O que é AVC?
O acidente vascular cerebral, ou derrame
cerebral como é popularmente conhecido, ocorre quando há um entupimento ou o
rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro provocando a paralisia da área
cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada. Segundo a Organização Mundial de Saúde o AVC
pode ser definido como “um sinal clínico de desenvolvimento rápido de uma
perturbação focal da função cerebral de possível origem vascular e com mais de
24 horas.” Sendo assim compreendido como uma dificuldade em maior ou menor grau
de fornecimento de sangue em uma determinada área do cérebro, ocasionando
sofrimento ou morte desta área, consequentemente acarretando perda ou
diminuição das funções.
Em 2010, a secretaria de saúde de São Paulo
fez um alerta para o risco de AVC para crianças com até 14 anos, pois em 2008
ocorreram 266 casos e 177 em 2009.
Tipos de AVC
Isquêmico: entupimento dos vasos que levam
sangue ao cérebro.
O AVC
isquêmico pode ocorrer nas seguintes situações;
- TROMBOSE ARTERIAL: É a formação de um
coágulo de sangue (como se o sangue “endurecesse”) dentro de um vaso,
geralmente sobre uma placa de gordura (aterosclerose), levando a uma obstrução
total ou parcial. Os locais mais frequentes são as artérias carótidas e
cerebrais. Assim, se houver obstrução total da carótida direita, por exemplo,
“à parte da frente da metade direita do cérebro” estará comprometida,
determinando problemas (paralisia, perda de sensibilidade, etc.) na metade
esquerda do corpo.
- EMBOLIA CEREBRAL: Surge quando um coágulo
(formado num coração doente por arritmia, problema de válvula, etc.) ou uma
placa de gordura (ateroma), que se desprende ou se quebra geralmente das
artérias carótidas, correm através de uma artéria até encontrar um ponto mais
estreito, não conseguindo passar e obstruindo a passagem se sangue.
Hemorrágico: rompimento do vaso provocando
sangramento no cérebro. As hemorragias intracranianas são classificadas de
acordo com a localização (extradural, subdural, subaracnóide, intraventricular,
intracerebral), a natureza do vaso rompido (arterial, capilar, venoso) ou a
causa (primária ou espontânea, secundária ou provocada). Os dois principais sub
tipos de AVC hemorrágicos são as Hemorragias Intracerebrais e as Hemorragias
Subaracnóides.
- HEMORRAGIAS INTRACEREBRAIS: O sangramento
ocorre diretamente no parênquima cerebral. Uma idade mais avançada e uma
história de AVC prévio são os principais fatores de riscos para ocasionar uma
hemorragia intracerebral. O sangue arterial irrompe sobre pressão e destrói ou
desloca o tecido cerebral. Quando o paciente sobrevive a uma hemorragia
cerebral, o sangue e o tecido necrosado são removidos por fagócitos. O tecido
cerebral destruído é parcialmente substituído por tecido conectivo, glia e
vasos sanguíneos neoformados, deixando uma cavidade encolhida e cheia de
líquido. Os locais mais afetados são o putâmen, caudado, ponte, cerebelo,
tálamo ou substância branca profunda.
O quadro clínico é determinado pela localização
e tamanho do hematoma. Ele se caracteriza por cefaleia, vômitos e evolução de
sinais focais motores ou sensoriais de minutos a horas. A consciência por vezes
se altera desde o início, sendo esta frequentemente uma característica
proeminente nas primeiras 24 a 48 horas nos hematomas moderados e grandes. O
diagnóstico e a localização são facilmente estabelecidos pela Tomografia
Computadorizada, que mostra a elevada densidade do sangue agudo.
- HEMORRAGIAS SUBARACNÓIDE: Ocorre com menos
frequência do que a hemorragia intracerebral. Na hemorragia subaracnóide, o
sangue extravasa de um vaso arterial para o espaço subaracnóide. O sangue de
uma artéria rompida é liberado com uma pressão quase equivalente à pressão
arterial sistêmica, ao contrário da hemorragia intracerebral, onde a ruptura
arteriolar ocorre mais gradualmente e com pressões menores. A súbita liberação
de sangue sob pressão leva a um traumatismo celular direto, bem como rápido
aumento da pressão intracraniana. Ela é causada mais comumente pelo vazamento
de sangue a partir de um aneurisma cerebral.
Outras causas secundárias que podem ocasionar hemorragias subaracnóide
incluem malformações arteriovenosas, distúrbios hemorrágicos ou anticoagulação,
traumatismo, amiloidose e trombose do seio central. Os sinais e sintomas
incluem início abrupto de uma forte cefaleia, vômitos, alterações da
consciência e coma; essas alterações ocorrem frequentemente na ausência de
sinais focais de localização. A hemorragia subaracnóide afeta pacientes mais
jovens e mulheres mais frequentes que os homens. A mortalidade é elevada,
podendo chegar até 70% nos quadros mais graves. Entre os que sobrevivem, novos
sangramentos imediatamente subsequentes e déficits neurológicos isquêmico
tardios por vasoespasmo podem ocasionar uma grave morbidade.
