De maneira geral, um indivíduo pode ser definido como tendo retardo mental baseado nos seguintes três critérios:
- Nível de funcionamento intelectual (QI) abaixo de 70 – 75;
- Presença de limitações significativas em duas ou mais áreas de habilidades adaptativas,
- A condição está presente ainda na infância.
1. Conceito
A oligofrenia diz respeito a limitações significativas no funcionando cerebral cognitivo.
É caracterizado por:
- Retardo mental que se manifesta antes dos 18 anos de idade,
· Funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, junto com as limitações em duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas:
Comunicação e Cuidado pessoal
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Vida em casa e Habilidades sociais
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Funcionamento na comunidade e Autodeterminação
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Saúde e segurança e Habilidades acadêmicas funcionais
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Lazer e Trabalho
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2. Quadro Clínico
Os efeitos do retardo mental variam consideravelmente de pessoa para pessoa, assim como as habilidades individuais variam entre as pessoas que não tem retardo mental. Das pessoas com retardo mental, aproximadamente 87% serão afetadas de maneira bastante leve, e serão somente um pouco mais lentas na aquisição de novas habilidades e informações.
Ainda quando crianças, o retardo mental não é facilmente identificável, podendo não ser evidente até que elas entrem para a escola. Muitas delas, quando adultas, conseguirão levar uma vida independente na comunidade e não serão mais vistas como tendo retardo mental.
Os restantes 13% da população afetada, aqueles com QI abaixo de 50, terão sérias limitações de funcionamento. Contudo, com intervenções precoces, educação funcional e com suporte adequado. Quando adultos, todos poderão levar vidas satisfatórias na sua comunidade.
3. Diagnóstico
O sistema da AAMR (Associação Americana de Retardo Mental), para o diagnóstico e classificação de uma pessoa como portadora de retardo mental, segue três passos e descreve o sistema de apoio que a pessoa necessita para superar seus limites nas habilidades adaptativas.
O primeiro passo para o diagnóstico é a aplicação por pessoa capacitada de um ou mais testes padronizados de inteligência,
O segundo passo é descrever os pontos fortes e fracos da pessoa em quatro dimensões, que são:
Habilidades intelectuais e comportamentais adaptativas
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Considerações emocionais/psicológicas
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Considerações físicas/ de saúde/ etiológicas
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Considerações ambientais
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Os pontos fortes e fracos podem ser determinados por testes formais, observação, entrevistas com pessoas importantes na vida do paciente, entrevistas com a pessoa sendo avaliada, interagindo com a pessoa e sua família na vida cotidiana, ou por uma combinação desses métodos.
O terceiro passo exige uma equipe multidisciplinar para determinar o apoio necessário nas quatro dimensões mencionadas. Cada apoio identificado é classificado em um dos quatro níveis de intensidade: intermitente, limitado, extensivo e intensivo.
Apoio Intermitente |
Refere-se a um suporte oferecido quando necessário. Um exemplo seria o apoio necessário para que a pessoa procure um novo emprego na eventualidade de ficar desempregada. O apoio intermitente pode ser necessário ocasionalmente por um indivíduo durante sua vida, mas nunca de maneira contínua.
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Apoio Limitado
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É aquele necessário durante um período determinado de tempo. Um exemplo seria na transição da escola para o trabalho ou durante o treinamento para uma função específica.
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Apoio Extensivo
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É aquela assistência que a pessoa necessita diariamente e sem limite de tempo. Pode incluir apoio em casa e/ou no trabalho.
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Apoio Intensivo
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Refere-se ao apoio constante, em todas as áreas, com base diária, podendo incluir medidas para o suporte de vida.
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Os apoios, intermitente, limitado e extensivo podem não ser necessários em todas as áreas para um indivíduo.
