segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
RECEITA DE ANO NOVO
Carlos Drummond de Andrade:
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Adianta ficar cabisbaixo?
A depressão é praticamente uma epidemia mundial, como havia
prevenido Sigmund Freud, o mal do século. Em uma das postagens deste blog, foi
visto que o transtorno poderia ser explicado por um excesso de conectividade
entre as regiões frontais cerebrais e o restante do cérebro. Como se o
indivíduo ficasse resignado aos próprios pensamentos.
A depressão não é uma “doencinha qualquer”: dados oficiais
revelam que a taxa de suicídios, por exemplo, aumentou 17% em 10 anos, de 1998
a 2008. Aos mínimos sintomas de uma indisposição que não melhora para as
atividades do dia a dia, choro fácil, preferência por ficar em casa a maior
parte do tempo, afastado dos círculos sociais, um especialista deve ser
consultado. Falta energia, ânimo, surgem dores difusas e inexplicáveis pelo corpo
e uma sensação de esgotamento parece desvaler o dia. O sono não vem... Você já
se sentiu assim?
Contudo, o que mais pode ser útil além de reconhecer os
sintomas depressivos e tomar a decisão acertada de procurar um especialista? Mudar
o jeito de encarar o problema. É difícil perceber, mas eventualmente as pessoas
se habituam aos sintomas da depressão, cultivam e perpetuam os efeitos desse
transtorno, seja porque o próprio organismo se acostuma com os novos hábitos, seja
em função do chamado ganho secundário. A centralização da atenção por parte das
pessoas próximas e a perda da responsabilidade sobre os acontecimentos diários,
pois o indivíduo foi agora rotulado como uma pessoa doente e incapaz, são só alguns
exemplos deste ganho.
Situações que dependem principalmente da própria
pessoa: erguer a cabeça, manter a mente aberta para estímulos novos e fugir ativamente
dos pensamentos ruins, até que se tornem menos importantes. Andar cabisbaixo
cria vícios de postura, faz perder oportunidades e afasta ainda mais as
pessoas. Como diria Augusto Cury, ser feliz é, antes de tudo, passar de vítima
a autor da própria história.
mindasks (fonte)
Você sabia que algumas epilepsias podem se manifestar por crises de medo súbito, sem explicação?
O
cérebro é um órgão elétrico. Sim, o conceito básico da transmissão da
informação entre as partes do sistema nervoso reflete propriedades elétricas.
Os neurônios se despolarizam em sequência, respeitando as propriedades intrínsecas
de suas membranas celulares, geralmente no sentido corpo neuronal/axônio. Este
impulso elétrico pode atravessar junções celulares em uma sinapse elétrica, ou
pode estimular a liberação de neurotransmissores em um outro tipo de sinapse, a
química.
A maior
parte das crises epilépticas são eventos paroxísticos (curtos e intensos) da
atividade cerebral, que de alguma forma não foram inibidos, e que respondem por
uma atividade anormal de um determinada área cortical. Enquanto as crises
epilépticas parciais surgem de disparos de grupos de neurônios disfuncionais, nas
crises já inicialmente generalizadas, o problema se inicia em áreas mais
remotas e se dissemina de forma simultânea para todo o encéfalo, resultando no “desligamento”
imediato da consciência: o desmaio.
Por
assim dizer, nem toda crise epiléptica é uma convulsão, termo especificamente utilizado
para caracterizar os abalos motores. Como se observa na imagem acima, dependendo da
região cerebral eletricamente disfuncional, os sintomas variam. A título de
exemplo, as epilepsias dos lobos temporais, intimamente relacionados com
expressões primitivas do comportamento emocional, manifestam-se curiosamente em
alguns indivíduos por um sentimento de medo repentino.
