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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

2-Por que bebês não falam como adultos?




Ao longo dos últimos 50 anos, os cientistas chegaram a duas possibilidades razoáveis. Primeiro, a “hipótese do desenvolvimento mental” diz que uma criança de 1 ano fala dessa maneira porque seu cérebro imaturo não consegue lidar com discursos adultos. As crianças não aprendem a andar até que seu corpo esteja pronto; da mesma maneira, não falam com sentenças múltiplas ou usam sufixos e palavras que expressem funções ou situações complexas (“Mamãe abriu as caixas”) antes que seu cérebro seja capaz de lidar com isso. A segunda teoria, a “hipótese dos estágios da linguagem”, postula que o progresso crescente dos passos na fala das crianças é um processo necessário para o desenvolvimento. Um jogador de basquete não consegue encestar perfeitamente a bola antes de conseguir pular e lançar a bola, e as crianças, de maneira semelhante, aprendem primeiro a somar, depois a multiplicar – nunca na ordem inversa. 

No aprendizado da língua, existem evidências de que tais movimentos são necessários para a fluência. Em 1997, por exemplo, um artigo de revisão escrito pelas cientistas cognitivas Elizabeth Bates, da Universidade da Califórnia, San Diego, e Judith C. Goodman, da Universidade Missouri-Columbia, revelou que estudos com crianças pequenas mostravam de forma consistente que elas não começavam a falar usando sentenças com duas frases até que tivessem aprendido certo número de palavras. Segundo as pesquisadoras, enquanto as crianças não cruzam esse limiar linguístico, o processo de combinação de palavras não começa.

A diferença entre as teorias pode ser resumida da seguinte forma: segundo a hipótese do desenvolvimento mental, os padrões de aprendizado de linguagem deveriam depender do nível intelectual da criança na fase em que começa a aprender uma língua. Segundo a hipótese dos estágios de linguagem, entretanto, os padrões de apreensão do conhecimento não dependem da capacidade mental. Porém, Porém, é difícil testar essa hipótese experimentalmente porque a maioria das crianças aprende a falar por volta da mesma idade – em estágios similares de desenvolvimento cognitivo.

Em 2007, os pesquisadores da Universidade Harvard criaram uma maneira engenhosa de contornar o problema. Mais de 20 mil crianças adotadas entram nos Estados Unidos todos os anos. Muitas delas não são mais expostas à língua nativa depois da chegada e precisam aprender o inglês mais ou menos da mesma maneira que os bebês – isto é, ouvindo e por tentativa e erro. Os adotados de outros países (que em geral não têm a primeira língua bem desenvolvida) não assistem a aulas nem usam dicionário quando estão aprendendo sua nova língua. Esses fatores fazem com que apresentem as condições ideais para que sejam testadas duas hipóteses sobre como aprendemos uma língua.
revista Mente e cérebro

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