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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O que é Psiquismo? Algo que se desenvolve no ser humano? A que se refere?




O que é Psiquismo? Algo que se desenvolve no ser humano? A que se refere?

A raiz etimológica da palavra psicologia (do grego /psyché/ = alma) significa ciência da /alma/.

SHUTTERSTOCKO verdadeiro objeto material da Psicologia é o psiquismo e os derivativos sentimentos que advêm dele.
Do ponto de vista da Psicanálise, o psiquismo se constitui a partir da história libidinal de cada um, das marcas de prazer-desprazer realizadas a partir das relações primordiais do bebê com o outro humano. Estas marcas estabelecem, paulatinamente, uma organização psíquica, um modo de operar com as exigências do próprio corpo e do mundo.
Freud postulou duas tópicas para a abordagem do "aparelho psíquico". Na primeira, apresenta uma abordagem da topografia do psiquismo composta pelo Inconsciente, Préconsciente e pelo Consciente; já a segunda tópica refere-se à abordagem estrutural do psiquismo, que estabelece o Eu, o Supereu e o Isso (Ego, Superego e Id) como suas estruturas.
Já a psicopatologia é um discurso, um se debruçar às reflexões sobre o pathos: paixão, excesso, sofrimento. Ou seja, um discurso sobre a paixão que se manifesta no psiquismo, ou sofrimento psíquico.
Qual a diferença entre um psicótico e um neurótico? Quais os traços comportamentais característicos de cada um?
Da perspectiva psicanalítica, neurose e psicose referem-se a modos de funcionamento psíquico distintos e, algumas vezes, vistos como não excludentes, mas que contam com condições e mecanismos próprios de funcionamento. No tratamento psicanalítico, estas categorias são de interesse exclusivamente clínico, ou seja, para a consideração do encaminhamento do trabalho na transferência. Assim, não é possível reduzir a neurose e a psicose ao caráter descritivo e classificatório de suas manifestações sintomáticas ou de seus traços comportamentais, ficando tais abordagens sob interesse da Psicologia e da Psiquiatria. No campo das neuroses é possível destacar a histeria e a neurose obsessiva e no das psicoses, a paranóia e a esquizofrenia.

No pensamento freudiano, a neurose implica o recalque e suas possibilidades de simbolização e produção desde o inconsciente enquanto as psicoses designam a reconstrução inconsciente, por parte do sujeito, de uma realidade delirante ou alucinatória e diferenciase da neurose e das perversões.
Uma pessoa nunca é neurótica, ela está neurótica. Na maioria das vezes o neurótico tem plena consciência do que está passando, mas tem dificuldades para lidar com a questão e transformá-la. A neurose, portanto, é uma doença circunstancial, afetiva, emocional e da personalidade, não comprometendo a inteligência da pessoa. Portanto, quem não apresenta características neuróticas no decorrer da vida, que atire a primeira pedra.
Este é um ponto substancial de diferença sobre as questões que o psicótico apresenta ao mundo. A psicose é um estado desequilibrado de funcionamento psíquico. O aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade, variando conforme sua intensidade. Quando a pessoa acaba recriando o que é real, inventando coisas que não existem no plano de entendimento social e que só a ele faz sentido, aí está a psicose no ser humano. Por mais que ele crie esse mundo paralelo, vive simultaneamente neste mundo real.
A classificação das psicoses é encontrada no DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), e é, apropriadamente, dividida nas variedades funcional e orgânica. A maioria das psicoses agudas de causa orgânica resulta de demência, síndromes de retirada e intoxicações. A esquizofrenia e as doenças afetivas são as principais categorias de psicoses agudas funcionais. O psicótico, geralmente é impulsivo, com pensamentos desorganizados.
O que marca a sessão de psicodrama? Qual a proposta desta linha da Psicologia, quais as principais diferenças e benefícios?
Psico vem do grego psyché que significa alma; drama vem do grego dráma que quer dizer ação.

O guia principal de toda a sociodinâmica moreniana, fundamenta- se no método do role-playing ou interpretação de papéis. Os papéis psicodramáticos definiriam a emergência do potencial criativo do sujeito, e apresentam-se como designativos do mundo da fantasia e da imaginação em oposição aos papéis sociais, que definiriam a vida cotidiana e as relações sociais.
A sessão de psicodrama pode ocorrer tanto de forma individual quanto grupal. Há a participação de um ego auxiliar, além da presença do diretor ou terapeuta principal.
Ao ego auxiliar cabe a contraparte na representação dramática, ou seja, interpretar papéis ao mesmo tempo em que acompanha a seqüência das cenas. Há, no palco moreniano, duas cadeiras abertas que marcam o início da dramatização, e, fechadas, seu fim.
A sessão divide-se em três fases: aquecimento, dramatização e comentários. Na primeira fase, a do aquecimento, é quando o tema do “encontro” vai se explicitar. A segunda fase, da dramatização, conduz o indivíduo a uma expressão espontânea e criativa, que possibilite a recriação dos papéis, levando-o a situar-se de uma nova maneira frente a sua realidade concreta, o que possibilita uma reordenação ou reorganização da experiência do indivíduo. Na fase final, a dos comentários, a discussão é ampliada, de forma a marcar a relação da temática explicitada no contexto dramático com o contexto social. A espontaneidade é a expressão de uma relação de compromisso com o mundo na teoria moreniana.