O
estudo neurofisiológico do comportamento de determinadas epilepsias traz à tona
um conflito: até que ponto controlamos conscientemente as nossas emoções?
mindasks (fonte)
O atendimento da crise epiléptica em 12 passos
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A
foto acima ilustra o que qualquer pessoa deve fazer ao presenciar uma
crise epiléptica tônico-clônica generalizada. Mas e depois, na unidade
de saúde, o que deve ser feito? Já na emergência, em conjunto com uma
equipe de saúde preparada,
o médico deve se guiar por um processo diagnóstico estruturado. Uma
crise
epiléptica requer alguns cuidados e uma investigação detalhada para que
se possa
definir o melhor tratamento para cada caso. Tomando como base o livro
‘Emergências Clínicas Baseadas em Evidências’, redigido pela Faculdade
de
Medicina da Universidade de São Paulo, listamos 12 passos fundamentais a
serem
seguidos pelo profissional que se depara com uma em crise epiléptica:
1) Estabilização clínica, conforme preconizado
pelos protocolos de suporte básico e avançado de vida;
2) Exame clínico geral, incluindo parâmetros
hemodinâmicos, temperatura, glicemia capilar, saturação de oxigênio;
3)
Exame neurológico, com ênfase na pesquisa da
rigidez de nuca e fundo de olho;
4)
Investigação do uso de medicamentos, drogas ilícitas
e possibilidade de abstinência (principalmente os sedativos hipnóticos,
depressores do SNC e álcool etílico);
5)
Obtenção de dados de história sobre lesão
neurológica prévia ou epilepsia;
6) Em pacientes epilépticos, obtenção de dados
sobre quais medicações faz uso e eventual não-aderência ao tratamento;
7) Realização de exames laboratoriais para afastar
os principais distúrbios hidroeletrolíticos relacionados a crises: glicemia,
uréia, creatinina, sódio, cálcio, fósforo, magnésio, hemograma e gasometria
arterial;
8) Dosagem sérica de drogas antiepilépticas, útil
em pacientes previamente epilépticos;
9)
Eletrocardiograma (para afastar arritmias e
síndrome do QT longo);
10)
Exame de imagem do crânio (ressonância magnética
ou tomografia computadorizada, dependendo da disponibilidade, urgência e
capacidade de cooperação do paciente). Nos pacientes epilépticos com etiologia
já investigada pode-se, criteriosamente, prescindir de novo exame de imagem. A
tomografia pode ainda ser necessária para excluir lesões secundárias à crise,
como traumatismo craniano;
11) Exame do líquor, fundamental nos casos de
suspeita de meningite ou encefalite;
12)
Investigação de foco infeccioso sistêmico, em
casos selecionados.
mindasks ( fonte)
Que doença é essa?
O caderno de Joãozinho |
Joãozinho
era um dos alunos mais inteligentes da escola onde estudava, no município de
Jequié, interior da Bahia. Há seis meses atrás, logo após completar 9 anos de
idade, Joãozinho começou a apresentar problemas na escrita.
Tido
como dono de um dos cadernos mais caprichados da turma, Joãozinho, que era
canhoto, começou a escrever verdadeiros “garranchos”. Engraçado que, ao tentar
escrever com a mão não dominante, as palavras pareciam até mais legíveis em
alguns momentos. Fato é que Joãozinho piorou o desempenho escolar, as notas
caíram, preocupando a professora. Durante as aulas de educação física, os
colegas começaram a isolá-lo por conta das frequentes quedas. O quadro
progrediu lentamente; em 40 dias, Joãozinho já acordava toda manhã queixando-se
de dores de cabeça difusas, eventualmente, associadas a vômitos. Nesse período,
passou também a ser motivo de chacota para os colegas: falava como se estivesse
bêbado. Foi então que sua mãe decidiu levá-lo a uma consulta médica.
DICA 1:
Esse é o caderno de Joãozinho (acima).
DICA 2:
Joãozinho realizou uma fundoscopia, exame no qual se utiliza um oftalmoscópio
para avaliar a retina e as demais estruturas do fundo dos olhos. Foi
diagnosticado velamento e elevação das margens das papilas ou, se preferir, dos
discos de ambos os nervos ópticos. Tal sinal denomina-se papiledema e
relaciona-se com um aumento da pressão intracraniana.
DICA 3:
Durante a avaliação da marcha de Joãozinho, o médico notou que ele andava de
maneira instável, com os pés distantes um do outro e desviados lateralmente. Ao
tentar se locomover na direção do examinador, Joãozinho cambaleava para o lado
esquerdo, tendo que ser amparado para não cair.