Tratamento de AVC
O tratamento e a reabilitação da pessoa vitimada por um AVC dependerá
sempre das particularidades que envolvam cada caso. Há recursos terapêuticos
que podem auxiliar na restauração das funções afetadas. Para que o paciente
possa ter uma melhor recuperação e qualidade de vida, é fundamental que ele
seja analisado e tratado por uma equipe multidisciplinar de profissionais da
saúde, fisioterapeutas, médicos, psicólogos e demais profissionais. Seja qual
for o tipo do acidente, as consequências são bastante danosas. Além de estar
entre as principais causas de morte mundiais, o AVC é uma das patologias que
mais incapacitam para a realização das atividades cotidianas.
Conforme a região cerebral atingida, bem como de acordo com a extensão
das lesões, o AVC pode oscilar entre dois opostos. Os de menor intensidade
praticamente não deixam sequelas. Os mais graves, todavia, podem levar as
pessoas à morte ou a um estado de absoluta dependência, sem condições, por
vezes, de nem mesmo sair da cama.
A pessoa pode sofrer diversas complicações, como alterações
comportamentais e cognitivas, dificuldades na fala, dificuldade para se
alimentar, constipação intestinal, epilepsia vascular, depressão e outras
implicações decorrentes da imobilidade e pelo acometimento muscular. Um dos
fatores determinantes para os tipos de consequências provocadas é o tempo
decorrido entre o início do AVC e o recebimento do tratamento necessário. Para
que o risco de sequelas seja significativamente reduzido, o correto é que a
vítima seja levada imediatamente ao hospital.
Entretanto, ressalta-se alguns sintomas mais característicos do quadro
clínico:
• Perda súbita de força em um dos lados do
corpo;
• Perda da fala ou compreensão da fala;
• Perda da visão completa de um olho ou de
metade do campo visual de ambos os olhos;
• Perda de consciência;
• Convulsões;
• Perda da coordenação;
• Alteração da marcha
Os
danos são consideravelmente maiores quando o atendimento demora
mais de 3 horas para ser iniciado, entretanto com o avanço
neurocientífico, sabe-se que o AVC pode causar danos depois de apenas 3
minutos.
Conforme Prado, 2011, existem fatores de risco que podem causar o AVC,
alguns são modificáveis e outros não.
Fator de risco não-modificável: A idade. A cada década, após os 55 anos
de idade, o risco de ter um AVC dobra. Estima-se que em 2050, só no Brasil,
serão mais de 16 milhões de pessoas com mais de 80 anos. Dados do Hospital
Albert Einstein indicam que após os 80 anos os casos de AVC são bem mais comuns
em mulheres.
Fatores de risco modificáveis: Pressão alta, diabetes, colesterol alto,
obesidade, etilismo, tabagismo (quem fuma tem 600% a mais de chance de ter um
AVC) e sedentarismo.
Geralmente
os AVCs ocasionam lesão em apenas um lado do cérebro, porém como os
nervos do cérebro cruzam em direção ao outro lado do corpo, os sintomas
ocorrem no lado oposto ao lado lesado do cérebro.
Prevenção
Muitos fatores de risco contribuem para o seu aparecimento. Alguns
desses fatores não podem ser modificados, como a idade, a raça, a constituição
genética e o sexo. Outros fatores, entretanto, podem ser diagnosticados e
tratados, tais como a hipertensão arterial (pressão alta), a diabetes mellitus,
as doenças cardíacas, a enxaqueca, o uso de anticoncepcionais hormonais, a
ingestão de bebidas alcoólicas, o fumo, o sedentarismo (falta de atividades
físicas) e a obesidade. A adequação dos hábitos de vida diária é primordial
para a prevenção do AVC.
Cuidados pós AVC
Em trabalho realizado por Perlini e Faro (2005)
falando sobre o cuidar do acidentado vascular cerebral, as autoras trazem
apontamentos sobre as mais diversas situações que necessitam ser desempenhadas
pelos familiares destes indivíduos, pois dependendo da intensidade do AVC, se
faz necessário todo um trabalho em conjunto procurando melhoras significativas
o mais breve possível, pois segundo elas,
A realização de
atividades de reabilitação é uma forma do indivíduo enfrentar a doença crônica
e de “assumir novos encargos”. Os exercícios fisioterápicos e/ou
fonoaudiológicos são vistos pelo paciente e familiares como uma possibilidade,
a curto prazo, de retorno “ao que era antes do AVC”. Porém, por ser o progresso
muito lento, muitas vezes, as dificuldades e a dor durante a realização dos
exercícios frustram essas expectativas. A consciência dessa situação gera
sentimentos de desanimo que associado a outras dificuldades, como de transporte
e recursos financeiros, com o passar do tempo levam a uma diminuição na adesão
ao tratamento e paciente e família vão gradativamente “abandonando” os
exercícios. Os cuidados relacionados à atividade física do sequelado de AVC
exigem tratamento prolongado e contínuo, em torno de oito meses a um ano.
