem buscado sua qualificação continuada, pois comparando o gráfico da idade com o gráfico do grau de instrução, pode se perceber que: os profissionais não têm restringindo seus estudos somente na graduação, mas sim, buscando novas etapas de estudos.
As próximas questões, pautadas na subjetividade, se fez necessário extrair as respostas que tiveram maiores semelhanças. Portanto, quando questionados sobre a maior contribuição que as Neurociências trouxeram para a Educação, o que mais predominou foi a questão da aprendizagem, da plasticidade, o entendimento dos mecanismos neurais que levam o indivíduo à aprendizagem. Sendo assim, será feito o relato de algumas respostas que venham a comprovar esta predominância...
“As neurociências podem contribuir muito para a compreensão dos processos de aprendizagem e não aprendizagem dos educandos, auxiliando o professor nas intervenções e metodologias de trabalho mais efetivas. Agem que possibilitem atender às diferenças para educar na diversidade”.
"Revelar a importância do conhecimento das bases neurobiológicas da aprendizagem, objetivando a construção de práticas pedagógicas mais consistentes e assertivas, pautadas em evidências científicas, visando à promoção da aprendizagem.”
“Apesar, de se tratar de conhecimentos científicos recentes, a neurociências contribui para o entendimento dos profissionais de educação, que todos os indivíduos são capazes de se desenvolverem e que há estratégias específicas possibilitando a plasticidade cerebral e assim alcançando resultados positivos nos processos de aprendizagem, que também nos apresenta novas visões em seu entendimento. Além do mais, a neurociência também contribui nas questões referentes às políticas de inclusão, favorecendo a socialização dos portadores de atenção diferenciada. Possibilitando profissionais mais capacitados e atualizados nas instituições de ensino. Objetivando a aprendizagem de todos, visando mais oportunidades de igualdade nos bancos escolares.”
Perguntados sobre sua opinião em qual o diferencial de um professor que tem o conhecimento de Neurociências, as repostas mostraram-se novamente correlacionadas enfocando o aspecto do modo de aprendizagem do aluno. Que o professor com esse conhecimento é capaz de...
“O professor com conhecimento de neurociências é mais consciente em relação às limitações e potencialidades dos alunos e sabe como aproveitá-las de modo positivo.”
“Ser capaz de correlacionar os objetivos de formação educacional com os mecanismos neurobiológicos envolvidos na aquisição de conhecimento, de forma a facilitar e persistência da informação transmitida.”
“O professor que começa a ter conhecimento da neurociência faz um diferencial, pois começa a perceber que é preciso “ensinar o indivíduo a aprender a aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar, a aprender a se comunicar, e não apenas reproduzir e memorizar informações, mas, sim, desenvolver competências de resolução de problemas”. Com as informações adquiridas sobre o funcionamento do cérebro a aprendizagem será mais eficaz."
Quando questionados sobre a Neuropsicopedagogia, os quinze entrevistados relataram ter conhecimentos sobre a mesma, sendo que se fará menção as seguintes contribuições:
“Já ouvi falar, mas não com uma definição formal. Pela formação da palavra concluo que seja uma abordagem neurológica aplicada à aprendizagem, e como essa é um processo que tem a participação de processos psicológicos e da pedagogia envolvida no ensino-estimulação, daí explica-se o porquê do psicopedagógico. Já vi que essa abordagem associa os conhecimentos de neurologia com os estudos de psicologia do desenvolvimento (Piaget, Vygotsky, Wallon).”
“É um estudo mais avançado sobre pedagogia, psicopedagogia e neuro, na realidade é junção dos três. Já que a pedagogia trabalha como ensinar, a psico estuda os déficits e a neuro tudo sobre cérebro e quais soluções cabíveis a situação.”
Na última questão abordando sobre a importância de um neuropsicopedagogo no contexto educativo, pode-se afirmar a grande maioria elencou aspectos favoráveis à figura deste profissional, uma vez que esse tem o entendimento das questões pedagógicas e paralelo a isso, tem o entendimento das questões neuropsicológicas, sendo que novamente se faz destaque a algumas colocações...
"Com base em tudo que foi falado, fica clara a importância deste profissional no contexto educativo, pois o neuropsicopedagogo é um profissional que oferece um grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de aula se constituindo hoje, como um grande aliado do professor, diante deste cenário tão diverso com a qual iremos nos deparar.”
“O ideal seria tornar cada professor um neuroeducador, mas se tiver em cada escola um neuropsicopedagogo já seria muito bom. O ensino com essas novas descobertas provavelmente terão novas diretrizes. Muitas pesquisas estão em andamento sobre a neuropsicologia. Temos que ter cautela ainda sobre tudo que aparece sobre essas questões. Até chegar as pesquisas sobre a neuropsicopedagogia (descobertas ligadas as aprendizagens do cérebro no aprender) é preciso muita cautela.”
