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domingo, 29 de janeiro de 2012

síndrome de Apert:




Estimulação psicomotora em crianças
com síndrome de Apert: um estudo de caso
 
Faculdade de Pato Branco - FADEP.
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
(Brasil)
 

Ms. Aline Miranda Strapasson
Dr. Edison Duarte 

alinestrapasson@hotmail.com
 


 

Resumo
    A síndrome de Apert é uma alteração genética e compõe as quase seis mil síndromes genéticas conhecidas. Pode ser herdada de um dos pais ou pode ser uma mutação nova de caráter desconhecido. É caracterizada por má formação específica do crânio, terço médio da face, mãos e pés, além de diversas alterações funcionais que variam de um indivíduo a outro. A maioria dos portadores apresenta deficiência mental com atraso no desenvolvimento. Dessa forma, o profissional de educação física poderá atuar com essa população objetivando estimular o desenvolvimento psicomotor e/ou diminuir as deficiências já existentes. O objetivo desta pesquisa é adaptar um programa de estimulação psicomotora que possa ser aplicado por profissionais de educação física e que auxilie a criança no desenvolvimento de seu potencial nos primeiros anos de vida, visando prevenir as deficiências de que são ou poderão vir a ser portadoras, possibilitando uma evolução compatível com a idade da criança. A coleta de dados foi realizada através da Escala de Desenvolvimento do Comportamento da Criança: o primeiro ano de vida, que é um instrumento lúdico e simplificado, estruturado com metodologia atual e padronizado para crianças brasileiras; filmagem; fichas de registro e roteiro de anamnese. Em relação ao cronograma, acompanharemos o desenvolvimento e crescimento da aluna até a idade adulta, estimulando-a até quando necessário, fornecendo dados científicos aos profissionais de educação física adaptada.
    Unitermos: Síndrome de Apert. Educação Física Adaptada. Estimulação psicomotora.

Abstract
    The Apert syndrome is a genetic defect and do part of the almost six millions genetics syndromes known. This syndrome can be inherit of the father or mother, or can be a new mutation (unknown). It is characterize for skull, face, hands and foots deformities and a lot of functional alterations. The most of Apert syndrome carrier have mental retardation consequently development retard. In this way, the physical education teacher's will work with this population aiming to stimulate the motor development and/or to decrease the actual deficits. The goal of this research is adapted a motor stimulation program that could be diligent for physical education teacher's and that help the development child, making possible a normal evolution. The dates collect was realized throught of the Development Behavior of Child Scale: the first year of life, that is a ludic and simplify instrument, structure with actual methodology and standardize to Brazilian children; shooting; register card and anamnesis itinerary. About the future, we want to follow the child growing and development, and stimulate until necessary, providing scientific dates for adapted physical education teacher's.
    Keywords: Apert syndrome. Adapted Physical Education. Early stimulation. Motor stimulation.
 
 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 91 - Diciembre de 2005
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1. Introdução
    A área da educação física adaptada vem crescendo a cada ano visto o aumento de instituições especializadas, associações, clubes, bem como as instituições de ensino superior (IES) nacionais e internacionais. Professores de educação física que atuam com portadores de algum tipo de deficiência, seja nas escolas especiais ou regulares, academias, clubes, entre outros, tem em suas grades curriculares a disciplina de "educação física adaptada" (ou terminologia similar), que proporciona uma base sobre como atuar com portadores de deficiência. 

    Justifica-se esta pesquisa pela necessidade de conhecimento sobre a atuação do professor de educação física na estimulação psicomotora de portadores da síndrome de Apert, que é uma síndrome rara e até então desconhecemos publicações a respeito.
    A síndrome de Apert é uma forma rara de cranioestenose, caracterizada por fusão precoce de qualquer sutura craniana, mais freqüentemente a coronal, associada a sindactilia (fusão dos dedos) dos pés e mãos. Pode ocorrer estrabismo, hipertelorismo, proptose, nariz pequeno, palato em ogiva, agenesia de corpo caloso, aplasia de septo pelúcido e hidrocefalia. (DIAMENT e CYPEL, 1996).
     Esse distúrbio foi descrito por Wheaton, em 1894. Apert, em 1906, sumariou nove casos e, em 1920, Park e Powers publicaram um artigo extraordinário sobre essa patologia. (JONES, 1998, p. 418). 

    É uma afecção hereditária de transmissão autossômica dominante, sendo que a maioria dos casos ocorre por mutações novas, às vezes favorecidas pela idade avançada do pai. Segundo Vogel e Motulsky (2000, p. 325), a condição é devido a uma mutação dominante e/ou no forte efeito da idade paterna.
    O retardo mental e o atraso no desenvolvimento motor não são raros, podendo atingir graus extremos. De acordo com Wiedemann et al. (1992, p. 18) cerca de 80% dos casos apresentam Q.I. entre 50 e 70.
    Em se tratando da incidência, Cohen et al. (in BARAITSER e WINTER, 1998, p.43), estimaram que a síndrome de Apert tem uma prevalência natal de cerca de um em cada 65.000 nascidos.
    Para Smith (1985, p. 320), essa síndrome exige tratamento precoce e enérgico. Entende-se, com a afirmação do autor, que crianças portadoras da síndrome de Apert necessitam ser estimuladas logo após o diagnóstico, possibilitando assim um prognóstico próximo da normalidade.
    Adams, et al. (1985, p.21), citam que quanto mais cedo a intervenção, melhor, pois as deficiências no desenvolvimento básico podem ser remediadas e a aquisição de habilidades que possam determinar um sucesso futuro pode ser auxiliada. 

    Segundo Holle (1979, p. 17), a criança que não pode se tornar normal, nem mesmo quanto a habilidade motora, pode ser ajudada a atravessar as etapas de desenvolvimento na ordem correta e desta forma chegar tão longe quanto possa, como um indivíduo.
    A educação física adaptada tem sido valorizada e enfatizada como uma das condições para o desenvolvimento motor, intelectual, social e afetivo das pessoas, sendo considerada, de uma maneira geral, como: atividades adaptadas às capacidades de cada um, respeitando suas diferenças e limitações, proporcionando às pessoas com deficiência a melhora em seu desenvolvimento global.
    Em nossa pesquisa adaptamos um programa de estimulação psicomotora para crianças com síndrome de Apert, voltado ao professor de educação física, visando auxiliar a criança no desenvolvimento de seu potencial nos primeiros anos de vida, evitando as deficiências de que são ou poderão vir a ser portadoras, possibilitando uma evolução compatível com a idade da criança. Avaliamos e comparamos o desenvolvimento do comportamento motor dessa criança com o desenvolvimento de crianças "normais".

