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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O que determina a memória de curto prazo?


Cientistas demonstram correlação entre bandas de actividade eléctrica cerebral

2011-12-16
Experiências com o EEG no Instituto Nencki (Foto: Nencki Institute)
Experiências com o EEG no Instituto Nencki (Foto: Nencki Institute)

Pela primeira vez, cientistas do Instituto Nencki de Biologia Experimental da Academia Polaca de Ciências em Varsóvia conseguiram provar experimentalmente que a capacidade de memória de curto prazo depende de um modo especial dois ciclos da actividade eléctrica cerebral.
A memória de curto prazo desempenha um papel crucial no funcionamento de nossa consciência. Um ser humano consegue processar conscientemente de cinco a nove partes de informações simultaneamente. Em 1995, cientistas da Universidade de Brandeis, em Waltham, USA, sugeriram que a capacidade de memória de curto prazo poderia depender de duas bandas de actividade eléctrica cerebral: as ondas Teta e Gama. No entanto, só agora, através de experiências conduzida no Instituto Nencki foi possível provar que realmente existe essa relação.

De acordo com a notícia avançada pelo Instituto Nencki, no exame de eletroencefalografia (EEG) que os cientistas efectuaram, foram colocados vários eléctrodos na cabeça do paciente. Os sinais eléctricos do cérebro gravados mostram ondas de diferentes frequências, como as ondas Teta com frequência de 4-7 Hz e as Gama com frequência de 25-50 Hz. Estas ondas são usadas para reter informações no cérebro. Os investigadores observaram então que a amplitude das ondas Teta e Gama aumentou quando as pessoas foram obrigadas a armazenar mais informações na memória a curto prazo.

O psicólogo Jan Kamiński, autor principal das experiências, explica que “a hipótese formulada por Lisman e Idiart em 1995 assume que somos capazes de memorizar tantos ‘pedaços’ de informações quanto mais ciclos Gama existirem para o ciclo Teta. A investigação até à data apenas apoiava indirectamente esta hipótese”.

Um ‘pedaço’ da informação refere-se à sua proporção na memória, pode ser um número, uma letra, ideia, situação, imagem ou cheiro. “Ao criar experiências sobre a capacidade de memória é preciso ser cuidadoso para não tornar demasiado fácil para o assunto agrupar muitos ‘pedaços’ só num”, sublinha Jan Kamiński. E exemplifica: “ A sequência de números 2, 0, 1, 1 é fácil de agrupar no número correspondente ao ano em curso. Em vez de quatro ‘pedaços’ de informação passamos a ficar com apenas um”.


Jan Kamiński (Foto: Nencki Institute)
Jan Kamiński (Foto: Nencki Institute)

Interpretar o comprimento de ondas Teta e Gama do EEG não é fácil pois estas ondas não são directamente visíveis no sinal. Por isso Jan Kamiński propôs um novo método para determina-las.

Durante a experiência, os investigadores gravaram a actividade eléctrica do cérebro em 17 voluntários em repouso, de olhos fechados, durante cinco minutos. Em seguida filtraram os sinais e analisaram não os ciclos mas as suas correlações. Apenas com base nas correlações descobertas determinou-se a relação entre o comprimento da onda Teta para a onda Gama e a capacidade de memória verbal de curto prazo foi determinada. “Observámos que quanto mais longos eram os ciclos Teta, mais ‘pedaços’ de informação os voluntários eram capazes de lembrar; quanto mais longo o ciclo Gama, menos lembrado era o assunto”, explicou Jan Kamiński.

Uma vez que a capacidade de memória de curto prazo afecta os efeitos de raciocínio, actualmente os investigadores estão a realizar estudos para desenvolver a forma mais eficaz de treiná-la.
pesquei Ciência hoje

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