"Um Encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos para colocálos no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus"
(J. L. Moreno)

Esta citação de Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama, diz muito a que veio esta linha da Psicologia. Uma sessão psicodramática começa pelo aproximar dos envolvidos ao tema com o surgimento de lembranças, histórias, vivências. Mesmo sem a disposição para compartilhar o que cada um tem a ver com aquele espaço ou questão, já há o que questionar: para que estamos aqui? Viva o conflito! Este é o lema do psicodrama: valorizar os modos de olhar o mundo, um facilitador das idéias diferentes.
Entender que seu pensamento pode ser diferente do outro e nem por isso é preciso ignorá-lo. Entender que exercemos muitos papéis durante a vida, ou melhor, durante um dia; somos ao mesmo tempo pais, profissionais, amantes, filhos... O que cada papel diz de quem eu sou? Onde preciso relaxar mais? Potencializar mais? Estas são algumas questões para refletir. Vamos conflitar?

Colaboraram nas respostas desta edição as psicanalistas Karin de Paula Slemenson, Paula Mantovani e a sociopsicodramista Vanessa Labigalini

Optogenética As novas sondagens do cérebro




Optogenética
As novas sondagens do cérebro
A Optogenética permite identificar com precisão circuitos cerebrais em funcionamento, o que permite superar algumas dificuldades técnicas e metodológicas da neuroimagem e da eletrofisiologia de neurônios individuais

Por João de Fernandes Teixeira



O cérebro é o órgão mais complexo do corpo humano. Ele contém bilhões de neurônios e os contatos entre eles, as sinapses, atingem um número próximo ao de partículas existentes no universo. Os neurônios estão organizados em circuitos microscópicos que, ao se combinarem, formam redes ou sistemas.
Observar o cérebro em funcionamento é um desa o que só recentemente a Neurociência está conseguindo enfrentar. Antes da invenção de tecnologias modernas, a única maneira de estudar o cérebro humano era correlacionar disfunções cognitivas com alterações no tecido cerebral. Essas correlações só eram de nitivamente con rmadas após a morte dos pacientes, quando seus cérebros podiam, então, ser dissecados.
Esse cenário começou a mudar a partir da segunda metade do século XX com o desenvolvimento de novas tecnologias de sondagem do cérebro. Uma delas é a eletrofisiologia do neurônio, que se baseia no estudo das propriedades eletrofisiológicas dos neurônios através da inserção de microelétrodos que detectam variações elétricas em suas membranas. Essas variações elétricas são amplificadas, o que torna possível identificá-las e correlacioná-las com comportamentos e atividades cognitivas. Essa técnica tem várias restrições: é invasiva e o conhecimento que ela nos fornece sobre o cérebro é momentâneo e pontual, o que dificulta a detecção do papel das redes neurais e do contexto no qual as variações elétricas ocorrem.
A segunda e mais importante técnica de observação do cérebro vivo é a neuroimagem, que pode ser obtida pelo PET (Positron Emission Tomography) e pelo fMRI (Functional Magnetic Resonance Imaging). A neuroimagem causou uma revolução sem precedentes na história da Neurociência.
As imagens obtidas pelo PET ou pelo fMRI detectam a atividade neural através das variações metabólicas que ocorrem no cérebro. Eventos neurais aumentam o afluxo sanguíneo pela concentração de oxigênio ou de glicose. A partir dessas variações metabólicas, é possível derivar imagens da atividade do cérebro que são correlacionadas com comportamentos e atividades cognitivas.
Nos últimos anos, imagens do cérebro obtidas por PET ou por fMRI se tornaram populares na mídia que, com muito exagero, as tem divulgado como se elas fossem fotografias do pensamento. Contudo, a PET e a fMRI ainda não atingiram a resolução espacial e temporal desejada pelos neurocientistas. Quando se localizam eventos no cérebro usando essas técnicas, ocorre a identificação de regiões cúbicas entre 2 e 5 milímetros, nas quais há centenas de milhares de células. Contudo, seu grau de especialização ou diferenciação pode não ser captado pela neuroimagem. A fMRI não permite refinar a busca por correlatos neurais específicos de percepções, lembranças ou intenções. Ele só nos proporciona a identificação de recortes amplos da atividade cerebral.

Observar o cérebro em funcionamento é um desafio que só recentemente a Neurociência está conseguindo enfrentar


Além de problemas técnicos, a neuroimagem e a eletrofisiologia de neurônios individuais enfrentam dificuldades metodológicas, porque só permitem afirmar a existência de uma concomitância entre inputs e atividades mapeadas no cérebro
Dificuldades

Além de problemas técnicos, a neuroimagem e a eletrofisiologia de neurônios individuais enfrentam dificuldades metodológicas. Essas técnicas permitem apenas correlacionar atividades elétricas ou metabólicas com inputs (estímulos) enviados ao cérebro. Em outras palavras, elas só permitem afirmar a existência de uma concomitância entre inputs e atividades mapeadas no cérebro. Mas, a confirmação definitiva de que a um estímulo corresponde a um determinado correlato neural exige mais do que detectar uma concomitância entre eles. É preciso poder fazer o caminho inverso, ou seja, mostrar que das imagens dos correlatos neurais é possível inferir as percepções ou comportamentos que os causaram. Mas, as neuroimagens ainda não permitem retroagir com precisão em direção aos comportamentos e percepções específicas que as causam.
Um mapeamento cerebral preciso exige mais do que medir o potencial elétrico de alguns neurônios ou detectar a atividade de redes neurais através de variações metabólicas. É preciso uma técnica que estabeleça uma via de mão dupla, ou seja, além de detectar a atividade de grupos específicos de neurônios, também poder intervir para verificar o que ocorre quando eles são excitados. Mais importante ainda: é preciso poder controlar essa intervenção, de maneira que os comportamentos e percepções que resultem dela não ocorram de forma aleatória.
A partir de 2006, começou a ser desenvolvida uma nova técnica de observação do funcionamento cerebral, a optogenética. Como o próprio nome diz, é uma combinação da óptica com a genética. Essa nova tecnologia visa uma identificação precisa de circuitos cerebrais em funcionamento, o que permite superar algumas dificuldades técnicas e metodológicas da neuroimagem e da eletrofisiologia de neurônios individuais. Com a optogenética é possível identificar o funcionamento de áreas cerebrais de menos de um milímetro cúbico, compostas de um único tipo de neurônio. Sua grande novidade é abrir a possibilidade de intervir no cérebro e alterar seu funcionamento. Esse é um passo importante para confirmar a existência de uma dependência causal entre correlatos neurais e seus equivalentes no comportamento e na percepção. Um mapa do cérebro assim obtido torna-se muito mais preciso e refinado do que
Além disso, a optogenética abre grandes perspectivas práticas, sobretudo na área da clínica de doenças neurológicas e psiquiátricas.