2. Materiais e métodos
    Esta é uma pesquisa exploratória-descritiva, do tipo estudo de caso, com abordagem qualitativa e tem por finalidade analisar questões relacionadas ao desenvolvimento motor.
    Como amostra, temos uma criança do sexo feminino, com dois meses de idade (na época, julho de 2003), portadora da síndrome de Apert. A.L. nasceu no dia 03 de junho de 2003 e apresentou o seguinte quadro clínico:
  • Crânio: sinais de fechamento precoce das suturas coronais;
  • Tórax: transparência normal dos pulmões, sem evidências de derrames pleurais, índice cárdio-torácico dentro dos limites da normalidade;
  • Coluna Torácica: eixo vertebral torácico preservado, corpos vertebrais anatômicos, espaços intervertebrais preservados;
  • Pelve: estruturas ósseas conservadas, relações articulares mantidas, partes moles sem alteração;
  • Mãos e pés: deformidade congênita de mãos e pés (sindactilia).
    As características da síndrome são evidentes, como: fronte alta e protuberante, exoftalmia (órbita hipodesenvolvida forçando a protusão dos olhos); palato em ogiva; polegares com extremidades largas e desvio interno; atraso no desenvolvimento psicomotor. 

    A estimulação psicomotora foi realizada voluntariamente, na residência da mesma, três vezes por semana, com duração de 1 hora á 1 hora e trinta minutos, no período de 10 de julho de 2003 a 03 de junho de 2004, utilizando os seguintes materiais: espelho, bolas "Bobath", colchões, rolos, chocalhos, bolsa térmica, plataforma de equilíbrio, blocos e bolas de espuma, bichos de pelúcia, balões, bolas de vários tipos e tamanhos, aparelho de som, instrumentos musicais, entre outros; e, o programa adaptado desenvolvido encontra-se no item 2.1- "Plano de Trabalho", no qual as atividades propostas acompanharam o desenvolvimento psicomotor normal da criança, citado por Holle, 1979; Herren e Herren, 1986; Gallahue e Ozmun, 2003.
    Os instrumentos para coleta de dados foram:
  • Escala de Desenvolvimento do Comportamento da Criança: o primeiro ano de vida (PINTO; et al, 1997). Esta Escala é um instrumento lúdico e simplificado, estruturado com metodologia atual e padronizado para crianças brasileiras. Possibilita uma avaliação acurada do desenvolvimento do comportamento (motor e de atividade) da criança de 1 a 12 meses, atendendo a necessidade de diversos profissionais, como pediatras, neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos e outros, que trabalham tanto na área clínica, como na área educacional e na pesquisa. A autora cita que esta Escala fornece uma medida detalhada do desenvolvimento mês a mês e trimestre a trimestre, possibilitando a comparação do desenvolvimento do comportamento de crianças com diferentes patologias com o referencial de normalidade. A Escala inclui 64 comportamentos, oferecendo a possibilidade de uma avaliação mais pormenorizada, inclusive do ritmo de desenvolvimento do comportamento da criança.
  • Filmagem: permite repetir o evento e detalhar a observação (CHIZZOTTI, 1995), o que possibilita ao pesquisador aprofundar-se na análise dos dados coletados.
  • Ficha de registro diário: para possibilitar a anotação diária sobre os procedimentos aplicados; os materiais ou brinquedos utilizados; motivos pelos quais não tenha sido possível executar os procedimentos no dia, entre outros.
  • Roteiro de anamnese: para coletar dados de identificação dos pais e do bebê, a história de vida, saúde e outros dados importantes para subsidiar o programa de estimulação. Além destas informações, este instrumento traz no seu final um termo de consentimento para a realização das filmagens, bem como consentimento para posterior divulgação e publicação dos resultados.
    As avaliações propostas são válidas e acessíveis ao professor de educação física, proporcionando ao mesmo avaliar as limitações e evoluções do(s) aluno(s), bem como, obter informações sobre a eficácia do trabalho desenvolvido.

2.1. Plano de trabalho
    O planejamento adaptado do programa teve como finalidade detalhar os objetivos a serem atingidos em cada fase da criança, respeitando a individualidade e a etapa do seu desenvolvimento motor. Os materiais foram variados e aumentamos gradativamente o grau de complexidade das atividades. 

Fase I: Alongar a musculatura das mãos e pés (sindactilia); estimular a mobilidade das mãos e pés; adequar o tônus muscular global; desenvolver o controle cervical; estimular; simetria; a percepção de estímulos sensoriais: visuais, auditivos, gustativos, olfativos, táteis, termoálgicos, sinestésicos e proprioceptivos.
Fase II: Alongar a musculatura das mãos e pés; estimular a mobilidade das mãos e pés; estimular: a mudança em decúbito dorsal para ventral e vice-versa; a dissociação de cintura escapular e pélvica (rolar dissociado); o controle de tronco com tomada de peso nos membros superiores (MMSSs); a preensão com as duas mãos; o controle de tronco; a coordenação mão-objeto-boca; a percepção das partes do corpo.
Fase III: Alongar a musculatura das mãos e pés; estimular: a mobilidade das mãos e pés; as reações de equilíbrio e proteção (para frente e lateralmente) na posição sentada; a passagem para a posição de gato e o posicionamento em pé (propriocepção); o rastejar; estimular a preensão com uma das mãos; a transferência de um objeto de uma mão à outra.
Fase IV: Alongar a musculatura das mãos e pés; estimular: a mobilidade das mãos e pés; a reação de proteção para trás na posição sentada; o engatinhar e a marcha com apoio; favorecer a intencionalidade (jogar, bater, sacudir objetos, etc); estimular a preensão palmar, segurando vários objetos pequenos.
Fase V: Alongar a musculatura das mãos e pés; estimular: a mobilidade das mãos e pés; desenvolver habilidades de subir e descer escadas engatinhando; desenvolver marcha independente; desenvolver atividades que envolvam equilíbrio dinâmico e estático; desenvolver atividades de cócoras; estimular a coordenação visomotora; estimular o desenvolvimento de pinça inferior; estimular a criança a identificar-se; desenvolver a coordenação motora de manipulação como flexionar os dedos para apertar objetos.
Fase VI: Alongar a musculatura das mãos e pés; estimular: a mobilidade das mãos e pés; subir e descer a escada sozinho sem alternar os pés; desenvolver habilidades de correr e saltar pequenos obstáculos associando coordenação geral e equilíbrio dinâmico; nomear três partes do corpo de uma boneca ou de uma pessoa; estimular a rabiscar; estimular folhear revistas; estimular manipulação de dissociação de dedos.
Fase VII: Estimular: subir escada sozinho, alternando os pés e descer sem alternar; o andar na ponta dos pés e o andar para trás; ficar sobre um pé só, por pouco tempo; aperfeiçoar equilíbrio dinâmico, habilidade de correr com direção e saltar maiores obstáculos; oferecer alternativas para a criança escolher; proporcionar situações para que a criança siga regras de uma atividade.
OBS: As fases VI e VII serão realizadas posteriormente.