4. Etiologia
As causas da deficiência mental só são possíveis de serem avaliadas em 25% dos casos. Outros tipos de deficiência mental devem-se a doenças de metabolismo ou a carências hormonais. Também podem sofrer de deficiência mental as crianças que nascem prematuramente, ou que tenham sido afetadas, durante a gestação, pela radiação, infecções por vírus, sífilis etc., inclusive, durante o parto pode ocorrer alguma pancada, ou hemorragia intracraniana, ou ainda falta de oxigenação no cérebro. Ainda, após o parto, podem ocorrer infecções que prejudiquem o desenvolvimento mental.
O meio ambiente pode influir no desenvolvimento da criança; o meio social, a moradia e o ambiente familiar são de grande importância. Durante a idade pré-escolar a criança entra em contato com o mundo que a cerca, demonstrando curiosidade por tudo. A própria curiosidade tende a desenvolver sua capacidade mental e proporcionar uma série de conhecimentos básicos. A falta de estímulo nesta área favorece a deficiência mental. As escolas especiais são muito úteis, pois estimulam a criança e a ensinam a realizar tarefas simples.
1) FATORES BIOLÓGICOS
a) PRÉ-NATAIS
GENÉTICOS
Idiotia Familiar, Síndrome de Down e Síndrome do Miado do Gato
CONGÊNITOS
Rubéola, Sífilis, Toxoplasmose e Cretinismo
b) PERI-NATAIS
Trauma no Parto,Hipóxia, Hemorragias e Incompatibilidade Sangüínea
c) PÓS-NATAIS
Infecções, Intoxicações e Traumatismo Crânio-Encefálico
2) FATORES PSICOLÓGICOS
Carência Afetiva e Maus Tratos
3) FATORES SOCIAIS
Baixo Nível Sócio-Cultural, Isolamento e Desnutrição
As causas podem ser divididas em categorias.
a) Condições genéticas: resultam de anormalidades nos genes herdadas dos pais, devido a erros de combinação genética ou de outros distúrbios dos genes ocorridos durante a gestação. Centenas de distúrbios genéticos associam-se ao retardo mental. Alguns exemplos são a fenilcetonúria e a Síndrome de Down.
b) Problemas durante a gestação: o uso de álcool ou outras drogas durante a gestação pode levar ao retardo mental. Alguns trabalhos têm relacionado o fumo na gestação com um risco maior de retardo mental na criança.
Outros problemas incluem a desnutrição, toxoplasmose, rubéola e sífilis. Gestantes infectadas pelo vírus HIV (AIDS) podem passar o vírus para a criança levando a um dano neurológico futuro.
c) Problemas ao nascimento: qualquer condição de estresse aumentado durante o parto pode levar a lesão cerebral do bebê; contudo, a prematuridade e o baixo peso ao nascer são fatores de risco independentes mais freqüentes que qualquer outra condição.
d) Problemas após o nascimento: doenças da infância como catapora, sarampo, coqueluche que podem levar a meningite e encefalite, também podem causar danos ao cérebro. Acidentes, intoxicações por chumbo, mercúrio e outros agentes tóxicos também podem causar danos irreparáveis ao cérebro e sistema nervoso.
e) Estado socioeconômico: a desnutrição também pode levar ao retardo mental. Alguns estudos também sugerem que a pouca estimulação, que ocorre em áreas muito desprovidas das experiências culturais e ambientais normalmente oferecidas às crianças, pode surgir como causa de retardo mental.
5. Classificação:
a) Oligofrenia Leve:
Ø Q.I. variando entre 50 a 70.
São pueris, treináveis, cuidam de si, trabalham em atividades básicas ou braçais, comunica-se praticamente a nível normal.
b) Oligofrenia Moderada:
Ø Q.I. variando de 35 a 50.
Tem fala mais limitada, executam tarefas simples, tem algum grau de dependência para cuidarem de si, podem receber educação acadêmica funcional e realizar trabalho semi-especializado em condições especiais.
c) Oligofrenia Severa:
Ø Q.I. variando de 20 a 35.
Tem fraca capacidade de comunicação, mas têm capacidade de falar e cuidar de suas necessidades básicas, assim como de contribuir para sua própria sobrevivência quando acompanhados, se treinados podem trabalhar sob proteção, tem dificuldades em controlar os esfíncteres, demonstram pouco desenvolvimento motor.
d) Oligofrenia Profunda: Q.I menor que 20.