 
A segunda e mais importante técnica de observação do cérebro vivo é a neuroimagem, que pode ser obtida pelo PET e pelo fMRI

Referência brasileira
Miguel Nicolelis é médico e cientista brasileiro, lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência da Universidade Duke (EUA), no campo de fisiologia de órgãos e sistemas, na tentativa de integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina). O objetivo das pesquisas é desenvolver próteses neurais para a reabilitação de pacientes que sofrem de paralisia corporal.

Como costuma ocorrer com a invenção da maioria das tecnologias inovadoras, a optogenética se desenvolveu a partir de uma combinação de técnicas, cuja convergência dificilmente poderia ser imaginada. A ideia básica da optogenética é fazer com que alguns neurônios se tornem sensíveis à luz através de uma modificação no seu código genético. Plantas são sensíveis à luz. Isso significa que se inserirmos genes de algumas plantas em certos grupos de neurônios, eles também podem se tornar sensíveis à luz. Quando isso acontece, esses neurônios disparam e produzem determinados comportamentos. Em outras palavras, se direcionarmos um jato de luz no cérebro, através de um cabo de fibra óptica instalado no crânio, esses neurônios geneticamente modificados entram em ação. Até aí, nada de novo, pois esses neurônios poderiam ser estimulados eletricamente.
A novidade está no fato de esses genes estarem marcados por um “promotor”. Esse promotor é uma partícula específica de DNA que permite identificar quais células estão usando um determinado tipo de gene. Ou seja, através do promotor é possível especificar de antemão que tipos de neurônios reagirão à luz.
Na década de 1990, o biólogo alemão Peter Hegemann descobriu o gene que tornava as Chlamydomonas sensíveis à luz. Chlamydomona é um tipo de alga marinha. Contudo, a descoberta de Hegemann só se repercutiu na forma de um artigo em uma revista especializada em biologia molecular.
Anos mais tarde, o neurocientista Roger Tsien, da Universidade da Califórnia, em San Diego, leu, por acaso, o artigo de Hegemann e percebeu que essa descoberta poderia ser usada em um novo tipo de técnica para observação do funcionamento do cérebro. Sua ideia foi injetar esse gene, juntamente com o promotor, em uma área de um milímetro cúbico de tecido cerebral. O gene e o promotor entram no cérebro na forma de uma infecção viral, de tal forma que esse gene se mistura ao DNA do neurônio. Por ser mitigada, a infecção é benigna, o que elimina o risco de danos ao cérebro.
A infecção se espalha pelo cérebro, mas o promotor faz com que o gene só se associe a um tipo específico de neurônio, que foi marcado para utilizá-lo. Esse grupo de neurônios se torna fotossensível, ou seja, é possível estimulá- los com um jato de luz. Quando são iluminados, eles disparam. É possível variar o tipo de neurônio infectado e “fotossensibilizado”, pois o promotor possibilita que eles sejam marcados e, posteriormente, estimulados pela luz que entra no cérebro pelo capacete com fibra óptica. Assim, torna-se possível estimular pela luz um tipo específico de neurônio nessa pequena porção do cérebro no qual o vírus foi injetado. Esse procedimento permite identificar o disparo de neurônios em áreas diminutas do cérebro. Ele pode ser repetido e, em cada uma das vezes, um tipo de neurônio ser marcado e estimulado. Por exemplo, é possível estimular tipos específicos de neurônios que produzem neurotransmissores como a dopamina, a acetilcolina ou a serotonina que, por sua vez, alteram o comportamento e a percepção. Um tipo de neurônio é estimulado a cada vez, e com muito mais precisão do que com as técnicas já disponíveis.