ÚLTIMA
DICA: Parte dos sintomas foi causada por uma hidrocefalia obstrutiva, que
ocorreu com a progressão da doença de base.
DISCUSSÃO:
DISCUSSÃO:
Joãozinho,
um garoto inteligente e aplicado, que foi gradativamente perdendo o seu bom aprendizado
na escola. A educação formal no mundo moderno tem importante valor
sociocultural. O bom desempenho escolar é indicativo de futuro sucesso social.
Nesse contexto, o mau desempenho escolar pode ser definido como um rendimento
escolar abaixo do esperado para determinada idade, habilidades cognitivas e
escolaridade, e deve ser visto como um sintoma relacionado a várias etiologias.
Ressalta-se ainda que, independentemente da etiologia, o mau desempenho escolar
resulta em problemas emocionais (baixa autoestima, desmotivação) e preocupação
familiar, além de repercussão em diversas esferas: individuais, familiares,
escolares e sociais. Diante de uma criança com essa suspeita, é fundamental
buscar a causa e, consequentemente, traçar o melhor tratamento individualizado.
As causas são variadas, podendo ser decorrentes de dificuldades pedagógicas propriamente
ditas (problemas no ensino, condições socioculturais desfavoráveis e pouco estimuladoras),
como também em função de patologias e transtornos clínicos associados
(transtornos da leitura, da escrita, da matemática, transtorno do déficit de atenção
e hiperatividade (TDAH), transtornos do desenvolvimento de coordenação (TDC), transtornos
neuropsiquiátricos, patologias neurológicas e outras condições médicas em geral).
Joãozinho foi vítima de uma patologia neurológica adquirida: o astrocitoma
pilocítico cerebelar.
Em relação aos sintomas
O que
podemos concluir em relação aos sintomas apresentados por Joãozinho? O primeiro
sinal apresentado na estória foi uma dificuldade para escrever com a mão
dominante, a esquerda. Quando analisamos o caderno de Joãozinho, notamos que
sua escrita era irregular, hesitante, angulosa, desigual, ora muito carregada
ora demasiado leve e havia uma tendência para a macrografia. Tal escrita é
típica de lesões cerebelares hemisféricas. Algo bastante relevante no caso
clínico postado é a ordem cronológica em que os sintomas apareceram; esta nos
permitirá topografar onde surgiu a lesão num primeiro momento e como ela
progrediu. Uma análise importante a ser feita é que Joãozinho não apresentava
fraqueza na mão, apenas uma incoordenação durante um movimento específico – a escrita
–, o que também favorece o diagnóstico de uma lesão cerebelar hemisférica, no
caso, do mesmo lado do sintoma, à esquerda.
As
síndromes cerebelares em humanos podem ser divididas em dois grandes grupos: a síndrome da linha mediana e a síndrome do hemisfério cerebelar. No
primeiro caso, está acometido o arquicerebelo (lobo floculonodular). Os
sintomas principais são anormalidades da postura e da marcha, variando de
ligeiro alargamento da base ao caminhar à incapacidade total; ilustram o quadro
indivíduos com degeneração cerebelar provocada pelo álcool e crianças portadoras
de um tumor primitivo e geralmente agressivo, o meduloblastoma. Esse tumor
quase sempre se origina da parte posterior do verme e manifesta-se pela marcha
instável; por vezes os pais levam a criança ao médico queixando-se das
constantes quedas. Já as lesões hemisféricas produzem ataxia apendicular e
perturbação da coordenação das extremidades corporais do mesmo lado lesionado,
mais do braço que da perna. O exame neurológico evidenciaria dismetria
(incapacidade de estimar a amplitude do movimento voluntário), dissinergia
(decomposição do movimento), disdiadococinesia (incapacidade de realizar
movimentos sucessivos rápidos), tremor de intenção, hipotonia muscular,
disartria (fala “escandida”) e, eventualmente, nistagmo (a fase rápida é para o
lado da lesão). São exemplos os astrocitomas cerebelares, a esclerose múltipla
e o acidente vascular cerebelar.
