RESUMO: Este
artigo apresenta como proposta refletir sobre a Neuropsicopedagogia e suas
perspectivas para o ensino aprendizagem. Será feito um breve relato do
histórico da Neurociência, sua relação com a Neuropsicopedagogia e o trabalho
do neuropsicopedagogo. O embasamento teórico se dará através de livros e artigos
científicos visando à boa qualidade bibliográfica, bem como uma pesquisa de
campo, qualitativa, investigando do conhecimento ou não da Neuropsicopedagogia
no contexto educativo. As considerações finais irão contemplar um comparativo
entre os referenciais teóricos e a pesquisa de campo.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação.
Neurociências. Neuropsicopedagogia.
INTRODUÇÃO
Novo século, novas
mudanças, novos desafios, não se pode olhar mais a educação com uma perspectiva
de educação inclusiva, pois ela já está inserida neste contexto. Nossos olhares
devem se voltar em como atender melhor a todos os indivíduos dentro do ambiente
escolar, através de práticas de ensino que melhor se adequam a cada um. Ter a clareza que os
conteúdos são comuns a todos, mas a metodologia de trabalho deve estar pautada
em práticas que contemplem o indivíduo como seres únicos, capazes de aprender
independente de suas limitações.
A educação,
mesmo que num primeiro olhar não pareça, sempre está ligada a mudanças, a
reorganizações, a reaprendizagens, a novos olhares. Na mesma proporção que o
mundo vem se transformando, a educação também se encontra em constantes buscas.
Os cursos voltados à área educacional têm significativos avanços; profissionais
da área buscam, na medida do possível, constantes atualizações. A educação
continuada destes indivíduos cada vez mais tem se intensificando, pois não
basta apenas ter o conhecimento, se faz necessário profissionais que saibam
interagir com o mesmo.
Um dos grandes
referenciais da mudança educacional da última década, não traz nenhum nome de
teórico específico, mas sim, está pautado nos avanços neurocientíficos, representados
pela palavra “Neurociências”, que conforme Herculano-Houzel (2004), ainda é uma
ciência nova, tendo em torno de 150 anos, mas que a partir da década de 90 alcançou
um maior auge e vem proporcionando mudanças significativas na forma de perceber
o funcionamento cerebral. Estes avanços ocorreram devido a neuroimagem, ou
seja, o imageamento do cérebro. As contribuições
provindas das Neurociências despertaram interesse de vários seguimentos e entre
estes a Educação, no sentido da maior compreensão de como se processa a
aprendizagem em cada indivíduo.
Para maior
entendimento deste processo, se faz necessário que os profissionais envolvidos tenham
bem claro que as ações comportamentais de seus educandos provêm de atividades
cerebrais dinâmicas e que os conhecimentos das neurociências contribuem para
que sejam elaboradas atividades que desenvolvam tais funções. Dentro dessa abordagem,
se procurará mostrar o que é Neurociências, suas possíveis contribuições para a
área educacional, bem como a contextualização da Neuropsicopedagogia e sua
relação com o processo ensino-aprendizagem.
1. Neurociências
Imagem: BEAR, 2008 |
Durante séculos
muitos estudos foram realizados para entender o funcionamento do cérebro,
entretanto nomes tais como dos frenologistas[1] Franz Joseph Gall e J. G
Spurzheim (entre 1810 e 1819) e o neurologista John Hughlings Jackson, fizeram significativos avanços
proporcionando que Paul Broca e Carl Wernicke chegassem as localizações da área
de Broca e de Wernicke. Cabe ressaltar que as descobertas de Broca ocorreram em
1861 e as de Wernicke em 1876, e ambos tiveram seus estudos pautados em
pacientes lecionados e vivos, onde Gazzaniga (2006, p.23) enfatiza a
importância destas descobertas, pois na atualidade isso já não é mais novidade
para profissionais voltados às áreas neurocientíficas, mas
... há
pouco mais de 100 anos, as descobertas de Broca e Wernicke fizeram “tremer a
Terra”. Filósofos, médicos e os primeiros psicólogos assumiram um ponto de
partida fundamental: doenças focais causam déficits específicos. Naquela época,
os investigadores eram limitados em sua habilidade para identificar as lesões
dos pacientes. Os médicos podiam observar o local do dano – por exemplo, uma
lesão penetrante provocada por uma bala -, mas eles tinham que esperar o
paciente morrer para determinar o local da lesão. A morte podia levar meses ou
anos, e, em alguns casos, geralmente não era possível realizar a observação: o
médico perdia contato com o paciente após sua recuperação, e, quando este
finalmente morria, o médico não era informado e assim não podia examinar o
encéfalo e correlacionar a lesão cerebral com os déficits de comportamento da
pessoa.