Um mapeamento cerebral preciso deve detectar a atividade de grupos específicos de neurônios e verificar o que ocorre quando eles são excitados. Além disso, precisa controlar a intervenção, para que ela não ocorra de forma aleatória


Consequências ambientais

Há um imperativo de longo prazo que pesará na escolha dos rumos das pesquisas futuras: a questão ambiental. A fabricação de medicamentos exige que os laboratórios emitam enormes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. Se essa tendência persistir, a poluição aumentará cada vez mais, pois o número de pessoas submetidas a tratamentos psiquiátricos que envolvem medicações de uso contínuo só tende a aumentar.
Mas se a banalização dos psicofármacos já não assusta mais, há outras previsões de Huxley que podem nos causar preocupação. No seu livro Regresso ao admirável mundo novo (publicado em 1959, 27 anos após o seu clássico Admirável mundo novo), Huxley fez uma predição sombria: a de que os transtornos mentais se tornariam uma epidemia incontrolável. Parece que sua previsão, mais uma vez, está se confirmando, pois os laboratórios se multiplicam cada vez mais, e versões similares de medicamentos tradicionais passam a ser fabricadas nos países em desenvolvimento para dar conta da demanda crescente. Uma das consequências ambientais perversas dessa corrida industrial é, além da demanda excessiva por eletricidade para manter fábricas funcionando, o fato de que resíduos desses medicamentos descem pelos esgotos e atingem os rios, poluindo nossas fontes de água potável. Recentemente, houve relatos de que quantidades minúsculas de fluoxetina já podem ser detectadas em rios como o Tâmisa. O que ocorrerá quando essas quantidades aumentarem?

Imagens: Shutterstock / reprodução
Ao se inserir genes de algumas plantas em certos grupos de neurônios, é possível torná-los sensíveis à luz, o que faz com que esses neurônios disparem e produzam determinados comportamentos


Tecnologia em uso
Tsien levou quase três anos para conseguir implementar sua nova tecnologia usando cérebros de ratos. Em 2008, ganhou o Prêmio Nobel de Química. Hegemann resolveu, então, batizar o seu gene com o nome de canalrodopsina. A partir da canalrodopsina foi possível produzir a GFP (green fluorescent protein). Ao contrário da canalrodopsina, a GFP permite marcar os neurônios que foram ativados antes que ocorram um comportamento ou um conjunto de percepções. Uma vez detectados, é possível, através da canalrodopsina, estimulá-los para ver se as mesmas percepções e comportamento se repetem. Com isso, fecha-se o círculo que permite o mapeamento preciso do cérebro. Mas, mais do que isso, é possível, agora, ligar ou desligar grupos específicos de neurônios.
Em 2009, o psiquiatra Karl Deissenroth, da Universidade de Stanford, iniciou as pesquisas para utilizar a optogenética no tratamento de distúrbios neurológicos, em especial o Parkinson e as epilepsias graves. No caso do Parkinson, a intervenção no cérebro consiste em iluminar neurônios que produzem dopamina com um facho de luz azul. Com isso, eles disparam, produzem esse neurotransmissor e os tremores involuntários melhoram. No caso das epilepsias graves, o mecanismo é o inverso, ou seja, trata-se de inibir neurônios que disparam irregular e excessivamente, o que é conseguido pela projeção de um facho de luz amarela no cérebro.
Em ambos os casos, a optogenética é mais vantajosa do que os tratamentos convencionais com medicamentos. Como as populações de neurônios a serem excitados ou inibidos podem ser determinadas com precisão, a quantidade de neurotransmissores a ser liberada pode ser ajustada individualmente. Isso não ocorre com os medicamentos, que inundam o cérebro indiscriminadamente e cujo ajuste tem de ser conseguido por tentativa e erro. O controle de efeitos colaterais também se torna mais fácil com a utilização da optogenética. No caso do Parkinson, os medicamentos podem produzir alucinações e, no caso das epilepsias, acabam sempre levando a uma sonolência diurna incômoda. O uso contínuo de dopamina faz com que o organismo gere uma tolerância progressiva ao medicamento, o que exige que suas doses sejam, progressivamente, aumentadas até o ponto de quase não produzirem mais efeito.

Um mapeamento cerebral preciso exige mais do que medir o potencial elétrico de alguns neurônios ou detectar a atividade de redes neurais
 
Imagens: Shutterstock / reprodução
Tanto nos casos de Parkinson quanto nos de epilepsia, a optogenética é mais vantajosa do que os tratamentos convencionais com medicamentos, já que as populações de neurônios a serem excitados ou inibidos podem ser ajustadas individualmente
Perspectivas animadoras
Aplicações da optogenética na Neurologia e na Psiquiatria ainda são incipientes, mas as perspectivas são animadoras. Poder ligar e desligar grupos específicos de neurônios significa controlar várias patologias, como, por exemplo, os transtornos obsessivos compulsivos e a depressão. Nos casos de depressão, por exemplo, será possível iluminar neurônios fotossensíveis que geram serotonina. Não precisaremos mais ingerir diariamente doses de inibidores da receptação da serotonina, como é o caso da fluoxetina que, até agora, tem mostrado um sucesso relativo, embora não isenta de efeitos colaterais.
A optogenética levará, muito provavelmente, a uma revolução paradigmática na Neurologia e na Psiquiatria. Em vez de continuar concentrando as pesquisas na descoberta de novos medicamentos de uso contínuo, a nova tecnologia terá como foco a construção de capacetes capazes de irrigar o cérebro com luzes de várias cores. Eles serão construídos em série e adaptados individualmente. Seu consumo de eletricidade não será maior do que o de um implante coclear, ou seja, cada um deles não consumirá mais do que 0,075 watts.
Certamente, o desenvolvimento dos capacetes optogenéticos esbarrará na resistência da indústria farmacológica, cujos lucros monumentais são garantidos pela necessidade do uso contínuo de medicação. Vivemos ainda em um paradigma medicamentoso, no qual, conforme já previsto por Aldous Huxley décadas atrás, a felicidade é essencialmente uma conquista farmacêutica, obtida pelo consumo constante de psicofármacos. O que era no início dos anos 30 uma previsão estarrecedora, hoje não passa de uma prática banal. Há medicamentos para tudo e, deles, também se pode esperar a solução para tudo.