(PERLINI E FARO, 2005, p. 161)
Também as autoras, através de suas pesquisas,
apresentam uma tabela demonstrando quais os cuidados com os acidentados
vasculares necessitam desde o hospital até o ambiente familiar:
Piassaroli(2012,p.135-136) contribui com
significativas sugestões e orientações:
•
Orientar o cuidador a avaliar a
integridade da pele, dos cabelos, das unhas e a higiene bucal do
paciente, principalmente quando o mesmo encontrar-se no leito;
• Para maior segurança e independência do
paciente no banho, recomenda-se o uso de barras de apoio na parede, o uso de
tapetes antiderrapantes e a utilização de uma cadeira no boxe;
• Orientar quanto ao posicionamento na
cama e na postura sentada;
• O posicionamento adequado do paciente precisa
ser considerado em relação ao ambiente, de modo a incentivá-lo a olhar para o
lado comprometido, proporcionar-lhe
todos os estímulos visuais, auditivos e sensitivos;
• Orientar os cuidadores a estimular o
paciente a utilizar o lado afetado, como
por exemplo, ao dialogar com o paciente
posicionar-se ao lado do membro
comprometido;
• O uso de chinelo deve ser evitado, pois
dificulta o andar do paciente. Utilizar sapatos com solado antiderrapante,
fácil de colocar e retirar sozinho;
• As camas não devem ser muito baixas, pois dificultam
os movimentos de sentar e de levantar;
• Usar fitas adesivas antiderrapantes em
pisos escorregadios;
• Instalar corrimãos para oferecer mais
segurança ao paciente;
• Estimular sempre o familiar a realizar
atividades com o paciente, de modo que ele não fique acomodado ou dependente.
Isso evita que o mesmo perca a força muscular, agilidade, interesse e ânimo,
essenciais à manutenção da independência
funcional e na prevenção de quedas;
• Evitar exercícios que estimulem o padrão
flexor, como por exemplo, não realizar exercícios de apertar bolinhas com a mão
comprometida, pois esses exercícios
fortalecem a musculatura flexora que é
padrão no paciente com AVC;
•
Não excluir o paciente afásico da
conversação ou responder por ele; manter orações curtas e simples, sem
muita informação; proporcionar tempo para o paciente responder e trocar
de assunto; organizar as perguntas de forma que elas possam ser
respondidas com sim, não, ou alguma outra forma de resposta;
•
A dança terapia é um método que fornece
estímulos, despertando áreas adormecidas, possibilitando
autoconhecimento
físico, fazendo com que os pacientes
criem consciência de ultrapassar seus
próprios limites, auxiliando no desenvolvimento do cognitivo, memória,
bem-estar geral, coordenação muscular. Essa terapia traz grandes
benefícios, como
diminuição da rigidez muscular, auto-expressão, interação do paciente
consigo
mesmo e com os outros, inclusão social e
melhorar a qualidade de vida;
• Incentivar o treino em ações bimanuais;
• Manter ambientes bem iluminados, para
evitar acidentes domésticos;
• Cuidados com o ombro comprometido durante
manipulações, visto que é frequente a dor e a subluxação devido a anatomia da
articulação glenoumeral, que predispõe
ao quadro;
• Proporcionar ao paciente ambientes ricos
em estímulos visuais, auditivos e
sensitivos;
• Auxílio a deambulação(locomoção, caminhada), quando
necessário, com auxílio de andador,
bengala, órtese ou muleta, de acordo com
o quadro do paciente.
Referências Bibliográficas:
PERLINI, Nara. FARO, Ana Cristina. Cuidar de pessoa incapacitada por acidente vascular cerebral no
domicílio: o fazer do cuidador familiar. Revista Esc Enfermagem USP, 2005.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n2/05.pdf
Acesso em 03/10/2012
PIASSAROLI, Cláudia. Et al. Modelos de
Reabilitação Fisioterápica em Pacientes Adultos com Sequelas de AVC Isquêmico.
Revista de neurociências, 2012. Disponível em http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2012/RN2001/revisao%2020%2001/634%20revisao.pdf
Acesso em 03/10/2012
PRADO, Wilame. AVC é a doença que mais mata no Brasil.
Disponível em http://www.odiario.com/blogs/wilameprado/2011/08/30/avc-e-a-doenca-que-mais-mata-no-brasil/ Acesso em
03/10/2012
RODRIGUES, Ubirajara. Avanços Estratégicos: Rede de atenção ao
AVC terá reforço de R$ 437 milhões. Disponível em http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/2963/162/rede-de-atencao-ao-avc-tera-reforco-de-r$-437-mi.html Acesso em
03/10/2012
Tipos de AVC. Disponível em http://avcacidentevascular.webnode.pt/acidente-vascular-cerebral/tipos-de-avc/ Acesso em
03/10/2012
SISSAUDE. Rápido atendimento ao paciente com AVC pode diminuir
risco de sequelas. Disponível em http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=15306 Acesso em 03/10/2012
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