A menor percentagem dos retardados, a dos que apresentam retardamento profundo, demonstram reações mínimas, deficiências físicas secundárias, desenvolvimento motor e capacidade de comunicação reduzida; podem executar apenas atividades de trabalho altamente estruturadas e seu internamento é inevitável. Tem graves defeitos neurológicos e físicos, muitas vezes são imóveis, não reconhecem pessoas ou ambientes. Necessita de cuidados totais para não morrerem.
5. Diagnóstico
Os lactentes deverão ser considerados em risco de subnormalidade mental, quando há uma história familiar de deficiência mental, baixo peso de nascimento em relação ao tempo de gestação, prematuridade acentuada, infecção materna no inicio da gestação (em especial rubéola).
Nos primeiros meses de vida, certas características comportamentais são valiosas na previsão do retardo mental. A lenta adaptabilidade das reações de orientação a novos estímulos auditivos e visuais também consiste em outra advertência precoce do retardo mental.
6. Prevenção
Antes do casamento ou antes de engravidar:
- Vacine-se contra a rubéola (na gravidez ela afeta o bebê em formação, causando má formação, como cegueira, deficiência auditiva, etc...);
- Evite casamento entre parentes;
- Faça exames de sangue para detectar sífilis e toxoplasmose. Essas doenças podem causar deficiências severas;
- Faça exames de sangue para verificar o tipo sanguíneo e o fator RH.
Durante a gravidez:
· Consulte um médico obstetra mensalmente e faça exames de controle,
· Só tome remédios que o médico lhe receitar;
· Faça controle de pressão alta, diabetes, coração ou infecções;
· Faça uma alimentação saudável;
· Não se exponha a raios-X ou outro tipo de radiações;
· Não fume e não beba;
· Evite contato com portadores de doenças infecciosas.
No nascimento:
- Faça questão de ter seu filho em um hospital, com a presença de um obstetra e pediatra;
Depois do nascimento:
Exija que sejam feitos testes preventivos de seu bebê do tipo:
- APGAR: é um teste feito no bebê ao nascer, por um médico ou enfermeira. O bebê receberá uma nota para cada item do teste e dará ao menos indicações se o bebê está bem ou se é um bebê de médio ou alto risco.
- TESTE DO PEZINHO: Teste do pezinho é o nome popular atribuído ao Teste de Guthrie, assim nomeado em homenagem ao médico Robert Guthrie e constante de programas de diagnóstico precoce, destinado sobretudo a evitar algumas doenças, em especial a oligofrenia difenilpiruvínica. Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Anemia Falciforme e Fibrose Cística.
7. TRATAMENTO
A deficiência mental não tem cura, mas é possível combater certas doenças de origem metabólicas e certas carências hormonais, que produzem lesões cerebrais responsáveis por alguns casos de deficiência mental. O diagnóstico destas doenças deve ser precoce e o tratamento deve ser iniciado rapidamente, pois uma vez a lesão tenha se fixado não é possível fazê-la retroceder. Por outro lado, nos casos de deficiência mental leve, uma educação adequada pode trazer progressos consideráveis.
Podem ser feitas terapias comportamentais, treinamento do paciente, inclusão em instituições especializadas, como a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) . Quanto mais se assemelha à vida familiar, mais eficiente é o tratamento. A educação especializada é o melhor caminho para a auto-suficiência. A medicação pode ser necessária em casos de agressividade, sintomas psicóticos e convulsões associadas.
8. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Basicamente devemos nos lembrar qual é o tipo de oligofrenia do paciente e relacioná-la com o tipo de apoio oferecido de acordo com o quadro abaixo:
Oligofrenia leve
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Apoio intermitente
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Oligofrenia moderada
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Apoio limitado
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Oligofrenia severa
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Apoio extensivo
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Oligofrenia profunda
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Apoio intensivo
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