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De onde
vêm as boas ideias? É nesse sentido que a ciência tem o seu valor,
quando
proporciona algumas respostas para certas perguntas que fazemos. As
respostas científicas sempre foram promissoras, mas vários
questionamentos careciam de muito mais que
simplesmente testar hipóteses: a vida é dinâmica e as respostas, muito
estáticas. Nesse contexto, uma pergunta sempre me motivou: de onde parte
o primeiro
sinal, aquela primeira despolarização neuronal quando agimos, ou quando
temos uma ideia? Surge espontaneamente dentro do cérebro ou é a segunda
parte de um processo que tem início nos estímulos ambientais?
Esta
segunda possibilidade sugere que o cérebro seria um grande
relé sináptico, onde todas as informações extra-cerebrais para
ele convergiriam, sendo então elaboradas para produzir respostas – o
comportamento. A percepção nesse caso poderia ter surgido desse novelo
compreendido entre os estímulos e as respostas; esse enovelado complexo
que passou a gerar estímulos
internos, sem a necessidade de um objeto ali, presente. Nunca me pareceu
a mente uma energia independente, com doutrinas próprias, que só se
utilizava das vias neurais para servi-la.
Como o próprio erro de Descartes já dizia, penso ser mais confortável enxergar a mente uma secreção
do cérebro, assim como a saliva, para as glândulas salivares.
Mas o que exatamente seria a imaginação? Assim
como um computador depende de um estímulo para trabalhar (por exemplo,
alguém digitando), e as suas respostas são de certa forma previsíveis porque
dependem da estrutura do aparelho (definição da tela, hardware, software, saídas
de vídeo e som, etc), a mente também dependeria de estímulos.
Imaginação é a
faculdade de conceber objetos pelo pensamento, inventar, criar;
entretanto, só
conseguimos pensar em situações ou objetos que já foram ao menos em
parte experimentados. Imagine algo surreal: uma tartaruga de asas voando
pelo espaço. Todas as partes dessa ideia existem separadamente e são
concebíveis: tartaruga, asas, voar e espaço.
Criar uma
ideia, como Steve Jobs disse, é ligar as coisas. Vale acrescentar
que submeter a
mente a todo tipo de estimulação aumenta a nossa memória de trabalho, e o
número
de associações possíveis passa a ser maior. A criatividade nos permite
uma
melhor adaptação ao mundo, e um melhor relacionamento com as pessoas. As
boas ideias começam quando associamos as informações captadas por
nossos sentidos,
e isso é ampliado quando decidimos por abri-los de vez para o mundo.
Agora, para que tais ideias definitivamente se tornem boas, é necessário
um último e importante passo: aplicá-las bem.
mindasks@gmail.com
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