3. Forma de análise dos resultados
     De acordo com Pinto et al. (1997), é possível categorizar a exteriorização do comportamento, tomando como referência a probabilidade de ocorrência (pi), mês a mês, e trimestre a trimestre, em 3 tipos de ocorrência, que permitem quantificar o estágio de desenvolvimento do comportamento:
  • APARECIMENTO, a idade do surgimento do comportamento, correspondente à manifestação do comportamento em no mínimo uma criança (pi>0,00);
  • NORMALIZAÇÃO, as idades nas quais o comportamento ocorre para a média dos sujeitos, adotando-se como base a amplitude de rendimento normal (pi=0,67), estimada em 50% da população (25% acima e 25% imediatamente abaixo da média) que equivale a 1 erro provável (EP) de 1 EP=0,6745, (GARRETT, 1974, in PINTO; et al. 1997);
  • ESTABILIZAÇÃO, as idades nas quais o comportamento ocorre para a maioria dos sujeitos, isto é, os valores extremos da curva (pi=0,90), que inclui 45% acima e 45% imediatamente abaixo da média.
    Portanto, baseado nos critérios descritos acima Pinto et al. (1997) propôs 3 tipos de ocorrências do comportamento:
  • APARECIMENTO (A) quando 0,00<pi<0,67
  • NORMALIZAÇÃO (N) quando 0,67<pi<0,90
  • ESTABILIZAÇÃO (E) quando pi>0,90
    Para registro e análise dos resultados observa-se para cada idade (em meses) o tipo de ocorrência do comportamento correspondente, e considera-se o início e a duração de cada um dos tipos de ocorrência (APARECIMENTO, NORMALIZAÇÃO E ESTABILIZAÇÃO) para cada comportamento, sendo que o primeiro trimestre corresponde à idade de 1 a 3 meses incompletos, o segundo trimestre a 3 a 6 meses incompletos, o terceiro trimestre a 6 a 9 meses incompletos, e o quarto trimestre a 9 a 12 meses incompletos. Quanto a duração de cada um dos tipos de ocorrência do comportamento, foram considerados um, dois, três ou quatro trimestres. 

    Para a análise estatística dos resultados, Pinto et al. (1997) sugere os testes não paramétricos encontrados em Siegel (1975), considerando-se as distribuições das variáveis a serem estudadas.

