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sábado, 9 de março de 2013

O novo




mindasks (fonte)


A primeira vez que sentimos algo (ver, ouvir, tocar, cheirar, saborear), costumamos ficar um pouco desnorteados. Como pode um sistema aparentemente tão desenvolvido não conseguir discernir a novidade, o inusitado?

Costumo dizer que o cérebro vive no passado enquanto os sentidos vivem para o presente. Aquele só percebe os acontecimentos ou os objetos que de alguma forma já lhe deixaram uma marca por meio das memórias. Só assim ele os reconhece. Já os sentidos, juntos, tentam ser generalistas, não preconceituosos, abertos. O objetivo deles é detectar o mínimo sinal de ameaça, o mínimo sinal de familiaridade, o menor sinal que seja passível de uma interpretação.

Algo jamais visto ou experimentado não pode ser objeto de compreensão. É preciso que o cérebro comece por uma intersecção de entendimento. Antes, é necessário que ele reconheça, no sentido exato da palavra.

O exemplo da foto é bastante ilustrativo: temos uma figura aparentemente sem sentido. No entanto, tudo começa com a percepção das manchas pretas e brancas. O seu cérebro já reconhece o conceito de cor, mancha, desenho, profundidade. Em um segundo momento, dizemos a você que a figura representa um cachorro. Especificamente, um dálmata. O seu cérebro pode demorar um pouco para assimilar o que está acontecendo. Mas, uma vez que ele tenha percebido a imagem do cachorro, jamais olhará para a figura de outra maneira. A memória já criou os seus atalhos.

Moral da história: o totalmente novo não começa repentinamente. A informação vai "comendo pelas beiradas", encontra contextos de intersecção, vínculos. Todas as revoluções partem de alguma compreensão do passado. A inovação parte da assimilação e do cruzamento de ideias. Nós duvidamos de descobertas espetaculares porque acreditamos que a mente, de alguma forma, já "esperava" por elas.








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