Algumas
condições afetam difusamente o cerebelo, causando alterações da linha mediana e
de ambos os hemisférios. Os doentes podem ter nistagmo, ataxia da marcha e do
tronco e incoordenação apendicular. Dentre as causas dessa síndrome pancerebelar, citamos algumas drogas, síndromes atáxicas
espinocerebelares hereditárias, toxinas, a degeneração paraneoplásica e grandes
lesões tumorais.
Joãozinho
apresentou nos últimos meses um quadro que inicialmente contemplava uma
síndrome do hemisfério cerebelar esquerdo. Com a progressão da lesão, houve
acometimento das estruturas medianas provocando um quadro postural e atáxico de
marcha; foi quando começou a ter episódios de quedas frequentes.
Posteriormente, o quadro piorou e Joãozinho começou a apresentar uma síndrome de hipertensão intracraniana (cefaleia
matinal, vômitos e papiledema). Provavelmente, a lesão inicial ganhou novas
proporções e passou a comprimir o IV ventrículo, ocasionando hidrocefalia
obstrutiva e aumento gradativo da pressão intracraniana.
Em
suma, o raciocínio para o caso do Joãozinho deve partir do pressuposto de que
havia uma lesão no hemisfério cerebelar esquerdo, expansiva, a qual evoluiu com
compressão do verme cerebelar, finalmente, colabando o IV ventrículo.
Neuroanatomia do cerebelo. http://neurocienciayplasticidadcerebraluned.blogspot.com.br/ |
O diagnóstico diferencial dos tumores da
fossa posterior
Os
tumores do sistema nervoso central só não são mais comuns que as leucemias, na
faixa etária pediátrica. Em se tratando de tumores sólidos, aquelas lesões são
as mais incidentes. De todas as neoplasias encefálicas em crianças, 50% estão
localizadas na fossa posterior, mesmo que esta contemple apenas 25% de todo o
conteúdo intracraniano. É comum a associação de lesão expansiva na fossa
posterior e hidrocefalia não comunicante, o que torna o procedimento de
derivação liquórica habitual nesses casos.
Existem
quatro tipos de tumores na região supracitada que merecem destaque: o meduloblastoma,
o astrocitoma cerebelar, o ependimoma e o glioma de tronco. Quando se fala em
síndrome do hemisfério cerebelar pura, o astrocitoma cerebelar deve ser questionado
como uma primeira hipótese diagnóstica. Vale ressaltar que, uma vez suspeitando-se
de um tumor do sistema nervoso, os métodos de neuroimagem são extremamente
importantes. A tomografia computadorizada de crânio com contraste costuma ser o
primeiro exame a ser solicitado, seguida de uma ressonância nuclear magnética.
Esta, o exame de escolha para avaliar lesões na fossa posterior.
Os astrocitomas cerebelares
Quase
sempre benignos, pouco invasivos, geralmente localizados em um hemisfério
cerebelar. Histologicamente costumam ser pilocíticos e, eventualmente, fibrilares.
Ocorrem na faixa etária dos 5-15 anos, com sinais clínicos de hipertensão
intracraniana e síndrome cerebelar, conforme já discutido. Podem ser totalmente
sólidos, cístico-sólidos, císticos com nódulo mural, císticos com captação de
contraste em toda a parede do cisto e policísticos. Têm um bom plano de
clivagem e não são rotineiramente muito vascularizados. Costumam captar
contraste e ser hipo- ou isointensos em relação ao parênquima cerebelar nos
exames não contrastados. Para diferenciar, os meduloblastomas, por exemplo,
costumam ser hiperdensos nos exames não contrastados e restringir a difusão nas
técnicas complementares de ressonância magnética; os ependimomas costumam
apresentar calcificações e projeções para os espaços liquóricos.
Ressonância magnética T1 com contraste: astrocitoma pilocítico cerebelar. http://anatpat.unicamp.br/rpgastropilo14.html |
O que irá acontecer a Joãozinho?