3.1. Resultados e discussão
    Em relação ao teste de desenvolvimento do comportamento da criança realizado mensalmente (de 03 de setembro de 2003 a 03 de maio de 2004), optamos em relatar 09 comportamentos dos 64 avaliados, pois os mesmos referem-se especificamente ao comportamento motor, sendo eles: 01. Em prono mantém a cabeça e o tórax fora do apoio; 02. Fica em pé quando segura pela cintura; 03. Rola; 04. Arrasta-se; 05. Senta-se sem o apoio das mãos; 06. Mantém-se em pé com o mínimo de apoio; 07. Engatinha; 08. Caminha com auxílio; 09. Dá alguns passos sem apoio.
Resultados obtidos:
  • 3 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento com atraso, tendo em vista que a criança não realizou os comportamentos que normalizam na sua idade (em prono mantém a cabeça e o tórax fora do apoio).
  • 4 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento com atraso, tendo em vista que a criança não realizou os comportamentos que estabilizam (em prono manter a cabeça e o tórax fora do apoio) na sua idade.
  • 5 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento prejudicado, tendo em vista que a criança só realizou dois comportamentos (rolar e arrastar) que aparecem na sua idade;
  • 6 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento da criança regular, tendo em vista que a mesma realizou o comportamento que estabiliza na sua idade (ficar em pé quando segura pela cintura), mas não realizou nenhum comportamento que aparece na sua idade (rolar, arrastar, sentar sem o apoio das mãos e manter-se em pé com o mínimo de apoio).
  • 7 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento da criança de risco, tendo em vista que a mesma realizou apenas um de dois comportamentos que aparecem na sua idade (manter-se em pé com o mínimo de apoio), nenhum que normaliza (arrastar e sentar sem o apoio das mãos) e um que estabiliza na sua idade (rolar).
  • 8 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento com atraso, tendo em vista que a criança não realizou os comportamentos que estabilizam na sua idade (sentar-se sem o apoio das mãos) e realizou um que normaliza na sua idade (arrastar).
  • 9 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento da criança bom, tendo em vista que a mesma realizou todos os movimentos que estabilizam (arrastar e engatinhar) e normalizam na sua idade (manter-se em pé com o mínimo de apoio), e um de dois comportamentos que aparecem na sua idade (caminhar com auxílio).
  • 10 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento da criança bom, tendo em vista que realizou todos os movimentos que normalizam na sua idade (sentar-se sem o apoio das mãos), e nenhum comportamento que aparece (caminhar com auxílio e dar alguns passos sem apoio).
  • 11 meses de idade: Desenvolvimento do comportamento da criança bom, tendo em vista que a mesma realizou todos os movimentos que estabilizam (sentar-se sem o apoio das mãos) e aparecem na sua idade (caminhar com auxílio).
OBS: Com 1 ano e 15 dias a criança começou a dar passos sem apoio, o único comportamento que não havia apresentado durante os testes.
    Podemos perceber que dos 3 aos 8 meses de idade, a criança apresentou um desenvolvimento do comportamento motor atrasado, em virtude do que não conseguiu fazer nas fases que aparecem, normalizam ou estabilizam na sua idade. A partir dos 9 meses, a criança reagiu com mais intensidade ao trabalho e demonstrou um bom desenvolvimento do comportamento motor avaliado.
    De acordo com Pinto et al. (1997), o comportamento nominado 01 em nosso estudo (em prono mantém a cabeça e o tórax fora do apoio) aparece no 1º ou 2º mês, normaliza no 3º mês e estabiliza no 4º mês de idade. Em nossos testes o referido comportamento esteve presente a partir do 7º mês. Segundo Gesell (1945), Holle (1976), Diament e Cypel (1996), Shepherd (1996), Flehmig (2002) e Gallahue (2003), a criança em prono eleva a cabeça a 90º apoiada pelos cotovelos aos 4 meses. De acordo com Bobath (1984) o referido comportamento se manifesta aos 5 meses.
    O comportamento 02 (fica em pé quando segura pela cintura) aparece no 3º, 4º ou 5º mês e estabiliza no 6º mês de idade. A criança avaliada apresentou-o no 5º mês. Segundo Gesell (1945), Holle (1976), Diament e Cypel (1996) e Gallahue (2003), a criança suporta bem o peso do corpo se é colocada em pé e segura pela cintura aos 6 meses, enquanto Flehmig (2002), Bobath (1984) e Shepherd (1996) citam que este comportamento se apresenta aos 8 meses.
    O comportamento 03 (rolar) aparece no 3º, 4º, 5º ou 6º mês e estabiliza no 7º mês de idade. A criança apresentou-o no 7º mês. Para Gesell (1945), Holle (1976), Diament e Cypel (1996), Flehmig (2002) e Gallahue (2003), a criança começa a rolar aos 6 meses. Bobath (1984) cita que este comportamento se manifesta entre os 7-8 meses de idade.
    Pinto et al. (1997), cita que o comportamento 04 (arrastar) aparece no 3º, 4º ou 5º mês, normaliza no 6º ou 7º e estabiliza no 8º mês. A criança apresentou o referido comportamento aos 8 meses. De acordo com Gallahue (2003) e Shepherd (1996), a criança arrasta-se com 6 meses e segundo Gesell (1945), com 8 meses.
    O comportamento 05 (senta-se sem o apoio das mãos) aparece no 6º mês, normaliza no 7º e estabiliza no 8º mês. De acordo com os testes feitos, a criança apresentou este comportamento no 9º mês de idade. Gesell (1945), Holle (1976) e Shepherd (1996) citam que a criança senta-se sozinha sem apoio aos 7 meses; para Gallahue (2003) e Bobath (1984) a criança senta-se sozinha aos 8 meses e segundo Diament e Cypel (1996), e Flehmig (2002), aos 9 meses de idade.
    O comportamento 06 (mantém-se em pé com o mínimo de apoio) aparece entre o 6º e 8º mês, normaliza entre o 9º e 10º e estabiliza no 11º mês de idade. A criança apresentou-o no 7º mês. Segundo Gesell (1945), Holle (1976), Flehmig (2002) e Gallahue (2003), a criança mantém-se em pé com o mínimo de apoio entre os 9 e 11 meses. Para Shepherd (1996) entre 8 e 10 meses e para Diament e Cypel (1996) ela realiza o referido comportamento aos 12 meses de idade.
    Pinto (1997) cita que o comportamento 07 (engatinhar) aparece no 7º e 8º mês e estabiliza no 9º mês. A criança avaliada apresentou-o no 9º mês de idade. Neste comportamento, observamos disparidade entre os autores consultados, pois Holle (1976) cita que a criança inicia a engatinhar com 6-7 meses, Flehmig (2002) e Bobath (1984) com 8 meses, Gesell (1945) e Shepherd (1996) com 10 meses , Gallahue (2003) cita que a criança anda em quatro apoios com 11 meses e Diament e Cypel (1996) com 12 meses.
    O comportamento 08 (caminha com auxílio) aparece no 8º e 9º mês e normaliza entre o 10º e 11º. A criança apresentou-o no 11º mês. Neste comportamento, também observamos disparidade entre os autores consultados, pois Holle (1976) cita que a criança caminha com auxílio com 8 meses, Flehmig (2002) afirma que a criança dá os primeiros passos com apoio e caminha ao longo dos móveis com 9 meses, Bobath (1984) entre 9-10 meses, Gallahue (2003) cita que a criança caminha segurando com as mãos aos 10 meses Gesell (1945) com 11 meses , e Diament e Cypel (1996) com 12 meses.
    O comportamento 09 (dá alguns passos sem apoio) aparece entre o 9º e 11º e a criança não o apresentou durante a fase de estimulação e testagem. O aparecimento deste comportamento é aos 12 meses segundo Gesell (1945), Diament e Cypel (1996), Flehmig (2002). Gallahue (2003) e Shepherd (1996) citam que este comportamento se manifesta aos 13 meses de idade.
    Em relação aos autores citados, exceto Pinto et al. (1997), a criança apresentou atraso significativo nos comportamentos 01 (em prono mantém a cabeça e o tórax fora do apoio), 03 (rolar) e 09 (dá alguns passos sem apoio); desenvolvimento na média dos comportamentos 04 (arrastar), 05 (senta-se sem o apoio das mãos), 07 (engatinhar) e 08 (caminha com auxílio); e, desenvolvimento normal dos comportamentos 02 (fica em pé quando segura pela cintura) e 06 (mantém-se em pé com o mínimo de apoio).

4. Considerações finais
    O primeiro ano da criança representa um período capital de desenvolvimento e também um período importante para a instauração de suas relações com o mundo exterior.
    Assim, se pelo 3o ou 4o mês, época em que o bebê emerge de seus reflexos primários e de um ciclo sono-vigília, onde ainda prepondera o sono, constata-se anomalias do desenvolvimento, da atenção, do tônus, da relação afetiva, uma intervenção pode então ser proposta ou mesmo solicitada. (HERREN e HERREN, 1986). Nesta fase precoce, a ação estará mais freqüentemente ligada a uma prevenção.
    De acordo com Oliveira (1983), a estimulação precoce é um processo que vai atingir a criança em etapas críticas do seu desenvolvimento psicomotor, pois permite prevenir e/ou minimizar os déficits e auxilia no desenvolvimento das capacidades nos primeiros anos de vida.
    A Escala de Desenvolvimento do Comportamento da Criança: o primeiro ano de vida, pode ser utilizada nos programas de diagnóstico e intervenção nos distúrbios de desenvolvimento, bem como na prevenção e detecção destes; avaliação do desenvolvimento do comportamento da criança de 1 a 12 meses de vida; indicação do ritmo de desenvolvimento do comportamento, para o sexo masculino e para o feminino, e uma avaliação qualitativa do desenvolvimento do comportamento motor e do comportamento atividade da criança; atendendo a necessidade de profissionais que trabalham tanto na área clínica, como na área educacional e na pesquisa.
    Esta Escala nos permitiu verificar o comportamento motor de uma criança com síndrome de Apert, bem como compará-lo com o desenvolvimento do comportamento "normal", nos permitindo intervir e direcionar o trabalho realizado.
    Através dos dados coletados e discutidos, pode-se perceber que a criança apresenta um leve atraso no desenvolvimento do comportamento motor, mas com o acompanhamento familiar e multidisciplinar, acreditamos que a referida criança possa desenvolver-se tão normal quanto possível, confirmando a importância da estimulação psicomotora em casos de risco.
    Quanto as adaptações do programa de estimulação, estas se encontram no trabalho de mãos e pés, que, devido a má formação (sindactilia) necessitam de atenção especial antes e depois da cirurgia corretiva. O equilíbrio estático e dinâmico também deve ser enfatizado devido ao problema citado. A estimulação auditiva e olfatória devem ser enfatizadas devido ao palato em ogiva poder atrapalhar os canais de comunicação com o meio externo e vice-versa.
    Atualmente, A.L. está com 2 anos e quatro meses de idade; passou por duas cirurgias cranianas devido a cranioestenose e uma cirurgia nas duas mãos para correção da sindactilia, ambas com sucesso; apresenta marcha independente e se locomove com segurança por onde deseja; apresenta bom equilíbrio, tanto estático quanto dinâmico; fala palavras simples, conhece as partes do corpo, escolhe o que lhe oferecem, rabisca e folheia revistas, enfim, tem bom compreendimento e bom prognóstico.
    Acreditamos que o desenvolvimento de crianças como esta está em nossas mãos, nas mãos de diferentes profissionais que se unem, se completam e que lutam em prol de uma causa: A EVOLUÇÃO.