A ideia básica da optogenética é fazer com que alguns neurônios se tornem sensíveis à luz através de uma modificação no seu código genético

O ápice humano
Aldous Huxley é escritor inglês. Mais conhecido pelos seus romances, como Admirável mundo novo e diversos ensaios, Huxley foi um entusiasta do uso responsável da mescalina (um alucinógeno natural extraído do cacto peiote) como catalisador dos processos mentais do indivíduo, em busca do ápice da condição humana e de maior desenvolvimento das suas potencialidades.
Revolução

A revolução paradigmática na Neurociência e na Neuropsiquiatria já vem ocorrendo. No mundo, já há cerca de 250 mil pessoas portadoras de algum tipo de implante protético no cérebro. A integração entre organismos e máquinas é uma tendência crescente nos últimos anos que, aliás, vem sendo confirmada pelas pesquisas do brasileiro Miguel Nicolelis. Seu projeto é construir exoesqueletos que, acoplados aos corpos de pessoas paraplégicas, possam lhes devolver os movimentos necessários para levarem uma vida mais independente. A estimulação de grupos de neurônios por técnicas optogenéticas pode aperfeiçoar esses exoesqueletos, simulando sensações táteis que ocorrem nas extremidades dos corpos biológicos, como a planta do pé ou as pontas dos dedos. As próteses serão um pouco mais confortáveis.
É fácil imaginar malefícios que podem resultar de novas tecnologias. Aliás, quase sempre, eles são os primeiros a serem anunciados. Quem poderia prever que impressoras 3-D seriam usadas para fabricar armas e munições em casa? No caso da optogenética, uma das consequências mais temíveis é a vulnerabilidade dos usuários, de capacetes a controles externos. Aliás, isso pode ocorrer com qualquer portador de algum tipo de prótese (especialmente chips) no cérebro. Através do controle optogenético da atividade que ocorre entre o nervo óptico e o cérebro, eles poderão ser imersos em um mundo de falsas percepções, comparável com o que ocorre no filme Matrix. Esse é um cenário assustador, apesar de fantasioso. Entretanto, discuti-lo pode ser um bom exercício para questionar os limites éticos das neurotecnologias.
Ainda é cedo para antever os impactos da optogenética. Do ponto de vista filosófico, ela é mais um passo em direção ao sonho reducionista da maioria dos neurocientistas contemporâneos, para os quais a mente nada mais é do que o cérebro. Mas, será que da optogenética podemos derivar uma conclusão tão cabal?

O número de pessoas submetidas a tratamentos psiquiátricos que envolvem medicações só tende a crescer, isso deverá aumentar a poluição emitida pelas fábricas de medicamentos
A tecnologia optogenética acentua os contornos de um futuro transhumano, buscando uma integração ainda mais radical do que a que já ocorre com humanos e máquinas, pois ela envolve, também, as plantas. Contudo, o futuro de uma tecnologia nova é imprevisível. Basta considerar que em três anos, de 1993 a 1996, a internet, que tinha sido, inicialmente, projetada para 130 sites, chegou a mais de 600 mil. Só saberemos se a optogenética será um sucesso algumas décadas mais adiante, quando refizermos a história da Neurociência do século XXI.

Referências
DEISSENROTH, K. http://www.youtube.com/watch?v=C8bPbHuOZXg (acessado em agosto de 2012).

CHOROST, M. Worldwidemind. NovaYork, Free Press, 2011.
HUXLEY, A. Admirável mundo novo. São Paulo, Círculo do Livro, 1932.
HUXLEY, A. Regresso ao admirável mundo novo. São Paulo, Círculo do Livro, 1959.
NICOLELIS, M. Muito além do nosso Eu. São Paulo, Companhia das Letras, 2011. OPEN OPTOGENETICS – The optogenetics wiki http://www.openoptogenetics.org/index.php?title=Main_Page (acessado em agosto de 2012).
TSIEN, R. The green fluorescent protein: discovery, expression and development. http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/chemistry/laureates/2008/advancedchemistryprize2008.pdf (acessado em agosto de 2012).


João de Fernandes Teixeira é PhD pela University of Essex (Inglaterra) e professor*titular na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Autor de 13 livros, recentemente, publicou o livro Filosofia do cérebro (Paulus, 2012).

















Gagueira, memória e medicação psiquiátrica




Gagueira, memória e medicação psiquiátrica
O treinamento do cérebro corrige e normaliza a atividade de áreas e estruturas envolvidas com o comprometimento, garantindo a melhora do quadro clínico


Por Leonardo Mascaro


Neste mês vou interromper a série de colunas sobre as estruturas cerebrais envolvidas nos processos cognitivos da atenção, que serão retomadas no mês que vem, para apresentar um caso clínico de extremo interesse para uma ampla gama da população, já que envolve, ao mesmo tempo, dificuldades funcionais de ordem neurológica bem como comprometimentos de ordem psiquiátrica.
O paciente em questão é um jovem adulto, estudante universitário, que me procurou apresentando queixas simultâneas de gagueira, déficit de atenção e concentração, além de um processo depressivo para o qual vinha se tratando com medicação psiquiátrica.
O Mapa de Avaliação Inicial confirmou suas queixas de modo tácito. Vamos a ele.

