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sábado, 2 de novembro de 2013

O que fazer com os medos na infância?






Juju, 4 anos, não fica um segundo sozinha no escuro. Pedrinho, 3 anos, chora sem parar se um cachorro chega perto. Bibi, 5 anos, não dorme sozinha no seu quarto de jeito algum. Esses simples e comuns casos de medos na infância geram um grande estresse aos cuidadores, pois muito deles não entendem o porquê das crises de medo e consequentemente, não sabem lidar com isso.

Então, tudo o que é preciso é entender os medos de cada fase da infância.
Primeiramente, deve-se deixar de lado o conceito que medo é algo negativo. Em geral, o medo é benéfico (exceto quando em excesso) e está inscrito no nosso código genético por isso, não é a toa que nosso corpo reage quando sentimos medo. Assim, sob efeito do medo as batidas do coração aumentam,a pressão sanguínea sobe, os açucares inundam o sangue e aumentam as secreções da supre-renal e da hipófise. Deste modo o corpo se prepara para lutar, fugir, imobilizar-se e etc. Portanto, seria muito mais preocupante se seu filho não sentisse essas reações psicofísicas do medo, pois ele não teria receio de se jogar  pela janela do prédio onde mora.

O medo está totalmente relacionado ao desenvolvimento infantil. Nas primeiras semanas de vida, o bebê não tem consciência do mundo a sua volta. A percepção de si mesmo e do mundo se difundem com as sensações experimentadas por meio do contato com a mãe, portanto, ele é necessita do outro para tranquilizá-lo. Só quando começa a se distinguir da mãe que o bebê passa a perceber a própria fragilidade. A evolução do desenvolvimento motor e cognitivo (pensamento) faz com que ele perceba alguns perigos e enfrente-os. Por este motivo que os temores mudam de tempos em tempos, pois está relacionado com o que a criança pode ou não enfrentar.

Os medos infantis podem se dividir em: inatos (aqueles que estão presentes desde o nascimento e está ligado a sobrevivência), os que aparecem aos longo do crescimento e os que estão relacionados a traumas. Barulhos, flashes luminosos e movimentos repentinos causam medos nos bebês, provocando o choro (que sinaliza para mãe que seu filho está em perigo).

Seguindo o desenvolvimento da criança e por volta do segundo semestre de vida, surge o medo do desconhecido e da separação. Nesta fase a criança não vai no colo de quem não conhece, deixa de sorrir para todos e fica brava quando a mãe se afasta. Essas atitudes costumam deixar os pais preocupados, pois eles acham que a criança esta deixando de se socializar, mas isto não é verdade. Esses comportamentos sinalizam que o bebê está se desenvolvendo mentalmente, pois ele está notando coisas que não notava antes e está fortalecendo os laços com quem o protege.

Por volta de 1 a 3 anos é comum surgir medos de animais, isso acontece porque a criança começa a  ultrapassar seus limites habituais e se aventurar pelo mundo. Como se trata de um medo normal para a idade, na maioria das vezes não é necessário fazer algo para eliminá-lo. Observando a reação dos outros e habituando-se à presença dos animais, a maioria das crianças supera naturalmente esse desconforto, a menos que viva uma experiência desagradável, como uma mordida. Portanto, se esse é o medo do seu filho, tente mostrar com suas atitudes que não precisa temer o animal. Lembre-se que seu comportamento é um modelo para a criança, por isso é comum a criança apresentar o mesmo medo daquele que convive com ela.

Entre 2 a 6 anos pode surgir o famoso medo do escuro. Um recém- nascido não teme o escuro, pois ainda não está habituado a luz. Porém, a partir dos 2 anos o dia passa a ser referência e assim, sombras, passos e ruídos passam a ser bem mais assustadores de noite do que de dia. Aos 3 anos a imaginação começa a ficar aguçada, assim surge o receio a temporais, bruxas e seres imaginários que poderiam se esconder no escuro. Nessa mesma fase a criança passa a se dar conta de fatos da realidade como: doenças, morte, violência e outros. Certos medos se originam de vivências dolorosas não elaboradas (doenças, acidentes, morte de pessoa próxima etc.).

A partir dos 6 anos a criança tem cada vez mais maior capacidade de compreensão da vida, portanto, o escuro, os monstros e os ruídos já não assustam tanto. Agora o que as crianças passam a temer  são fatos da realidade como: a dor, a doença, a morte, o abandono, a rejeição dos colegas na escola e outros relacionados a socialização.

O medos infantis se manifestam até os 12 anos (em geral) e esses temores se explicam pela instabilidade de cada fase evolutiva, porém não se pode dizer que um adolescente não tem medo. Em geral, eles temem a problemas corporais, sexuais e sociais.

 Diferente do adulto que já tem referências precisas e estáveis, os modelos de conduta das crianças estão em constante mudanças.Elas ainda dependem dos outros e podem se sentir emocional e fisicamente paralisada diante de situações ameaçadoras. Depois de um grande susto ou em situações angustiantes que se prolongam, é comum que a criança retome comportamentos típicos de estágios anteriores, nos quais se sentia mais protegida e segura. Se esses medos se prolongarem e não forem superados, podem se tornar patológicos causando extrema angústia e receio de perder o controle de si. Quando o medo está além da normalidade do desenvolvimento evolutivo e causa sofrimentos, ele é denominado de fobia, sendo difícil de controlá-los  e geralmente deflagrados por traumas. Nesses casos é necessário recorrer a ajuda de um profissional especializado como um psicólogo e/ou psiquiatra.





pesquei na net
Ana Paula Miessi Sanches (Psicóloga)

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