Referências bibliográficas
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Patrícia Cerqueira

Fernando Martinho
Se você bater palmas bem pertinho do rosto do seu recém-nascido, ele piscará forte. Aperte a sola do pé e ele dobrará todos os minúsculos dedos. Se apoiar o peito dele na água, verá um peixinho movimentando braços e pernas como se estivesse nadando. Seu bebê faz tudo isso por puro reflexo. No dia do parto, o cérebro dele pesa entre 300 e 400 gramas, quatro vezes menos que o de um adulto. Para que se desenvolva completamente, é preciso que todas as células nervosas estejam cobertas por uma substância branca gordurosa chamada mielina. Essa camada de nome engraçadinho é a responsável pela transmissão de impulsos nervosos do cérebro para o corpo. Sem ela, a conversa entre a cabeça e as mãos, por exemplo, fica na base do impulso. "Esse processo de cobertura, chamado de mielinização, começa no segundo trimestre de gestação, atinge seu período mais intenso quando a criança tem 8 meses e continua até o segundo ano de vida", afirma o neuropediatra Luiz Celso Amaral. Com o cérebro em formação, as reações são instintivas. E esses reflexos são muito importantes para o crescimento da criança. "Indicam que o cérebro está se desenvolvendo e trabalhando de forma correta. E também têm a função de ajudar a criança a perceber as fronteiras entre seu corpo e o mundo", diz a neuropediatra Saada Ellovitch.  
Fernando Martinho
São seis os reflexos mais importantes e há mais de 15 exercícios feitos na maternidade para testá-los. Eles desaparecem quando a maior parte das células está recoberta pela mielina. Lá pelo sexto ou sétimo mês, a conexão entre cérebro e corpo melhora, e o bebê perde aquele jeitão estabanado. A partir do terceiro mês, já é capaz de fazer alguns movimentos voluntários, como sustentar o pescoço. Isso porque o amadurecimento da medula se dá no sentido da cabeça para os pés. Os movimentos reflexos começam ainda na gravidez, entre a 28a e a 35a semana, como a sucção."Ela e o choro são reações vitais para a sobrevivência e a proteção do bebê. O movimento de sugar já aparece no útero", afirma o fisioterapeuta Marcus Vinicius Marques de Moraes. Logo depois de nascer, se você colocar a boca do recém-nascido em contato com qualquer objeto, ele tentará abocanhá-lo. Mais tarde o bebê procura intencionalmente a chupeta, por exemplo, porque a sucção o acalma, ou vai às lágrimas para comunicar o que ainda não consegue dizer em palavras. Alguns reflexos ficam por mais tempo, como o de Moro, em que a criança, sentindo-se desequilibrada ou assustada por um ruído forte, joga a cabeça para trás e estica braços e pernas. Isso até os 5 meses.
Na maternidade
Fernando Martinho
Mais do que uma exibição de habilidades para os pais, os reflexos são fonte de pesquisa para os pediatras. Num dos testes realizados na maternidade, chamado clonos, os pés do bebê são empurrados para trás repetidas vezes. A reação esperada é a de que os pezinhos batam como se estivessem acelerando um carro. Ao menos seis desses movimentos – marcha, sucção, pontos cardeais (toca-se os cantos da boca ou lábios inferior e superior e a criança vira a cabeça em direção ao toque como se quisesse mamar), preensão das mãos, do pés e reflexo de Moro — devem ser reavaliados nas primeiras consultas pediátricas. Mas nem sempre foi assim. Até o início do século passado, os médicos examinavam os bebês apenas fisicamente. Ouviam o coração, sentiam a respiração, mediam e pesavam. Não detectavam alterações causadas por pequenos problemas neurológicos. "Alterações nos reflexos podem sinalizar problemas futuros. Os exames servem para evitar que a criança tenha pouco ou nenhum atraso em seu desenvolvimento. É uma ação preventiva", diz a neonatologista Marina de Moraes Barros. "Quanto mais reflexos observados, melhor. Porém, com esses seis já é possível saber se a criança é saudável. O importante é o resultado do conjunto, e não de um reflexo isolado", ressalta Marina.
Vigor emocional e muscular
Fernando Martinho
Os exames não machucam e é importante que o bebê chore. "Por meio do choro, percebemos a capacidade de autoconsolo do bebê, de como ele se reorganiza emocionalmente. Se fica inconsolável ou indiferente, isso pode indicar certa dificuldade de adaptação à nova vida. É necessário repetir os testes numa próxima consulta", explica a neonatologista. Quando os pediatras fazem essas avaliações reflexas, também estão de olho no vigor muscular do seu filho. Verificam, por exemplo, se o braço dele volta rapidamente quando alguém o estica. "Se isso não ocorrer ou se o bebê resistir ao movimento, pode significar algum problema", afirma Marina. 
A influência da nutrição 

Tão importante quanto ter os reflexos é perdê-los. O crescimento da circunferência da cabeça e o desaparecimento dos reflexos indicam que o bebê está cumprindo as etapas: vai primeiro sentar, depois engatinhar – mesmo que seja um pouquinho. Que ficará em pé, apoiado em algo, para depois andar. E que falará feito uma matraca aos 2 anos. A falta dessa resposta indica aos médicos uma possível lesão neurológica que, dependendo do tipo, pode ou não ter comprometimento no futuro, como desenvolvimento motor e neurológico mais lento. É possível amenizar o problema com fisioterapia. Infecções na gravidez e hipertensão grave, por exemplo, podem prejudicar a formação da mielina ainda na gestação. O fisioterapeuta catarinense Marcus Vinicius Marques de Moraes fez um estudo inédito em seu trabalho de mestrado. Avaliou os reflexos de bebês entre 14 dias e quatro meses. Queria descobrir se existe uma relação entre o desenvolvimento motor dos pequenos, sua alimentação, os problemas no parto e a amamentação. Concluiu que a nutrição influencia. "Bebês gordos se movimentam menos e, nos de baixíssimo peso, o cérebro não se desenvolve como deveria. Demoram para passar dos movimentos reflexos para os voluntários", diz Moraes. 