Joãozinho
primeiramente deverá ser tratado com corticóides e submetido a uma derivação
liquórica, resolvendo o quadro urgente de hidrocefalia obstrutiva. Dentre as
técnicas, pode-se utilizar a terceiroventriculostomia endoscópica, a derivação
ventricular externa ou a válvula de derivação ventrículo-peritoneal. Logo que tratada
a hipertensão intracraniana, seria programada a abordagem neurocirúrgica do
tumor.
O
tratamento dos astrocitomas cerebelares é basicamente cirúrgico. O objetivo é a
excisão completa da lesão, entretanto, caso permaneçam fragmentos residuais,
poderá optar-se pelo seguimento ambulatorial tendo em vista que o crescimento desses
tumores é lento. Haveria o risco de sequelas, mas Joãozinho poderia sim evoluir
para uma cura completa.
Fica então
a dica para os profissionais das áreas da saúde, os educadores e todos aqueles
que lidam com crianças que estão em idade escolar. Reconheçam os sinais de alarme
e procurem a melhor solução técnica e social, individualizada para cada caso.
mindasks( fonte)
A especialização dos lobos cerebrais
A especialização dos lobos cerebrais
Clique para ampliar |
Didaticamente
o cérebro pode ser subdividido em cinco lobos anatômicos. A divisão funcional
dessas regiões não é tão perfeita quanto a própria divisão neuroanatômica,
entretanto, é possível apontar algumas funções de certa forma peculiares a cada
lobo. A figura acima procura ilustrar tais funções. Abaixo, elas estão descritas
em maiores detalhes:
Lobo frontal
O lobo
frontal pode ser subdividido em quatro áreas funcionais: a área motora primária, as áreas
pré-motoras e motoras suplementares,
a área de Broca e o córtex pré-frontal.
A área motora
primária constitui a maior parte do giro pré-central. Contém quase todos
os
corpos celulares dos neurônios que originam as vias motoras
descendentes, sendo ativada na iniciação dos movimentos voluntários. As
áreas pré-motoras e motoras
suplementares ocupam o restante da circunvolução pré-central, envolvendo
também
porções adjacentes dos giros frontais superior e médio. Estão também
funcionalmente relacionadas com a iniciação dos movimentos voluntários,
principalmente o planejamento. A área de Broca
corresponde às porções opercular e triangular do giro frontal inferior.
Localiza-se, preferencialmente na população, no hemisfério esquerdo.
Suas funções estão associadas à escrita e à fala. O córtex pré-frontal é
todo o restante do lobo frontal.
Essa região relaciona-se com a regulação e inibição de comportamentos e a
formação de planos e intenções. As alterações provocadas no lobo frontal
teriam
como consequência dificuldades de atenção, concentração e motivação,
aumento da
impulsividade e da desinibição, perda do autocontrole, dificuldades em
reconhecer a culpa, hipersexualidade, dificuldade em avaliar as
consequências das ações praticadas, agressividade e
aumento da sensibilidade ao álcool, bem como incapacidade de
aprendizagem com a
experiência (fonte: mapadocrime.com.sapo.pt).
Lobo parietal
Pode
ser subdividido basicamente em três áreas funcionais: a área somatossensitiva primária, uma parte especializada do lóbulo parietal inferior no hemisfério esquerdo e o restante do córtex parietal. A área da
sensibilidade primária corresponde ao giro pós-central e está relacionada com a
iniciação do processamento cortical da informação, seja ela tátil, proprioceptiva,
térmica ou dolorosa. Em conjunto com o lobo temporal, geralmente no
hemisfério esquerdo, porções do lóbulo parietal inferior estão envolvidas na
compreensão da linguagem. O restante do córtex parietal relaciona-se com a orientação
espacial, a percepção dos objetos e do próprio corpo. Indivíduos com
danos nos lobos parietais geralmente demonstram profundos déficits, tais como
anormalidades na imagem corporal e nas relações espaciais. Danos ao lobo
parietal esquerdo podem resultar na chamada Síndrome de Gerstmann.
Esta inclui confusão entre esquerda e direita, dificuldade de escrita (agrafia) e dificuldades
com o pensamento matemático (acalculia).
