Memória e Aprendizagem
Memória são todos os fatos, eventos, emoções e
desempenhos que recordamos, sendo alguns por curtos períodos, outros para toda
vida. Apesar de vivenciarmos situações juntamente com demais indivíduos que nos
cerca, nossas memórias serão diferentes, pois cada um possui sua
individualidade.
Nosso cérebro dispõe de múltiplos sistemas de memória,
com diferentes características e envolvendo diferentes redes neuronais. Através
de estudos neurocientíficos descobriu-se que a formação de novas memórias
depende da plasticidade sináptica, entretanto falta ainda aprofundar de que
forma realmente estes mecanismos neuronais se fazem presentes na recordação.
Izquierdo (2011) em seus estudos voltados à memória
refere-se a ela como,
Aquisição, formação,
conservação e evocação de informações. A aquisição é também chamada de
aprendizado ou aprendizagem: só “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança,
recuperação. Só lembramos aquilo que
gravamos, aquilo que foi aprendido.[...] O acervo de nossas memórias faz com
que cada um de nós seja o que é: um indivíduo, um ser para o qual não existe
outro idêntico. (IZQUIERDO, 2011, p. 11)
Casos de falhas de memória são frequentes, mas na maioria
das vezes são relapsos, contudo com o avançar da idade a falta de estimulação
adequada e/ou surgimento de doenças neurológicas fazem com que a memória se
torne mais debilitada.
Não existe nenhuma
área cerebral individual dedicada a armazenar toda a informação que aprendemos.
A memória de trabalho (presente na memória de curta duração) armazena no cérebro
informação consciente por um curto período de tempo. O armazenamento passivo de
maior quantidade de informação é
designado memória de longa duração.
Tipos
de memória
1.
Memória
Declarativa
A memória declarativa (também chamada explícita) armazena
e evoca informação de fatos e de dados levados ao nosso conhecimento através
dos sentidos e de processos internos do cérebro, como associação de dados,
dedução e criação de ideias. Esse tipo de memória é levado ao nível consciente
através de proposições verbais, imagens, sons etc.
è Episódica-
A memória declarativa inclui a memória de fatos vivenciados pela
pessoa (memória episódica)
è Semântica - De informações adquiridas pela transmissão do saber de
forma escrita, visual e sonora (memória semântica).
2.
Memória
Não- declarativa (implícita)
èProcedural
ou de procedimentos- A memória de procedimento armazena dados relacionados à
aquisição de habilidades mediante a repetição de uma atividade que segue sempre
o mesmo padrão. Nela se incluem todas as habilidades motoras, sensitivas e
intelectuais, bem como toda forma de condicionamento. A capacidade assim
adquirida não depende da consciência. Somos capazes de executar tarefas, por
vezes complexas, com nosso pensamento voltado para algo completamente
diferente. Por exemplo, aprender a andar de bicicleta ou tocar um instrumento
musical é um conhecimento de procedimento que depende do aprendizado de
habilidades motoras especificas e normalmente requerem múltiplas repetições.
èPriming
- Considera-se que a memória pode ser evocada por meio de "dicas"
(fragmentos de uma imagem, a primeira palavra de uma poesia, certos gestos,
odores ou sons).
èAssociativa-
Empregamos a memória associativa, por exemplo, quando começamos a salivar pelo
simples fato de olhar para um alimento apetitoso, por termos, em algum momento
de nossa vida associado seu aspecto ou cheiro à alimentação.
è Não-associativa-
Por outro lado, usamos a memória não associativa quando, sem nos darmos conta,
aprendemos que um estímulo repetitivo, por exemplo, o latido de um cãozinho,
não traz riscos, o que nos faz relaxar e ignorá-lo.
Lembramos que também existem as falsas memórias...
FALSAS
MEMÓRIAS - por vezes nosso cérebro estabelece memórias que são
falsas na sua origem, normalmente porque um evento é interpretado de maneira
errada.
Memória que se imaginou (esperou ver) e não do que de
fato esteve (algo parecido e confundido);
Também podem ser criadas durante o que parece ser uma
recordação (pessoa está convencida que algo aconteceu, pode reformular o evento
a partir de esboços de outras memórias e então vivenciá-la como se fosse uma
recordação “real”).
No campo educativo,
voltado às descobertas da Neurociência, Sprenger (2008) cita 7 passos
essenciais para o ensino da memória, tornando a aprendizagem mais
significativa, segunda a autora “A memória é um processo que requer repetição,
e é a memória que proporciona o nosso retorno no tempo”.