Bebês prematuros são apontados como os de maior risco para seqüelas neurológicas porque nascem antes de o organismo estar completo. "A finalização do amadurecimento neurológico desses bebês ocorre fora do útero, o que faz seu desenvolvimento ser mais lento. Eles nem fazem os mesmos testes de reflexos que as crianças nascidas depois de 38 semanas", diz a neuropediatra Saada. 

Gordos, magrinhos, prematuros ou não, os recém-nascidos querem entender o mundo à sua volta e, para isso, precisam de estímulos. Quanto mais os pais os tocarem, melhor. Os bebês estão criando códigos de comunicação nessa fase e o ideal é que suas experiências sejam positivas. Eles se sentem amparados e seguros quando os pais entendem suas poucas dicas: um resmungo para avisar que a fralda está suja ou um chorão para indicar que quer colinho. 
Os reflexos e suas reações
Fernando Martinho
Reflexo de Moro – O bebê joga a cabeça para trás, estica as pernas, abre os braços e os fecha depois. Surge quando o recém-nascido se sente desequilibrado ou assustado. Some por volta do segundo ou terceiro mês. 
Marcha reflexa – Colocado em pé, com apoio nas axilas, ele ergue uma perna dando a impressão de estar andando. É o primeiro a desaparecer. Some até o fim do primeiro mês. 

Sucção e busca pelo seio – O bebê abre a boca e suga o que aparece à sua frente. Ao tocar qualquer região em torno da boca, ele vira o rosto para o lado estimulado. A busca pelo seio desaparece por volta do segundo mês, quando o reflexo da sucção passa a ser voluntário. 

Preensão palmar e plantar – O recém-nascido agarra o dedo da mãe com força. Esse reflexo ocorre nas mãos e nos pés. O da mão costuma desaparecer por volta do terceiro mês. O do pé continua até o sétimo ou oitavo mês. 

Tônico-cervical – Com o bebê deitado, o médico gira a cabeça do bebê para o lado, a criança tende a estender este braço e dobrar o outro. É chamado de posição de esgrimista. Costuma desaparecer no terceiro mês. 

Engatinhar – De bruços, o bebê estica as pernas, como se tentasse rastejar, quando alguém lhe dá apoio nos pés. Some por volta do quinto mês. 

NÃO EXISTE CRIANÇA PREGUIÇOSA


NÃO EXISTE CRIANÇA PREGUIÇOSA - COMO A HIPOTONIA MUSCULAR AFETA O DESENVOLVIMENTO



Na clínica, comumente os pais dizem:


“Meu filho não rola.”
“Meu filho de dois anos e meio não sabe pular.”
“Meu filho de três anos não gosta de brincar no playground.”
“Meus filhos são gêmeos. A menina está engatinhando, ficando em pé e começando a andar, mas o menino ainda está rastejando de bruços. Ele adora ficar em pé, mas não se move sozinho.”



Todas essas coisas podem estar relacionadas à hipotonia muscular.
Os pais cujos filhos exibem qualquer um desses comportamentos (ou parecidos) costumam dizer que eles são preguiçosos. As crianças podem parecer preguiçosas porque não se mexem muito ou não querem ficar em certas posições. Isso não é teimosia ou apatia – certas posições ou padrões de movimento podem ser demais para elas, especialmente se tiverem hipotonia muscular.
O tônus muscular é a quantidade de resistência ao movimento passivo. Sem ele, não conseguiríamos nos mover de um jeito normal ou até de jeito nenhum. Pergunte a qualquer pai cujo o filho tenha um tônus muscular muito alto ou baixo, e ele dirá o quanto os movimentos, a postura, o equilíbrio e o controle dependem do tônus muscular – e o quanto damos essas capacidades como certas.
Tônus muscular é diferente de força. O tônus é o estado do músculo em repouso e é controlado pelo cérebro, que automaticamente o regula quando recebe informações dos músculos e do ambiente. A força depende do número de fibras musculares solicitadas ao trabalho e é controlada voluntariamente. Aumentar a força muscular não altera o tônus muscular, mas pode alterar os efeitos da hipotonia muscular. Por exemplo, uma criança com hipotonia muscular pode aumentar a estabilidade das articulações fortalecendo os músculos ao redor delas. O tônus muscular muito baixo é conhecido como hipotonia.


Sinais de Alerta da Hipotonia Muscular


Um bebê ou uma criança com tônus baixo pode apresentar algumas das características a seguir:
• Aumento do movimento das articulações.
• Conquista de etapas motoras do desenvolvimento muito depois das outras crianças.
• Ausência de certas habilidades motoras, como rolar ou engatinhar.
• Escápulas aladas prolongadas (depois dos quinze ou dezoito meses).
• Menor ativação extensora do quadril (pode engatinhar com os joelhos embaixo do quadril em vez de estender totalmente a perna).
• Músculos abdominais fracos.
• Preferência por se arrastar de bumbum em vez de engatinhar sobre quatro apoios.
•Dificuldade de equilíbrio.
• Sentar-se em W.
•Dificuldade em subir escadas sem o uso do corrimão.
• Pegada fraca.
• Pouca habilidade para colorir ou escrever.
• Dificuldade em usas canudinho.
• Uso de uma base maior de apoio (as pernas permanecem afastadas para dar equilíbrio e apoio).
• Pouca estabilidade postural.
• Baixa resistência (algumas crianças têm dificuldade em andar um quarteirão, aos quatro anos).
• Inabilidade ao andar (cai ou tropeça com freqüência).
• Dificuldade em manter os lábios fechados.


Ao diagnosticar a hipotonia muscular, seria útil se o pediatra rapidamente avaliasse as habilidades da criança, e se forem inexitentes ou severamente atrasadas, será recomendável a avaliação de um terapeuta ocupacional.


E LEMBRE-SE SEMPRE ...


• O bom controle da postura afeta todas as nossas atividades – por toda a nossa vida.
• Uma criança segura é uma criança feliz
.