Porém, o
entendimento maior se deu através dos estudos de Luria. Alexander
Romanovich Luria (1901–1978), durante a Segunda
Guerra Mundial, desenvolveu estudos com indivíduos portadores de lesão
cerebral, no qual catalogou cada paciente, mapeou as respectivas lesões
cerebrais e anotou as alterações no comportamento, tendo como objetivo
específico o estudo das bases neurológicas do comportamento. Estes estudos, de
certa forma simbolizaram um elo entre a psicologia e a neurociência, denominada
neuropsicologia.
Através disso Luria
constatou que o cérebro humano é composto por três unidades funcionais básicas,
sendo estas, necessárias para qualquer tipo de atividade mental.
A primeira unidade funcional é responsável
para regular o tônus cortical, a vigília e os estados mentais e é composta pela
formação reticular e pelo tronco encefálico.
A segunda unidade funcional, que é responsável
por receber, processar e armazenar as informações, que se compõe das partes
posteriores do cérebro (lobo parietal, occipital e temporal).
A terceira é a unidade para programar,
regular e verificar a atividade mental, constituindo-se pelas partes anteriores
do cérebro (lobo frontal).
Dessa forma, evidenciando as
importantes contribuições de Luria no processo ensino aprendizagem Tabaquim
(2003, p. 91) destaca que:
O cérebro é o órgão
privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é
fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem.
Na busca pela compreensão dos processor de aprendizagem e seus distúrbios, é
necessário considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as manifestações são,
em sua maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em
áreas de input (recepção do
estímulo), integração (processamento
da informação) e output (expressão da
resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o
meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem.
Assim como cada
ser humano tem impressões digitais diferentes, também possui sinapses cerebrais
diferentes, pois cada um tem suas vivências, o seu aprender do mundo e com o
mundo. E nesse sentido Ventura (2010, p.123), ao retratar sobre a neurociência
e comportamento no Brasil, enfatiza que a mesma possui uma importante interface
com a Psicologia e a define do seguinte modo:
A
neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a
fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O
controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração,
homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção,
reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória,
aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da
neurociência.
Faz-se
necessário destacar que a neurociência pode ajudar muito a todos indivíduos,
mas especialmente aqueles com transtornos, síndromes e dificuldades de aprendizagem
uma vez que se tem o entendimento da plasticidade cerebral, da busca de novos
caminhos para o aprender, das múltiplas inteligências propostas por Gardner.
2. Neuropsicopedagogia
Entender a
conexão cérebro x aprendizagem, proposta a partir do conhecimento da
Neurociência, apresenta-se como um dos assuntos mais procurados e um dos
grandes desafios educativos. Entretanto, considerando que a neurociência é uma
ciência nova, pode-se dizer que: a interface cérebro x aprendizagem necessita
de muito investimento científico, mas são profissionais das mais diversas áreas
que tem voltado seus estudos para este enfoque. Conforme estudos de
Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 205), demonstraram que:
...enquanto
milhares de estudos foram devotados para explicar vários aspectos da
neurociência (como animais incluindo humanos, aprendem), apenas uns poucos
estudos neurocientíficos tentaram explicar como os humanos deveriam ser
ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas de dissertações devotadas
ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou ‘métodos neurocientíficos de aprendizado’,
nos últimos cinco anos, a maioria documentou a aplicação destas técnicas, ao
invés de justificá-las.”