Imagem extraída do livro: Memória de Marilee Sprenger |
DIFICULDADES NA MEMÓRIA
Assim como existem crianças que tem dificuldades para
responder ou perceber adequadamente os estímulos, existem outras que tem
dificuldade para guardá-los na memória de trabalho e depois utilizar a
informação. Nas estratégias utilizadas é importante considerar:
Além
disso, ressaltamos disso ressaltamos as atividades propostas no quadro
abaixo, procurando desenvolver a qualidade da memória e melhorar a
retenção...
Também, dentro da perspectiva das
propostas de GÓMEZ & TERÁN, apresentadas nos quadros anteriores,
enfatizamos algumas atividades que desenvolvem a Memória Visual...
ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A QUALIDADE DA MEMÓRIA VISUAL
• Apresentar
às crianças objetos de uso comum, por exemplo, um carro, uma xícara, um lápis,
etc. São apresentados a ela os objetos e pede-se a ela que abra os olhos, em
seguida feche os olhos. Escondem-se os objetos, pede-se a ela que abra os olhos
e os nomeie. Isto pode complicar-se progressivamente com um maior número de
objetos com a idade da criança.
• Utilizar
fotos ou ilustrações de objetos familiares começando com duas ilustrações e
chegando até cinco. Pede-se a ela que nomeie os objetos da esquerda para a
direita, retiram-se as ilustrações e pede-se à criança que nomeie na mesma
ordem.
• O mesmo
exercício anterior, porém somente apresentando as ilustrações em separado sem
nomeá-las. Pede-se à criança que as memorize e ao final nomeie os objetos apresentados.
• Apresenta-se
á criança uma série de cartões com linhas verticais coloridas. A progressão
cresce com um número maior de linhas verticais e de cores utilizadas. Pede-se a
ela que reproduza a sequência com palitos coloridos ou de forma gráfica com as
cores correspondentes. É importante mencionar que deve ter atenção à sequência
correta das cores.
• Colocar
cinco objetos em fila sobre a mesa do professor. Pode-se aos alunos que
retenham a ordem na qual estão posicionados os objetos. Ao entrar, a criança
que estava fora tem que adivinhar qual objeto foi mudado de lugar. É importante
ter em conta a idade para a quantidade de objetos que são colocados.
• Apresentar,
durante um determinado tempo, ilustrações geométricas e pedir à criança que
reproduza cada cartão.
• Apresentar
ilustrações com letras. Pede-se que depois as reproduza no papel. A quantidade
de letras pode ir aumentando de acordo com a idade.
• Apresentar
uma figura durante uns segundos. Mostrar a seguir uma ilustração onde a figura
está representada junto a outras de categoria mais ou menos próxima. Pedir que
identifique a figura observada. Podem ser utilizadas figuras geométricas,
números, letras, sinais de trânsito, notas musicais, etc. A complexidade do
exercício varia de acordo com as figuras utilizadas para identificação, a
similaridade com outras figuras da ilustração e o tempo de exposição.
• Pedir-lhe
que desenhem ou escrevam de memória os objetos da sala de aula, o que
observaram no caminho de uma sala até outra, no caminho de casa, etc.
• Sete alunos
colocam-se em frente à classe. Pede-se ao restante do grupo que os observem e
memorizem seus colegas: seu penteado, como estão vestidos, etc. Depois de um
minuto de observação o grupo de crianças saem da sala e mudam entre elas seus
sapatos, relógios, penteados, bonés, jaquetas, etc. Em seguida voltam a entrar
na sala e pede-se ao grupo que digam as mudanças que ocorreram.
Referências Bibliográficas:
ABREU, Neander;
MATTOS, Paulo. Memória. In:
MALLOY-DINIZ, Leandro F. AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA. Porto Alegre: Artmed,
2010.
ERNÉ, Silvio A. O exame do estado mental do paciente.
In: CUNHA, Jurema Alcides. PSICODIAGNÓSTICO V. Porto Alegre: Artmed, 2000.
GÓMEZ, Ana Maria S.;
TERÁN, Nora Espinosa. Dificuldades de aprendizagem: detecção e estratégias de
ajuda. EQUIPE CULTURAL (trad.). Brasil: Cultural, S.A.
IZQUIERDO, Iván. Memória. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
MARSHALL, Jessica. Esquecer para lembrar. Mente e
cérebro. São Paulo: Duetto, ano XV, nº
183, abril, 2008.
PINTO, Graziela
Costa. O livro do cérebro 3:
memória, pensamento e consciência. São Paulo: Duetto, 2009.
PINTO, Graziela
Costa. O livro do cérebro 4:
envelhecimento e disfunções. São Paulo: Duetto, 2009.
SPRENGER, Marilee. Memória: Como ensinar para o aluno
lembrar. São Paulo: Penso, 2008.
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