(FONTrdenação Motora - Tara Liddle com Laura Yorke)E: Coo

sábado, 28 de janeiro de 2012

Quatro idéias para ajudar uma criança a ficar mais inteligente


Os pais sempre desejam o melhor para seus filhos. Querem que cresçam saudáveis e sejam cada vez mais inteligentes.
A inteligência de uma criança pode aumentar, se os pais doarem um pouco de si para ajudá-las. Ou seja, largar a televisão, os barzinhos, as festinhas, as conversas fúteis, por alguns minutos que seriam dedicados exclusivamente ao filho(a).
Na infância existe uma grande sede por absorver conhecimentos. É o período em que é usado todos os sentidos: tato, paladar, olfato e visão. Por isso a criança aprende rápido. Enquanto nós usamos normalmente a visão, para assimilar conhecimentos, elas usam além da visão os outros sentidos.
Siga esta dicas:
1 – Todos os dias mostre várias coisas diferentes para a criança. Fale o nome da coisa e explique para que serve. Repita o processo várias vezes, até ela ser capaz de reconhecer o ítem que lhe foi mostrado.
2 – Pegue um livro que tenha muitas gravuras coloridas e vá folheando as páginas, comentando um pouco sobre o conteúdo de cada página e sobre a gravura. toda criança gosta de cores. Mostre-lhe que a maçã é vermelha, que o céu é azul, que as folhas das árvores são geralmente verdes.
3. Você pode também comprar DVDs educativos e brinquedos educacionais. Mostrar os ítens para sua criança e falar o nome de cada coisa. Ela repete as palavras. E assim, ao longo do tempo, com muita paciência, vai assimilando novos conhecimentos. Reconhecerá muitas coisas, quando você mostrar na ocasião certa.
4. Vídeos e brinquedos educativos são uma boa opção, mas não existe nada melhor para a criança do que a aquisição de livros educativos sobre animais, plantas, insetos, fábulas, contos e histórias e tantos outros. Quando você tiver tempo poderia levá-la a um zoo, a fim de ver se ela reconhece os animais mostrado nos livros. Uma boa oportunidade para você passar mais informações sobre a natureza.

Televisão pode prejudicar


Televisão pode prejudicar criança, mesmo sem ela estar olhando para a tela




Televisão ligada pode prejudicar o desenvolvimento da criança, mesmo que ela não esteja olhando para a tela, segundo estudo realizado com crianças nos Estados Unidos.
Os pesquisadores da Universidade de Massachusetts, segundo a BBC , analisaram 50 crianças com idade entre 1 e 3 anos. As crianças brincaram em um laboratório durante uma hora – metade do tempo com a televisão ligada e metade, desligada.
Quando o aparelho estava ligado, sintonizado no programa de auditório Jeopardy!, as crianças olhavam para a tela apenas 5% do tempo – algumas delas apenas por segundos.
Apesar disso, os resultados indicaram que, quando a televisão estava ligada, as crianças brincavam por um período mais curto de tempo e se concentravam menos em cada brinquedo.
“Por isso, a televisão ao fundo atrapalha o comportamento na hora de brincar em crianças novas, mesmo quando elas prestam pouca atenção à tela”, diz o estudo, publicado na revista cientifica Journal of Child Development.
Desenvolvimento
Segundo os pesquisadores, os resultados têm implicações no desenvolvimento cognitivo da criança.
“A televisão ligada, como uma fonte de distração em constante mudança, atrapalha os esforços da criança em manter a atenção enquanto está brincando”, afirmou Marie Evans Schmidt, que liderou a pesquisa.
“Trata-se de um fator de risco crônico que afeta o ambiente da maioria das crianças norte-americanas”, disse a pesquisadora.
Schmidt sugere que os pais limitem o tempo de exposição de seus filhos à televisão.

Crianças a partir dos 3 anos têm habilidades matemática




Ilustração crianças têm habilidades matemática
Imagem reprodução - Chris Gash/The New York Times
Um novo estudo publicado recentemente, mostra que as crianças, a partir dos 3 anos, possuem um ‘senso numérico’ que pode estar ligado à aptidão matemática.
Melissa Libertus, psicóloga da Johns Hopkins University, e colegas examinaram algo chamado ‘senso numérico’, uma intuição – não envolvendo contagens – acerca do conceito de mais e menos. Isso existe em todas as pessoas, disse Libertus, incluindo crianças e povos indígenas sem qualquer educação formal.
Segundo publicado no jornal The New York Times, os pesquisadores mediram essa intuição em crianças pré-escolares exibindo grupos de pontos azuis ou amarelos, piscando numa trela de computador. As crianças tinham de estimar qual grupo de pontos era maior em número. Como a exibição era rápida, elas tinham de usar seu senso numérico em vez de contar os pontos.
“Nós estávamos interessados ​​em conhecer as primeiras habilidades matemáticas das crianças, bem antes de entrarem na escola”, disse Dr. Libertus. Compreender isto pode ajudar a nivelar o campo de matemática entre as crianças.
A pesquisa está publicada na edição recente do journal Developmental Science.

Como ajudar crianças superar atitudes negativas


Como ajudar crianças superar atitudes negativas





Como ajudar crianças superar atitudes negativasSe você pensa que é fácil a vida das crianças, só porque não precisam ter responsabilidades, está enganado. Na escola, elas experimentam rejeição constante de alguns colegas e levam essa experiência negativa, para diversas situações da vida. Sem contar que, muitas vezes, precisam enfrentar a incompreensão de alguns professores.
Por conta disso, as crianças podem ter dias tão ruins, quanto o de adultos. Pode estar mal humoradas e responder grosseiramente. É importante que antes de você tomar uma atitude mais severa, aceite a possibilidade de ela estar enfrentando uma situação adversa. Analisando seu comportamento, você descobrirá.
Vale considerar também que você pode ser responsável pela situação. Talvez tenha causado uma aflição em seu filho ou filha, mesmo sem querer. Ela pode estar com raiva, desejando que você fique distante. Descubra se é isso e dá um tempo. Raiva de criança passa rápido.
Algumas sugestões para ajudar as crianças
1. Sente-se junto com sua criança e leia um livro. Toda as crianças gostam de ouvir uma boa história.
2. Faça um passeio surpresa com seus filhos. Andar ao ar livre faz com que todos se sintam bem. É bom para o cérebro
3. Coloque uma música agradável e deixe-a tocando. Se necessário, dancem juntos.
4. Chame os avôs e deixe-os mostrar seu amor incondicional.
5. Diga a sua criança que você é feliz por tê-la e que a ama muito.
6. Faça o bolo ou os biscoitos que ela mais gosta. Sente-se com ela à mesa e comam juntos. Se ela rejeitar sua tentativa, tente outras ou então se afaste e deixe-a só. O tempo cura tudo.
7. Peça-a para convidar seus colegas e acompanhe-os ao parque. Brinque com eles. Vão se surpreender e rir de você.
8. Ir ao cinema também é uma boa opção. Se não tiver cinema em sua cidade, alugue um vídeo.
9. Façam atividades artísticas juntos.
É bem provável que agindo assim não precisará de punição, como proibir de ver televisão ou enviá-los para o quarto.