Uma das áreas
que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento é a Neuropsicopedagogia. Sua
primeira descrição no campo científico se deu através de Jennifer Delgado
Suárez, no artigo intitulado “Desmistificacion de la neuropsicopedagogía” onde
apresentou uma composição histórica da trajetória neuropsicopedagógica e ressaltou
sua importância para o contexto educativo.
FERNANDEZ (2010)
aponta para três pontos elucidativos da Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez:
1º Educação; 2º Psicologia e 3º Neuropsicologia. Educação no intuito de
promover a instrução, o treinamento e a educação dos cidadãos. A Psicologia com
os aspectos psicológicos do indivíduo. E, finalmente, a Neuropsicologia com a
teoria do cérebro trino, sendo que aqui oportunizou a teoria das múltiplas
inteligências, propostas por Gardner.
Conforme as autoras
colombianas, a Neuropsicopedagogia traz importantes contribuições à educação,
pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em sua totalidade. Mas,
afinal do que se trata a Neuropsicopedagogia? Para Hennemann (2012, p.11) a
mesma apresenta-se:
... como um novo
campo de conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados
aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de
ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem.
Através dos
conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a possiblidade de entender como se
processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo,
proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma
desmistificar a ideia de que a aprendizagem não ocorre para alguns; na verdade
sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto para uns ela vem acompanhada de
muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de
desenvolvimento do indivíduo.
Dentro desta
linha de pensamento as contribuições de Tokuhama-Espinosa (2008, apud Zaro,
2010, p. 204), podem ser consideradas de significativa importância e utilizadas
como elementos importantes nas intervenções neuropsicopedagógicas, que são elas:
a)
Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que
quando não têm motivação; b) stress impacta aprendizado; c) ansiedade bloqueia
oportunidades de aprendizado; d) estados depressivos podem impedir aprendizado;
e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como
ameaçador ou não-ameaçador; f) as faces das pessoas são julgadas quase que
instantaneamente (i.e. intenções boas ou más); g) feedback é importante para o
aprendizado; h) emoções têm papel-chave no aprendizado; i) movimento pode
potencializar as oportunidades de aprendizado; k) nutrição impacta o
aprendizado; l) sono impacta consolidação de memória; m) estilos de aprendizado
(preferencias cognitivas) são devidas à estrutura única do cérebro de cada
indivíduo; n) diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas
diferentes inteligências dos alunos.
Segundo as considerações
acima é possível afirmar que o ato de aprender é um ato complexo, não envolve
somente a questão de memorizar os conteúdos, é muito mais do que isso; aprender
envolve emoção, interação, alimentação, descanso, motivação entre outros.
O espaço educativo deve
estar aberto para novos profissionais que venham a somatizar a equipe
multidisciplinar que atendem o educando, por isso neuropsicopedagogos além de
ter uma visão de como ocorre a aprendizagem do educando, também possuem vistas
para a metodologia de ensino do professor, pautados nos estudos descritos
acima, possuem competência para orientar de que forma a aprendizagem pode se
tornar mais significativa tanto na metodologia do professor quanto no processo
de aprendizagem do aluno.
Também, cabe aqui ressaltar,
o enunciado feito por Hennemann (2012, p.11) descrevendo as práticas
neuropsicopedagógicas, atribuídas a estes profissionais...
O grande avanço da
Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro Sul Brasileiro de
Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto educacional os
profissionais da Neuropsicologia Clínica são capacitados para:
• Compreender o papel
do cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação
de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços da escola, cuja eficiência
científica é comprovada pela literatura, que potencializarão o processo de
aprendizagem.
• Intervir no
desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do
indivíduo.
• Adquirir clareza
política e pedagógica sobre as questões educacionais e capacidade de interferir
no estabelecimento de novas alternativas neuropsicopedagógicas e
encaminhamentos no processo educativo.
• Compreender e analisar
o aspecto da inclusão de forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades
de aprendizagem e sujeitos em risco social.