Também pode produzir desordens na linguagem (afasia) e inabilidade em
perceber objetos (agnosia).
Danos ao lobo parietal direito podem resultar em negligência a uma parte do
corpo ou do espaço (negligência
contralateral), a qual abala muitas das habilidades de cuidado
próprio, tais como vestir-se e banhar-se. Danos no lado direito também podem
causar dificuldades para a realização de tarefas (apraxia),
a negação de déficits (anosagnosia) e perda das habilidades para desenhar (fonte: Neuroanatomia funcional, 2ª edição, Adel
K. Afifi e Ronald A. Bergman).
Lobo temporal
O lobo
temporal, por sua vez, pode ser subdividido funcionalmente na área auditiva
primária, na área de Wernicke, porções inferiores do lobo temporal relacionadas
ao processamento da informação visual e a parte mais medial do lobo temporal,
relacionada com aprendizagem e memória. A área auditiva primária está
localizada
em parte da superfície superior do lobo temporal que se continua com uma
pequena área do giro temporal superior. A área de Wernicke, localizada
na porção
posterior também do giro temporal superior, geralmente no hemisfério
esquerdo, é importante para a compreensão da linguagem. Alguns
autores estendem esta área para o lóbulo parietal inferior e para o giro
temporal médio. Como estas áreas circundam a fissura de Sylvius são
muitas
vezes referidas como zona da linguagem perisylviana (fonte: Neuroanatomia funcional, 2ª edição, Adel K. Afifi e Ronald A. Bergman).
Lobo occipital
O lobo
occipital praticamente está todo relacionado à visão.
A área visual primária está contida nas paredes do sulco calcarino e do córtex
envolvente. A área visual de associação, envolvida com o processamento da
informação visual, está representada pelo restante do lobo occipital,
estendendo-se também para o lobo temporal, o que reflete a importância da visão
para a espécie humana (fonte: http://saude-info.info/funcao-do-lobo-occipital.html).
Lobo da ínsula
Até
pouco tempo, a ínsula era caracterizada como uma das áreas mais primitivas do
cérebro, envolvida em atividades básicas como alimentação e sexo. Recentemente,
novos estudos determinaram outras funções mais complexas. Por exemplo, na porção frontal da ínsula, experiências
sensoriais são transformadas em emoções e sentimentos, como nojo, desejo,
decepção, culpa, ressentimento, orgulho, humilhação, arrependimento, compaixão
e empatia. A ínsula está ativada quando o organismo é preparado para situações
premeditadas. Quando, por exemplo, alguém tem de sair de casa e lá
fora faz frio, ela é ativada de modo a ajustar o metabolismo para enfrentar a
situação. Além disso, a ínsula modula a resposta do organismo a estímulos
dolorosos. Curiosamente, em pacientes vítimas de fobias e de transtorno
obsessivo-compulsivo, a ínsula registra atividade intensa (fonte: neurologista
Mauro Muszkat e revista Science).
De onde vêm as boas ideias
http://visualoop.tumblr.com/post/15715562329/where-do-ideas-come-from |
De onde
vêm as boas ideias? É nesse sentido que a ciência tem o seu valor,
quando
proporciona algumas respostas para certas perguntas que fazemos. As
respostas científicas sempre foram promissoras, mas vários
questionamentos careciam de muito mais que
simplesmente testar hipóteses: a vida é dinâmica e as respostas, muito
estáticas. Nesse contexto, uma pergunta sempre me motivou: de onde parte
o primeiro
sinal, aquela primeira despolarização neuronal quando agimos, ou quando
temos uma ideia? Surge espontaneamente dentro do cérebro ou é a segunda
parte de um processo que tem início nos estímulos ambientais?
Esta
segunda possibilidade sugere que o cérebro seria um grande
relé sináptico, onde todas as informações extra-cerebrais para
ele convergiriam, sendo então elaboradas para produzir respostas – o
comportamento. A percepção nesse caso poderia ter surgido desse novelo
compreendido entre os estímulos e as respostas; esse enovelado complexo
que passou a gerar estímulos
internos, sem a necessidade de um objeto ali, presente. Nunca me pareceu
a mente uma energia independente, com doutrinas próprias, que só se
utilizava das vias neurais para servi-la.