Saúde da criança à velhice é definida nos primeiros mil dias de vida






Imagem saúde da criança
Criança saudável comendo seu primeiro bolo de aniversário (Flickr CC: ChuckThePhotographer)
Se você é um bom pai ou uma boa mãe, leva seus filhos para a melhor escola, ajuda-os nos deveres de casa, paga escola de música, aula de inglês, entre outras coisas, está fazendo enorme bem para seu filho. Há, no entanto, outras coisas que você precisa saber sobre saúde da criança.
Um grupo crescente de pesquisadores acredita que os primeiros 1.000 dias de vida de uma criança são de extrema importância, pois definem suas perspectivas de saúde para toda a vida.
Segundo os cientistas, o que acontece durante os nove meses no útero e nos primeiros dois anos fora define a saúde da criança incluindo sua expectativa de vida; se ela, por exemplo, vai ter diabetes na faixa dos 40 ou 50 anos ou um ataque cardíaco na velhice.
Depois de décadas de pesquisa, o professor David Baker e colegas da Universidade de Southampton, acreditam que há um número crítico de estágios no desenvolvimento de uma criança. Para eles, se uma dessas fases não for perfeita, trará consequências no futuro.
E cita que a má nutrição, tabagismo, drogas, álcool e estresse podem custar caro no futuro, pois uma vez que o dano está feito não poderá mais ser desfeito.
Professor Barker acredita que muitos problemas de saúde podem ser rastreados por um baixo desenvolvimento no útero.
Ele demonstrou que um bebê que nasce com pouco peso é mais suscetível a ter doenças cardíacas, quando ficar adulto, do que um que teve melhor desenvolvimento no útero e nasceu mais pesado.
Acredita-se que quando a comida é escassa no útero, é canalizada para o cérebro da criança, deixando-a com o coração enfraquecido.
Bebês pequenos também são mais propensos a níveis elevados de colesterol. Isto é provável porque o fígado, que controla a quantidade de gordura saudável no sangue, também sofreu no útero para proteger o cérebro.
Enfim, a pesquisa, segundo o jornal britânico Daily Mail, defende a teoria de que os pais que mantêm um estilo de vida saudável, tanto antes quanto depois do nascimento do bebê vão dar ao seu filho o melhor começo de vida.

O corpo humano é engraçado – I






O esmalte natural do corpo humano não está nas unhas e sim nos dentes. Esmalte é uma substância brilhante e resistente formada por sais de cálcio que envolve a dentina, na região da coroa do dente.
Não é PADARIA, mas tem bolo, fermento, gelatina, açúcar, leite e massa.
Bolo. No corpo humano existem o bolo alimentar e o bolo fecal. O bolo alimentar é formado pelo conjunto de alimento ingerido que chega ao estômago. O bolo fecal é resultado das transformações sofridas pelo bolo alimentar. O bolo fecal é o que vulgarmente se chama de fezes.
Fermento. em nosso corpo existem diversos fermentos, como por exemplo, o suco gástrico. Fermento é a denominação mais preferencial da enzima que atua fora das células.
Gelatina. No corpo humano existem várias substâncias na forma de gelatina, como é o caso, por exemplo, do humor vítreo.
Açúcar. Entre os açucares presentes no corpo humano, merece destaque especial a glicose, nossa principal fonte de energia… A quantidade normal de glicose no sangue varia de 90 a 110 mg por mm3 de sangue, conforme se vê nos exames laboratoriais.
Leite. É um produto existente na mulher que amamenta. O leite materno é o melhor e mais importante alimento da criança.
Massa. No corpo humano podemos encontrar a massa muscular, a massa fecal e as massas branca e cinzenta, estas existentes no cérebro. A massa branca é responsável pela transmissão dos estímulos nervosos do cérebro para os demais órgãos e vice-versa.
(extraído do livro O CORPO HUMANO É ENGRAÇADO, de Daniel Walker)

Cientistas mostram que hormônio da “confiança


Cientistas mostram que hormônio da “confiança” é liberado no cérebro da mãe que amamenta


BBC , publicou uma matéria interessante sobre a descoberta de cientistas da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha. Eles mostraram pela primeira vez como um hormônio da “confiança” é liberado no cérebro da mãe durante a amamentação.
Eis mais detalhes do artigo:
A pesquisa, realizada em colaboração com outras universidades e institutos de Edimburgo (Escócia), França e Itália, apresenta mais provas de que a amamentação promove uma maior ligação entre mãe e bebê através de um processo bioquímico.
Segundo a equipe da Universidade de Warwick já se sabia que o hormônio oxitocina era liberado durante a amamentação, mas o mecanismo no cérebro para esta liberação ainda não tinha sido desvendado.http://www.bbc.co.uk/worldservice/images/2008/07/20080718130436080718feeding203.jpg
A oxitocina é produzida no hipotálamo, a parte do cérebro que controla a temperatura corporal, sede, fome, cansaço e a raiva. E também foi provado que a oxitocina promove os sentimentos de confiança e a redução do medo.
O hormônio também produz as contrações durante o parto e causa a liberação do leite nas glândulas mamárias.
O estudo foi divulgado na publicação científica PLoS Computational Biology.
Neurônios
Segundo a pesquisa, em resposta à amamentação, neurônios especializados no cérebro da mãe começam a liberar o hormônio.
Entretanto, a oxitocina é liberada de uma parte do neurônio chamada dendritos que, geralmente, recebe ao invés de transmitir informações.
Com o uso de um modelo matemático, os pesquisadores descobriram que esta liberação, a partir dos dendritos, permite um grande aumento na comunicação entre neurônios, coordenando um “enxame” de fábricas de oxitocina, o que produz explosões intensas dos hormônios.
Este é um exemplo de um “processo emergente” – uma ação coordenada que se desenvolve sem uma liderança, em um processo parecido com um enxame de insetos.
“Sabíamos que estes pulsos aumentam, pois, durante a amamentação, os neurônios que disparam a oxitocina fazem isso juntos, em explosões sincronizadas”, afirmou o líder do estudo, professor Jianfeng Feng.
“Mas descobrir exatamente como estas explosões eram desencadeadas era um grande problema sem explicação.”
“O modelo nos dá a possível explicação de um evento importante no cérebro que pode ser usado para estudar e explicar muitas outras atividades cerebrais parecidas”, acrescentou.