O neuropsicopedagogo,
profissional que está em constantes buscas de conhecimentos a cerca dos
transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o indivíduo possa estar
relacionado, terá ter condições de identificar nos indivíduos tais
sintomalogias, procurar identificar quais competências e habilidades que tais
indivíduos possuem, e propor uma intervenção neuropsicopedagógica, que com
certeza se fará acompanhada junto aos familiares, professores e equipe
pedagógica e demais profissionais que se fazem presentes na vida destes
indivíduos.
3. Pesquisa
neuropsicopedagógica
Como abordado
anteriormente tanto a Neurociência quanto a Neuropsicopedagogia ainda são
terminologias em que o campo educacional está presente, mas se faz necessário
maior divulgação e compreensão destas áreas. Em pesquisa feita, através de
dispositivos da web, objetivando abordar profissionais que tivessem algum conhecimento
a cerca da Neurociência, envolvendo nove questões, cinco objetivas e quatro
subjetivas, procurou-se investigar qual o entendimento que os profissionais
estão tendo a cerca do assunto. Quinze profissionais responderam ao
questionário, porém, através da análise das respostas, pode-se perceber a
seriedade e o comprometimento dos mesmos neste processo educativo.
Uma das
perguntas iniciais foi a idade dos participantes, sendo que o maior
índice (figura 1) estava na faixa etária dos 41 aos 50 anos.
A segunda questão perguntando
sobre sexo do entrevistado, os profissionais femininos mostraram-se mais
participativos, o que pode ser observado no gráfico (figura 2):
A profissão que maior teve
destaque na terceira questão foi professor, porém os psicopedagogos também
tiveram um número bastante significativo (figura 3).
Na questão envolvendo o grau
de instrução dos entrevistados o que mais apareceu foram profissionais
pós-graduados (figura 4).
Na quinta e última pergunta
objetiva, todos demonstraram ter conhecimento sobre Neurociências (figura 5).
Numa breve análise desta
primeira etapa pode se constatar que no universo educativo, ainda existe a
predominância feminina; contudo, também se pode afirmar que através dos dados
obtidos, os profissionais tem buscado sua qualificação continuada, pois
comparando o gráfico da idade com o gráfico do grau de instrução, pode se
perceber que: os profissionais não têm restringindo seus estudos somente na
graduação, mas sim, buscando novas etapas de estudos.
As próximas questões,
pautadas na subjetividade, se fez necessário extrair as respostas que tiveram
maiores semelhanças. Portanto, quando questionados sobre a maior contribuição
que as Neurociências trouxeram para a Educação, o que mais predominou foi a questão
da aprendizagem, da plasticidade, o entendimento dos mecanismos neurais que
levam o indivíduo à aprendizagem. Sendo assim, será feito o relato de algumas
respostas que venham a comprovar esta predominância...
“As
neurociências podem contribuir muito para a compreensão dos processos de
aprendizagem e não aprendizagem dos educandos, auxiliando o professor nas
intervenções e metodologias de trabalho mais efetivas. Agem que possibilitem
atender às diferenças para educar na diversidade”.
"Revelar
a importância do conhecimento das bases neurobiológicas da aprendizagem,
objetivando a construção de práticas pedagógicas mais consistentes e
assertivas, pautadas em evidências científicas, visando à promoção da aprendizagem.”
“Apesar,
de se tratar de conhecimentos científicos recentes, a neurociências contribui
para o entendimento dos profissionais de educação, que todos os indivíduos são
capazes de se desenvolverem e que há estratégias específicas possibilitando a
plasticidade cerebral e assim alcançando resultados positivos nos processos de
aprendizagem, que também nos apresenta novas visões em seu entendimento. Além
do mais, a neurociência também contribui nas questões referentes às políticas
de inclusão, favorecendo a socialização dos portadores de atenção diferenciada.
Possibilitando profissionais mais capacitados e atualizados nas instituições de
ensino. Objetivando a aprendizagem de todos, visando mais oportunidades de
igualdade nos bancos escolares.”
Perguntados sobre sua opinião
em qual o diferencial de um professor que tem o conhecimento de Neurociências,
as repostas mostraram-se novamente correlacionadas enfocando o aspecto do modo
de aprendizagem do aluno. Que o professor com esse conhecimento é capaz de...