MAPA DE AVALIAÇÃO INICIAL
Imagens: arquivo pessoal

Paciente com depressão, dificuldades de atenção e concentração e gagueira:
Inicialmente, note a pequena régua colorida abaixo da primeira fileira de cabeças. Ela ilustra quantos desvios-padrão (medida estatística para uma população de mesma idade e sexo que a do paciente em questão) sua atividade neurológica, em cada frequência, se encontra próxima ou distante do zero, que corresponde à média de normalidade. Essa medida surge de uma base de dados normativa, levantada nos Estados Unidos ao longo de mais de vinte anos, em que foi incluída, para composição dessa média, a atividade neurológica exclusivamente de pessoas que, após passarem por exames neurológicos, psiquiátricos e neuropsicológicos, foram consideradas normais.

OS LOBOS FRONTAIS SÃO RESPONSÁVEIS PELAS FUNÇÕES EXECUTIVAS SUPERIORES DE ATENÇÃO, CONCENTRAÇÃO, RACIOCÍNIO ABSTRATO E MESMO MEMÓRIA. A BAIXA ATIVIDADE DE SEUS LOBOS FRONTAIS EXPLICA A QUEIXA DE DIFICULDADES DE ATENÇÃO

Além disso, e para que possa acompanhar a análise que farei, veja que cada coluna de cabeças ilustra a atividade cerebral, em uma série de parâmetros, de amplitude do sinal a aspectos de conectividade (do inglês, coherence) e velocidade de transmissão de informações (do inglês, phase lag) nas frequências cerebrais de Delta a High Beta.
Pois bem, o primeiro aspecto digno de nota em seu mapa de avaliação eletroencefalográfica inicial é a baixa atividade dos lobos frontais de seu cérebro em praticamente todas as frequências. Essa baixa atividade, conforme demonstrado por Richard Davidson, pesquisador americano, era a grande vilã por trás do processo depressivo que este rapaz vivenciava no início do tratamento. Isso porque, de acordo com os achados de Davidson, sendo o lobo frontal esquerdo responsável pelo processamento de emoções positivas, e o direito de negativas e da regulação da expressão de ambas, nos dois hemisférios, fica claro que uma deficiência funcional, como a que este rapaz apresentava, o impedia tanto de estabelecer um vínculo positivo com os eventos em sua vida quanto de lidar adequadamente com as emoções negativas, quando as vivenciava.
Além disso, os lobos frontais são responsáveis pelas funções executivas superiores de atenção, concentração, raciocínio abstrato e mesmo memória. A baixa atividade de seus lobos frontais, portanto, explicava sua outra queixa de dificuldades de atenção e concentração e, mesmo, de raciocínio lento.
Note, também, nas duas últimas fileiras de cabeça, para conectividade (coherence) e velocidade de transmissão de informações (phase lag) que há, em termos de conectividade, uma desconexão de seu hemisfério esquerdo, especificamente nas áreas de processamento da linguagem, em relação ao restante de sua atividade cerebral, o que causava uma lentificação de seu processamento neurológico na região em questão, especificamente para a função da linguagem, o que, clinicamente, se manifestava sob a forma de gagueira e dificuldades de leitura e compreensão de textos.
Isto correlacionava perfeitamente com suas dificuldades de estudo, que somadas à baixa de atividade de seus lobos frontais, como expliquei anteriormente, o impediam de desempenhar de forma adequada academicamente.
Observe, agora, os resultados obtidos após apenas quatro meses de tratamento por treinamento neurológico por Neurofeedback no Mapa Final.

MAPA FINAL
Imagens: arquivo pessoal

Paciente superou sua depressão, deficiências de concentração e atenção, bem como sua gagueira:
Em primeiro lugar, veja a normalização da atividade de seus lobos frontais, em todas as frequências, indicada pela passagem da cor verde-azulada, no primeiro mapa, para verde neste seu mapa final. Além disso, note, nas duas últimas fileiras, de conectividade (coherence) e velocidade de transmissão da informação neurológica (phase lag), como houve uma completa normalização da atividade de seu hemisfério esquerdo, que voltou a se reconectar adequadamente com as demais regiões cerebrais (ausência de linhas azuis na fileira de coherence), apresentando, por conta disso, uma normalização, também, da velocidade de processamento e transmissão da informação neurológica (ausência de linhas vermelhas na fileira de phase lag).
O resultado disso tudo? Este rapaz, hoje, superou sua gagueira, podendo participar de conversas em rodas de amigos sem se constranger, o que produziu uma efetiva melhora em sua autoestima, melhorou seu desempenho escolar, na faculdade, e debelou seu processo depressivo e suas crises emocionais. Até o mês que vem!


Imagens: arquivo pessoal

Leonardo Mascaro é psicólogo, mestre em Neurociências (USP), especializado e certificado internacionalmente em Neurofeedback (BCN - Board Certified on Neurofeedback) pela BCIA (Associação Internacional de Certificação em Biofeedback - EUA). É autor dos livros A arquitetura do Eu e Para que medicação? (Editora Campus-Elsevier

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Uma realidade nas escolas: Eu não sei escrever em letra cursiva



Pouco estimuladas nos colégios e atraídas pelo computador, cada vez mais crianças têm dificuldades na escrita corrida