Todas as respostas do questionário poderão ser visualizadas no link descrito nas referências, sendo que aqui se procurou dar um feedback daquelas que representassem as demais e compartilhassem da mesma estrutura escritural. Também como foi mencionado incialmente, através das respostas obtidas se pode comprovar o envolvimento e a preocupação dos participantes com a qualidade educativa. O que vem a ser uma das propostas da Neuropsicopedagogia, a de proporcionar benefícios para o processo ensino-aprendizagem.
Considerações Finais
O contexto educativo deve estar pautado em formas diferentes de aprendizagem, pois já é comprovado que um único método de ensino não contempla a todos, pesquisas da área de neurociência mostram as diversas áreas ativadas nos indivíduos nos processos de aprendizagem, porém as grandes pesquisas giram em torno da área da linguagem, principalmente nos casos de dislexia, porém Rotta (2006, p.18) enfatiza que:
O avanço das neurociências, em especial da neurologia, é de suma importância para o entendimento das funções corticais superiores envolvidos no processo da aprendizagem. Sabe-se que o indivíduo aprende por meio de modificações funcionais do SNC, principalmente nas áreas da linguagem, das gnosias, das praxias, da atenção e da memória. Para que o processo de aprendizagem se estabeleça corretamente, é necessário que as interligações entre as diversas áreas corticais e delas com outros níveis do SNC sejam efetivas.
Normalmente observamos que todos comentam apenas as deficiências e as dificuldades da criança, fazendo comparações com as crianças consideradas normais. Para o trabalho neuropsicopedagógico precisamos elencar os aspectos positivos de seu comportamento e habilidades, já que todo trabalho se baseia no desenvolvimento dessas habilidades.
A neurociência, conforme dito anteriormente, ainda é uma área muito nova, principalmente no contexto educativo. Muitos são os cursos voltados a ela, mas percebe-se que no cenário educativo, as práticas neurocientíficas ainda se mostram desconhecidas e vistas com indagações por aqueles que as desconhecem. O conforto das práticas “conteúdistas” se contrapõe aos princípios da neurociência, uma vez que dentro dessa abordagem o mais importante seria a aprendizagem do educando e não ao acúmulo de conteúdos.
Por outro lado, a era da informação tem permitido que um maior número de profissionais tivesse acesso a conhecimentos ligados a neurociências, assim como tem surgido maior oferta de cursos de atualização, seja em nível de extensão ou pós-graduação que facilitam o acesso à informação. Frente a isso, ainda são poucas as pesquisas publicadas sobre o assunto neurociência x educação e quando se une a questão neurociência à questão Neuropsicopedagogia, mais restrito ainda se torna o assunto. A essência existe, mas falta a coragem dos neuropsicopedagogos de mostrarem seus trabalhos, expor suas práticas.
Também se faz interessante perceber que no contexto educativo, não somente com a vinda da inclusão, mas também com todo modo de vida contemporânea, outros aportes vieram consigo: são laudos médicos, medicações diversas, dúvidas na metodologia ensino-aprendizagem. Tudo isso, necessita de profissionais capacitados, que saibam indicar caminhos para que cada um realmente seja visto na sua essência, na sua individualidade.
A Neuropsicopedagogia ainda é um livro com muitas páginas em branco, sua importância já aparece bem nítida nos depoimentos respondidos através do questionário, mas os profissionais desta área precisam mostrar aos demais o que estão fazendo, como o estão fazendo. O livro precisa ocupar lugar no tempo e no espaço das livrarias de nosso país.
REFERÊNCIAS:
BEAR, Mark F..CONNORS, Barry W. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. 3 ed.  Porto Alegre: Artmed, 2008.
CENTRO SUL-BRASILEIRO DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO - CENSUPEG. Guia Discente e Orientações para TCC - Artigo Científico. Joinvile,[2011?]
FERNANDEZ, Ana C. G. Aportes de la  Neuropsicopedagogía  a la  pedagogia. La visión de Jennifer Delgado em: Desmistificación de la Neuropsicopedagogía. Colômbia, ASOCOPSIP, 2010. Disponível em http://licenciadospsicologiaypedagogia.blogspot.com/2010/02/aportes-de-la-neuropsicopedagogia-la.html Acesso em 15/07/2012.                                           
HENNEMANN, Ana L. Neuropsicopedagogia Clínica: Relatório de Estágio.  Novo Hamburgo: CENSUPEG, 2012.
___________. Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem. Questionário feito na web. Disponível em https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Ajdvj5rzWfcSdDRBWTRfTU5Pcy12b25oVDk2WjBmLVE#gid=0  Acesso em 07/09/2012.
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. O cérebro nosso de cada dia: descobertas da neurociência sobre a vida cotidiana. Rio