“O
professor com conhecimento de neurociências é mais consciente em relação às
limitações e potencialidades dos alunos e sabe como aproveitá-las de modo
positivo.”
“Ser
capaz de correlacionar os objetivos de formação educacional com os mecanismos
neurobiológicos envolvidos na aquisição de conhecimento, de forma a facilitar e
persistência da informação transmitida.”
“O
professor que começa a ter conhecimento da neurociência faz um diferencial,
pois começa a perceber que é preciso “ensinar o indivíduo a aprender a aprender,
a aprender a pensar, a aprender a estudar, a aprender a se comunicar, e não
apenas reproduzir e memorizar informações, mas, sim, desenvolver competências
de resolução de problemas”. Com as informações adquiridas sobre o funcionamento
do cérebro a aprendizagem será mais eficaz."
Quando questionados sobre a
Neuropsicopedagogia, os quinze entrevistados relataram ter conhecimentos sobre
a mesma, sendo que se fará menção as seguintes contribuições:
“Já
ouvi falar, mas não com uma definição formal. Pela formação da palavra concluo
que seja uma abordagem neurológica aplicada à aprendizagem, e como essa é um
processo que tem a participação de processos psicológicos e da pedagogia
envolvida no ensino-estimulação, daí explica-se o porquê do psicopedagógico. Já
vi que essa abordagem associa os conhecimentos de neurologia com os estudos de
psicologia do desenvolvimento (Piaget, Vygotsky, Wallon).”
“É
um estudo mais avançado sobre pedagogia, psicopedagogia e neuro, na realidade é
junção dos três. Já que a pedagogia trabalha como ensinar, a psico estuda os
déficits e a neuro tudo sobre cérebro e quais soluções cabíveis a situação.”
Na última questão abordando
sobre a importância de um neuropsicopedagogo no contexto educativo, pode-se
afirmar a grande maioria elencou aspectos favoráveis à figura deste
profissional, uma vez que esse tem o entendimento das questões pedagógicas e
paralelo a isso, tem o entendimento das questões neuropsicológicas, sendo que
novamente se faz destaque a algumas colocações...
"Com
base em tudo que foi falado, fica clara a importância deste profissional no
contexto educativo, pois o neuropsicopedagogo é um profissional que oferece um
grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala
de aula se constituindo hoje, como um grande aliado do professor, diante deste
cenário tão diverso com a qual iremos nos deparar.”
“O
ideal seria tornar cada professor um neuroeducador, mas se tiver em cada escola
um neuropsicopedagogo já seria muito bom. O ensino com essas novas descobertas
provavelmente terão novas diretrizes. Muitas pesquisas estão em andamento sobre
a neuropsicologia. Temos que ter cautela ainda sobre tudo que aparece sobre
essas questões. Até chegar as pesquisas sobre a neuropsicopedagogia (descobertas
ligadas as aprendizagens do cérebro no aprender) é preciso muita cautela.”
Todas as respostas do
questionário poderão ser visualizadas no link descrito nas referências, sendo
que aqui se procurou dar um feedback daquelas que representassem as demais e
compartilhassem da mesma estrutura escritural. Também como foi mencionado
incialmente, através das respostas obtidas se pode comprovar o envolvimento e a
preocupação dos participantes com a qualidade educativa. O que vem a ser uma
das propostas da Neuropsicopedagogia, a de proporcionar benefícios para o
processo ensino-aprendizagem.
Considerações Finais
O contexto
educativo deve estar pautado em formas diferentes de aprendizagem, pois já é
comprovado que um único método de ensino não contempla a todos, pesquisas da
área de neurociência mostram as diversas áreas ativadas nos indivíduos nos
processos de aprendizagem, porém as grandes pesquisas giram em torno da área da
linguagem, principalmente nos casos de dislexia, porém Rotta (2006, p.18)
enfatiza que:
O avanço
das neurociências, em especial da neurologia, é de suma importância para o
entendimento das funções corticais superiores envolvidos no processo da
aprendizagem. Sabe-se que o indivíduo aprende por meio de modificações
funcionais do SNC, principalmente nas áreas da linguagem, das gnosias, das
praxias, da atenção e da memória. Para que o processo de aprendizagem se
estabeleça corretamente, é necessário que as interligações entre as diversas
áreas corticais e delas com outros níveis do SNC sejam efetivas.