Carina Rabelo

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A letra ilegível era uma marca registrada dos médicos e suas receitas indecifráveis. Hoje, rompeu as fronteiras da profissão e se tornou quase uma tendência na sociedade da pressa. A ilegibilidade é uma das consequências da substituição do caderno pelo computador e da pouca ênfase que se dá ao ensino da letra cursiva nas escolas. Em outros tempos, os cadernos de caligrafia moldavam a escrita dos alunos. Até hoje, representam um importante rito de passagem para crianças recém-alfabetizadas que conseguem ultrapassar a barreira da letra de forma e se capacitam na cursiva - aos 6 anos, elas já se dividem em grupos dos que dominam o mundo da "letra corrida" e daqueles que ainda continuam nas "letras separadas". Mas o entusiasmo é arrefecido com o passar dos anos. Elas precisam fazer pouco uso da técnica, pois até as provas são de múltipla escolha - basta marcar um X nas alternativas propostas e ir para casa sem gastar a caneta. Fora de uso, a letra perdeu a uniformidade e a nova grafia mescla traços cursivos com letras maiúsculas, comprometendo até mesmo os sinais de acentuação, como o til (~), que virou um traço (-). Nem sempre a legibilidade é mantida. E dá-lhe garranchos incompreensíveis.
O impacto da disgrafia - a escrita incompreensível - na vida das pessoas vai além do senso estético. Quem sofre deste distúrbio pode ser tachado de desleixado ou problemático. E não ser compreendido na sociedade da informação é um fardo que poucos podem carregar. A solução? Recorrer aos textos digitais do e-mail e mensagens instantâneas, como MSN e SMS. "A tecnologia pode ser a aliada e a vilã da história", afirma Marco Arruda, neurologista da infância e da adolescência e diretor do Instituto Glia de Cognição e Desenvolvimento. O excesso de informação, a falta de tempo e o conforto da internet contribuem para a deformidade da letra, que se torna dispensável e, quando utilizada, apressada e incompreensível. "Escrevo muito rápido. Não dá tempo de enfeitar", afirma Lucas Dias Oliveira, 12 anos, que foi reprovado no ano passado porque os professores não conseguiram corrigir a sua prova. "Não entendi nada", assinou a professora na avaliação. "Ele é extremamente inteligente e rápido.
Tem uma velocidade incrível no teclado", afirma a sua avó, Marialva Dias.
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"Mas a letra é um garrancho." Os esforços de Marialva, que comprou dezenas de cadernos de caligrafia e livros para o neto, não foram suficientes para que o menino deixasse o computador e melhorasse a grafia. "Ele é agoniado, ansioso e necessita de acompanhamento psicológico para melhorar a letra", afirma.
http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_5234558622340059.jpgJanice Cabral Falcão, psicóloga e presidente da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, acredita que os cadernos de caligrafia não resolvem o problema. Para ela, a falta de espaço para brincar e a vida sedentária comprometem o tônus muscular das crianças, que ficam sem coordenação motora e destreza para lidar com o lápis.
"Elas precisam participar das atividades domésticas que exijam alguma habilidade manual", afirma. Para o neurologista Marco Arruda, a escrita está mais relacionada com as funções do cérebro do que com a tonicidade dos músculos e ele alerta que a escrita ilegível pode ser um sinal de enfermidade ou transtorno psicológico, como dislexia, déficit de atenção e hiperatividade.
"É preciso treinamento da letra com sessões de reabilitação", afirma. O neurologista lembra que brincadeiras fora de moda com bolas de gude e palitinhos, além das aulas de caligrafia, favoreciam o desenvolvimento psicomotor da criança, que não tem os mesmos estímulos nos jogos eletrônicos de hoje.
Não são apenas as crianças as vítimas da disgrafia. A pesquisadora Luciana Moherdaui, 38 anos, especialista em novas mídias e interfaces digitais, trocou os cadernos pelo computador desde que saiu da faculdade. "A minha letra era legível, mas, depois que passei a usar diariamente a rede, perdi a capacidade de escrever", afirma Luciana, que explica ter o raciocínio igual ao Word - 'escreve, erra, apaga e refaz' - impossível no texto à mão. Quando vai a uma palestra em que não pode levar o seu laptop, a pesquisadora também não leva o bloco de anotações. "Decoro tudo", diz. "Não entendo a minha letra." Como especialista no tema, Luciana acredita que o futuro do aprendizado caminha em direção às novas tecnologias. "A tendência é que os meninos troquem os cadernos pelos mininotebooks." Apesar da alternativa da tecnologia, ter letra legível (e bonita) ainda é importante. "Já zerei provas no vestibular porque estavam incompreensíveis", afirma José Ruy Lozano, corretor de redações dos principais processos seletivos de São Paulo e professor de redação do ensino médio do Colégio Santo Américo. Vale lembrar que as redações de vestibular também podem ser escritas em letras de forma. Mas a cursiva ainda conta pontos, por exemplo, em processos de seleção de emprego.
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O ato de escrever teve os seus altos e baixos na história. Sócrates e Platão (séc. V a.C.) eram contra a escrita e defendiam a oralidade. Na Idade Média, ela ganhou visibilidade e subiu ao altar com os monges copistas, que registravam a cultura e as descobertas históricas em pergaminhos, para imortalizá-las ao longo dos séculos.
"Ela passou a ser a escrita própria dos textos cristãos, em oposição aos caracteres romanos dos textos pagãos", afirma o grafólogo Paulo Sérgio de Camargo, autor do livro "Sua Escrita, Sua Personalidade" (Editora Ágora).
http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_5234658325107905.jpgA caligrafia - palavra que tem origem no nome kallos (belo) e grafos (grafia) - surgiu como arte quando o imperador Carlos Magno (742-814) decidiu unificar os textos e documentos da Europa Central com a escrita cursiva, conhecida como 'letra carolina', mais rápida que a tipografada. Segundo os grafólogos, a cursiva é um sinônimo de elegância e uniformidade, mas também rigidez e padrão. Por ironia, ela está sendo gradativamente substituída pelo mesmo motivo que a originou - a necessidade de rapidez.
"As escolas não se preocupam mais com a letra", afirma o neurologista Arruda. "Os cadernos de caligrafia caíram em desuso." Resta saber se as belas letras trabalhadas em rococós se tornarão um raro tesouro, que sobrevive apenas nos convites de formatura ou casamento.