Como o próprio erro de Descartes já dizia, penso ser mais confortável enxergar a mente uma secreção
do cérebro, assim como a saliva, para as glândulas salivares.
Mas o que exatamente seria a imaginação? Assim
como um computador depende de um estímulo para trabalhar (por exemplo,
alguém digitando), e as suas respostas são de certa forma previsíveis porque
dependem da estrutura do aparelho (definição da tela, hardware, software, saídas
de vídeo e som, etc), a mente também dependeria de estímulos.
Imaginação é a
faculdade de conceber objetos pelo pensamento, inventar, criar;
entretanto, só
conseguimos pensar em situações ou objetos que já foram ao menos em
parte experimentados. Imagine algo surreal: uma tartaruga de asas voando
pelo espaço. Todas as partes dessa ideia existem separadamente e são
concebíveis: tartaruga, asas, voar e espaço.
Criar uma
ideia, como Steve Jobs disse, é ligar as coisas. Vale acrescentar
que submeter a
mente a todo tipo de estimulação aumenta a nossa memória de trabalho, e o
número
de associações possíveis passa a ser maior. A criatividade nos permite
uma
melhor adaptação ao mundo, e um melhor relacionamento com as pessoas. As
boas ideias começam quando associamos as informações captadas por
nossos sentidos,
e isso é ampliado quando decidimos por abri-los de vez para o mundo.
Agora, para que tais ideias definitivamente se tornem boas, é necessário
um último e importante passo: aplicá-las bem.
mindasks@gmail.com
sábado, 22 de dezembro de 2012
CID 10 F84 - TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. Utilizar, se necessário, um código adicional para identificar uma afecção médica associada e o retardo mental F84.0 - AUTISMO INFANTIL Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade). Inclui: Autismo infantil Psicose infantil Síndrome de Kanner Transtorno autístico Exclui: psicopatia autista (F84.5) F84.1 AUTISMO ATÍPICO Transtorno global do desenvolvimento, ocorrendo após a idade de três anos ou que não responde a todos os três grupos de critérios diagnósticos do autismo infantil. Esta categoria deve ser utilizada para classificar um desenvolvimento anormal ou alterado, aparecendo após a idade de três anos, e não apresentando manifestações patológicas suficientes em um ou dois dos três domínios psicopatológicos (interações sociais recíprocas, comunicação, comportamentos limitados, estereotipados ou repetitivos) implicados no autismo infantil; existem sempre anomalias características em um ou em vários destes domínios. O autismo atípico ocorre habitualmente em crianças que apresentam um retardo mental profundo ou um transtorno específico grave do desenvolvimento de linguagem do tipo receptivo. Inclui: Psicose infantil atípica Retardo mental com características autísticas Usar código adicional (F70-F79), se necessário, para identificar o retardo mental. F84.2 - SÍNDROME DE RETT Transtorno descrito até o momento unicamente em meninas, caracterizado por um desenvolvimento inicial aparentemente normal, seguido de uma perda parcial ou completa de linguagem, da marcha e do uso das mãos, associado a um retardo do desenvolvimento craniano e ocorrendo habitualmente entre 7 e 24 meses. A perda dos movimentos propositais das mãos, a torsão estereotipada das mãos e a hiperventilação são características deste transtorno. O desenvolvimento social e o desenvolvimento lúdico estão detidos enquanto o interesse social continua em geral conservado. A partir da idade de quatro anos manifesta-se uma ataxia do tronco e uma apraxia, seguidas freqüentemente por movimentos coreoatetósicos. O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave. F84.3 - OUTRO TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA Transtorno global do desenvolvimento caracterizado pela presença de um período de desenvolvimento completamente normal antes da ocorrência do transtorno, sendo que este período é seguido de uma perda manifesta dos habilidades anteriormente adquiridas em vários domínios do desenvolvimento no período de alguns meses. Estas manifestações se acompanham tipicamente de uma perda global do interesse com relação ao ambiente, condutas motoras estereotipadas, repetitivas e maneirismos e de uma alteração do tipo autístico da interação social e da comunicação. Em