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Memória e Aprendizagem



Memória e Aprendizagem


   Memória são todos os fatos, eventos, emoções e desempenhos que recordamos, sendo alguns por curtos períodos, outros para toda vida. Apesar de vivenciarmos situações juntamente com demais indivíduos que nos cerca, nossas memórias serão diferentes, pois cada um possui sua individualidade.
Nosso cérebro dispõe de múltiplos sistemas de memória, com diferentes características e envolvendo diferentes redes neuronais. Através de estudos neurocientíficos descobriu-se que a formação de novas memórias depende da plasticidade sináptica, entretanto falta ainda aprofundar de que forma realmente estes mecanismos neuronais se fazem presentes na recordação.
Izquierdo (2011) em seus estudos voltados à memória refere-se a ela como,
Aquisição, formação, conservação e evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizado ou aprendizagem: só “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido.[...] O acervo de nossas memórias faz com que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe outro idêntico. (IZQUIERDO, 2011, p. 11)
   Casos de falhas de memória são frequentes, mas na maioria das vezes são relapsos, contudo com o avançar da idade a falta de estimulação adequada e/ou surgimento de doenças neurológicas fazem com que a memória se torne mais debilitada.


 Não existe nenhuma área cerebral individual dedicada a armazenar toda a informação que aprendemos. A memória de trabalho (presente na memória de curta duração) armazena no cérebro informação consciente por um curto período de tempo. O armazenamento passivo de maior  quantidade de informação é designado memória de longa  duração.
Tipos de memória

1.   Memória Declarativa
A memória declarativa (também chamada explícita) armazena e evoca informação de fatos e de dados levados ao nosso conhecimento através dos sentidos e de processos internos do cérebro, como associação de dados, dedução e criação de ideias. Esse tipo de memória é levado ao nível consciente através de proposições verbais, imagens, sons etc.
è Episódica-  A memória declarativa inclui a memória de fatos vivenciados pela pessoa (memória episódica)
    è Semântica - De informações adquiridas pela transmissão do saber de forma escrita, visual e sonora (memória semântica).
2.   Memória Não- declarativa (implícita)
èProcedural ou de procedimentos- A memória de procedimento armazena dados relacionados à aquisição de habilidades mediante a repetição de uma atividade que segue sempre o mesmo padrão. Nela se incluem todas as habilidades motoras, sensitivas e intelectuais, bem como toda forma de condicionamento. A capacidade assim adquirida não depende da consciência. Somos capazes de executar tarefas, por vezes complexas, com nosso pensamento voltado para algo completamente diferente. Por exemplo, aprender a andar de bicicleta ou tocar um instrumento musical é um conhecimento de procedimento que depende do aprendizado de habilidades motoras especificas e normalmente requerem múltiplas repetições.
èPriming - Considera-se que a memória pode ser evocada por meio de "dicas" (fragmentos de uma imagem, a primeira palavra de uma poesia, certos gestos, odores ou sons).
èAssociativa- Empregamos a memória associativa, por exemplo, quando começamos a salivar pelo simples fato de olhar para um alimento apetitoso, por termos, em algum momento de nossa vida associado seu aspecto ou cheiro à alimentação.
è Não-associativa- Por outro lado, usamos a memória não associativa quando, sem nos darmos conta, aprendemos que um estímulo repetitivo, por exemplo, o latido de um cãozinho, não traz riscos, o que nos faz relaxar e ignorá-lo.
    Lembramos que também existem as falsas memórias...
FALSAS MEMÓRIAS - por vezes nosso cérebro estabelece memórias que são falsas na sua origem, normalmente porque um evento é interpretado de maneira errada.
Memória que se imaginou (esperou ver) e não do que de fato esteve (algo parecido e confundido);
Também podem ser criadas durante o que parece ser uma recordação (pessoa está convencida que algo aconteceu, pode reformular o evento a partir de esboços de outras memórias e então vivenciá-la como se fosse uma recordação “real”).


   No campo educativo, voltado às descobertas da Neurociência, Sprenger (2008) cita 7 passos essenciais para o ensino da memória, tornando a aprendizagem mais significativa, segunda a autora “A memória é um processo que requer repetição, e é a memória que proporciona o nosso retorno no tempo”.