O ato de escrever a mão é um exercício para o cérebro




 

Por Ana Lúcia Hennemann - out/2012

A tecnologia está cada vez mais presente em nosso cotidiano. A maioria de nossos textos são produzidos via teclado, isso é bom ou é ruim? No Brasil já existem escolas que disponibilizam laptops aos alunos; mas, de acordo com a neurocientista Karin Harman...

     Na metade do ano de 2011 alguns jornais anunciavam o fim da escrita cursiva na maioria das escolas dos EUA. Entretanto no início deste ano (2012) a neurocientista Karin James Harman(foto) apresentou um projeto no sentido de conscientização de qual o papel da escrita no processo de aprendizagem.
     Apesar de grande debate, Harman testemunhou a favor da inclusão da escrita cursiva nos currículos de todas as escolas públicas.  Para a realização da pesquisa, as crianças escreviam cartas à mão e depois submetiam-se a uma ressonância magnética.  Nestas, a atividade neural no cérebro mostrava-se mais avançada do que aquelas que digitavam no teclado. “A caligrafia envolve circuitos cerebrais diferentes do que a digitação. O contato de direção, e a pressão da caneta ou lápis envia uma mensagem para o cérebro. E o processo repetitivo da caligrafia "integra vias motoras no cérebro", disse ela.
   Também, em pesquisa feita com universitários, comprovou-se que aqueles que escreviam suas anotações a mão, lembravam-se com mais facilidade do conteúdo do que os que faziam o registro em materiais tecnológicos.
    Segundo a neurocientista o ato de digitar não tem o mesmo efeito que o ato da escrita. Pois conforme suas pesquisas: - a caligrafia pode mudar a forma como as crianças aprendem e desenvolvem seus cérebros. Sendo que as crianças pesquisadas conseguiram elaborar frases mais completas e criativas utilizando-se da escrita, do que as que utilizaram o teclado.
     No entanto, os cientistas ainda não determinaram os benefícios do ensino ou não da letra cursiva, pois o que ficou comprovado é a questão da escrita no papel ao invés da escrita digitalizada. A escrita é um fator importante na promoção do desenvolvimento do cérebro e cognição, em aperfeiçoar as habilidades motoras finas, e em gerar, desenvolver e expressar ideias mais rapidamente.
     Para aqueles que acham que ter letra legível é apenas uma questão de treino de caligrafia, enganam-se. Pois se faz necessário todo um trabalho de psicomotricidade começando pela motricidade ampla (“do corpo para o braço”) até chegar à motricidade fina (“do braço para o movimento dos dedos”)
Seguem então, algumas sugestões...
Fonte:

domingo, 4 de novembro de 2012

EU DEFENDO OS INDEFESOS, ANIMAIS, CRIANÇAS E IDOSOS. E VOCÊ?






”Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa e’ a proposta de um ser humano integral.” – Abraham Lincoln (Presidente Americano).
Declaração Universal dos Direitos dos Animais
Art.1o – Todos os animais nascem iguais diante da vida e tem o mesmo direito à existência.
Art.2o – Cada animal tem direito ao respeito. O homem, enquanto espécie animal, não pode atribuir-se o direito de exterminar outros animais ou explorá-los, violando este direito. Ele tem o dever de colocar sua consciência a serviço de outros animais. Cada animal tem o direito à consideração, à cura e à proteção do homem.
Art.3o – Nenhum animal será submetido a maus tratos e atos cruéis. Se a morte de um animal é necessária, deve ser instantânea, sem dor nem angústia.
Art.4o – Cada animal que pertence a uma espécie selvagem, tem o direito de viver no seu ambiente natural terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de reproduzir-se. A privação da liberdade, ainda que para fins educativos, é contrária a esse direito.
Art.5o – Cada animal pertencente a uma espécie que vive habitualmente no ambiente do homem, tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias de sua espécie. Toda modificação imposta pelo homem para fins mercantis é contrária a esse direito.
Art.6o – Cada animal que o homem escolher para companheiro, tem direito a um período de vida conforme sua longevidade natural. O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.
Art.7o – Cada animal que trabalha tem direito a uma razoável limitação de tempo e intensidade de trabalho e a uma alimentação adequada e ao repouso.
Art.8o – A experimentação animal que implique sofrimento físico é incompatível com os direitos dos animais, quer sejam uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer outra. As técnicas substitutivas devem ser utilizadas e desenvolvidas.
Art.9o – No caso de o animal ser criado para servir de alimentação, deve ser nutrido, alojado, transportado e morto, sem que para ele resulte em ansiedade e dor.
Art.10o – Nenhum animal deve ser usado para divertimento do homem. A exibição dos animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.
Art.11o – O ato que leva à morte de um animal sem necessidade é um biocídio, ou seja, delito contra a vida.
Art.12o – Cada ato que leva à morte um grande número de animais selvagens é um genocídio, ou seja, delito contra a espécie.
Art.13o – O animal morto deve ser tratado com respeito. As cenas de violência em que os animais são vítimas devem ser proibidas no cinema e na televisão, a menos que tenham como foco mostrar um atentado aos direitos dos animais.
Art.14o – As associações de proteção e de salvaguarda dos animais devem ser representadas em nível de governo. Os direitos dos animais devem ser defendidos por leis, como os direitos humanos.