Normalmente observamos que
todos comentam apenas as deficiências e as dificuldades da criança, fazendo
comparações com as crianças consideradas normais. Para o trabalho neuropsicopedagógico
precisamos elencar os aspectos positivos de seu comportamento e habilidades, já
que todo trabalho se baseia no desenvolvimento dessas habilidades.
A neurociência, conforme
dito anteriormente, ainda é uma área muito nova, principalmente no contexto
educativo. Muitos são os cursos voltados a ela, mas percebe-se que no cenário
educativo, as práticas neurocientíficas ainda se mostram desconhecidas e vistas
com indagações por aqueles que as desconhecem. O conforto das práticas “conteúdistas”
se contrapõe aos princípios da neurociência, uma vez que dentro dessa abordagem
o mais importante seria a aprendizagem do educando e não ao acúmulo de
conteúdos.
Por outro lado, a era da
informação tem permitido que um maior número de profissionais tivesse acesso a
conhecimentos ligados a neurociências, assim como tem surgido maior oferta de
cursos de atualização, seja em nível de extensão ou pós-graduação que facilitam
o acesso à informação. Frente a isso, ainda são poucas as pesquisas publicadas sobre
o assunto neurociência x educação e quando se une a questão neurociência à
questão Neuropsicopedagogia, mais restrito ainda se torna o assunto. A essência
existe, mas falta a coragem dos neuropsicopedagogos de mostrarem seus
trabalhos, expor suas práticas.
Também se
faz interessante perceber que no contexto educativo, não somente com a vinda da
inclusão, mas também com todo modo de vida contemporânea, outros aportes vieram
consigo: são laudos médicos, medicações diversas, dúvidas na metodologia
ensino-aprendizagem. Tudo isso, necessita de profissionais capacitados, que
saibam indicar caminhos para que cada um realmente seja visto na sua essência,
na sua individualidade.
A Neuropsicopedagogia ainda
é um livro com muitas páginas em branco, sua importância já aparece bem nítida
nos depoimentos respondidos através do questionário, mas os profissionais desta
área precisam mostrar aos demais o que estão fazendo, como o estão fazendo. O
livro precisa ocupar lugar no tempo e no espaço das livrarias de nosso país.
REFERÊNCIAS:
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CENTRO
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FERNANDEZ,
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Neuropsicopedagogía a la pedagogia. La visión de Jennifer Delgado
em: Desmistificación de la Neuropsicopedagogía. Colômbia, ASOCOPSIP, 2010.
Disponível em http://licenciadospsicologiaypedagogia.blogspot.com/2010/02/aportes-de-la-neuropsicopedagogia-la.html
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HENNEMANN,
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HERCULANO-HOUZEL,
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Revista Eletrônica Ciências & Cognição, Vol 15, 2010. Disponível online em http://www.cienciasecognicao.org
acesso em 15.08.2012.
[1]
Frenologia é o estudo da
estrutura do crânio de modo a determinar o carácter das pessoas e a sua
capacidade mental. Esta pseudociência baseia-se na falsa assunção de
que as faculdades mentais estão localizadas em "órgãos" cerebrais na
superfície deste que podem ser detectados por inspeção visual do crânio. O
físico vienense Franz-Joseph Gall (1758-1828) afirmou existirem 26
"órgãos" na superfície do cérebro que afetam o contorno do crânio,
incluindo um "órgão da morte" presente em assassinos. Gall era
advogado do principio "use-o ou deixe-o". Os órgãos do cérebro que
eram usados tornavam-se maiores e os não usados encolhiam, fazendo o crânio
subir ou descer com o desenvolvimento do órgão. Estes altos e baixos refletiam,
de acordo com Gall, áreas especificas do cérebro que determinam as funções
emocionais e intelectuais de uma pessoa. Gall chamou a este estudo
"cranioscopia." (in:http://skepdic.com/brazil/frenologia.html)
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