Imagem extraída do livro: Memória de Marilee Sprenger


DIFICULDADES NA MEMÓRIA

Assim como existem crianças que tem dificuldades para responder ou perceber adequadamente os estímulos, existem outras que tem dificuldade para guardá-los na memória de trabalho e depois utilizar a informação. Nas estratégias utilizadas é importante considerar:

Além disso, ressaltamos disso ressaltamos as atividades propostas no quadro abaixo, procurando desenvolver a qualidade da memória e melhorar a retenção...


Também, dentro da perspectiva das propostas de GÓMEZ & TERÁN, apresentadas nos quadros anteriores, enfatizamos algumas atividades que desenvolvem a Memória Visual...

ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A QUALIDADE DA MEMÓRIA VISUAL
•        Apresentar às crianças objetos de uso comum, por exemplo, um carro, uma xícara, um lápis, etc. São apresentados a ela os objetos e pede-se a ela que abra os olhos, em seguida feche os olhos. Escondem-se os objetos, pede-se a ela que abra os olhos e os nomeie. Isto pode complicar-se progressivamente com um maior número de objetos com a idade da criança.
•        Utilizar fotos ou ilustrações de objetos familiares começando com duas ilustrações e chegando até cinco. Pede-se a ela que nomeie os objetos da esquerda para a direita, retiram-se as ilustrações e pede-se à criança que nomeie na mesma ordem.
•        O mesmo exercício anterior, porém somente apresentando as ilustrações em separado sem nomeá-las. Pede-se à criança que as memorize e ao final nomeie os objetos apresentados.
•        Apresenta-se á criança uma série de cartões com linhas verticais coloridas. A progressão cresce com um número maior de linhas verticais e de cores utilizadas. Pede-se a ela que reproduza a sequência com palitos coloridos ou de forma gráfica com as cores correspondentes. É importante mencionar que deve ter atenção à sequência correta das cores.

•        Colocar cinco objetos em fila sobre a mesa do professor. Pode-se aos alunos que retenham a ordem na qual estão posicionados os objetos. Ao entrar, a criança que estava fora tem que adivinhar qual objeto foi mudado de lugar. É importante ter em conta a idade para a quantidade de objetos que são colocados.
•        Apresentar, durante um determinado tempo, ilustrações geométricas e pedir à criança que reproduza cada cartão.
•        Apresentar ilustrações com letras. Pede-se que depois as reproduza no papel. A quantidade de letras pode ir aumentando de acordo com a idade.
•        Apresentar uma figura durante uns segundos. Mostrar a seguir uma ilustração onde a figura está representada junto a outras de categoria mais ou menos próxima. Pedir que identifique a figura observada. Podem ser utilizadas figuras geométricas, números, letras, sinais de trânsito, notas musicais, etc. A complexidade do exercício varia de acordo com as figuras utilizadas para identificação, a similaridade com outras figuras da ilustração e o tempo de exposição.
•        Pedir-lhe que desenhem ou escrevam de memória os objetos da sala de aula, o que observaram no caminho de uma sala até outra, no caminho de casa, etc.

•        Sete alunos colocam-se em frente à classe. Pede-se ao restante do grupo que os observem e memorizem seus colegas: seu penteado, como estão vestidos, etc. Depois de um minuto de observação o grupo de crianças saem da sala e mudam entre elas seus sapatos, relógios, penteados, bonés, jaquetas, etc. Em seguida voltam a entrar na sala e pede-se ao grupo que digam as mudanças que ocorreram.


 Referências Bibliográficas:
ABREU, Neander; MATTOS, Paulo. Memória. In: MALLOY-DINIZ, Leandro F. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA. Porto Alegre: Artmed, 2010.
ERNÉ, Silvio A. O exame do estado mental do paciente. In: CUNHA, Jurema Alcides. PSICODIAGNÓSTICO V. Porto Alegre: Artmed, 2000.

GÓMEZ, Ana Maria S.; TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. EQUIPE CULTURAL (trad.). Brasil: Cultural, S.A.


IZQUIERDO, Iván. Memória. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
MARSHALL, Jessica. Esquecer para lembrar. Mente e cérebro.  São Paulo: Duetto, ano XV, nº 183, abril, 2008.
PINTO, Graziela Costa. O livro do cérebro 3: memória, pensamento e consciência. São Paulo: Duetto, 2009.
PINTO, Graziela Costa. O livro do cérebro 4: envelhecimento e disfunções. São Paulo: Duetto, 2009.
SPRENGER, Marilee. Memória: Como ensinar para o aluno lembrar. São Paulo: Penso, 2008.