alguns casos, a ocorrência do transtorno pode ser relacionada com uma encefalopatia; o diagnóstico, contudo, deve tomar por base as evidências de anomalias do comportamento. Inclui: Demência infantil Psicose: · desintegrativa · simbiótica Síndrome de Heller Usar código adicional, se necessário, para identificar a afecção neurológica associada. Exclui: síndrome de Rett (F84.2) F84.4 TRANSTORNO COM HIPERCINESIA ASSOCIADA A RETARDO MENTAL E A MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS Transtorno mal definido cuja validade nosológica permanece incerta. Esta categoria se relaciona a crianças com retardo mental grave (QI abaixo de 35) associado à hiperatividade importante, grande perturbação da atenção e comportamentos estereotipados. Os medicamentos estimulantes são habitualmente ineficazes (diferentemente daquelas com QI dentro dos limites normais) e podem provocar uma reação disfórica grave (acompanhada por vezes de um retardo psicomotor). Na adolescência, a hiperatividade dá lugar em geral a uma hipoatividade (o que não é habitualmente o caso de crianças hipercinéticas de inteligência normal). Esta síndrome se acompanha, além disto, com freqüência, de diversos retardos do desenvolvimento, específicos ou globais. Não se sabe em que medida a síndrome comportamental é a conseqüência do retardo mental ou de uma lesão cerebral orgânica. F84.5 SÍNDROME DE ASPERGER Transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado por uma alteração qualitativa das interações sociais recíprocas, semelhante à observada no autismo, com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Ele se diferencia do autismo essencialmente pelo fato de que não se acompanha de um retardo ou de uma deficiência de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. Os sujeitos que apresentam este transtorno são em geral muito desajeitados. As anomalias persistem freqüentemente na adolescência e idade adulta. O transtorno se acompanha por vezes de episódios psicóticos no início da idade adulta. Psicopatia autística Transtorno esquizóide da infância
CID 10 |
F84 - TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO Grupo de transtornos caracterizados por alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Estas anomalias qualitativas constituem uma característica global do funcionamento do sujeito, em todas as ocasiões. Utilizar, se necessário, um código adicional para identificar uma afecção médica associada e o retardo mental F84.0 - AUTISMO INFANTIL Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto-agressividade). Inclui:Autismo infantil F84.1 AUTISMO ATÍPICO Transtorno global do desenvolvimento, ocorrendo após a idade de três anos ou que não responde a todos os três grupos de critérios diagnósticos do autismo infantil. Esta categoria deve ser utilizada para classificar um desenvolvimento anormal ou alterado, aparecendo após a idade de três anos, e não apresentando manifestações patológicas suficientes em um ou dois dos três domínios psicopatológicos (interações sociais recíprocas, comunicação, comportamentos limitados, estereotipados ou repetitivos) implicados no autismo infantil; existem sempre anomalias características em um ou em vários destes domínios. O autismo atípico ocorre habitualmente em crianças que apresentam um retardo mental profundo ou um transtorno específico grave do desenvolvimento de linguagem do tipo receptivo. Inclui:Psicose infantil atípica F84.2 - SÍNDROME DE RETT Transtorno descrito até o momento unicamente em meninas, caracterizado por um desenvolvimento inicial aparentemente normal, seguido de uma perda parcial ou completa de linguagem, da marcha e do uso das mãos, associado a um retardo do desenvolvimento craniano e ocorrendo habitualmente entre 7 e 24 meses. A perda dos movimentos propositais das mãos, a torsão estereotipada das mãos e a hiperventilação são características deste transtorno. O desenvolvimento social e o desenvolvimento lúdico estão detidos enquanto o interesse social continua em geral conservado. A partir da idade de quatro anos manifesta-se uma ataxia do tronco e uma apraxia, seguidas freqüentemente por movimentos coreoatetósicos. O transtorno leva quase sempre a um retardo mental grave. F84.3 - OUTRO TRANSTORNO DESINTEGRATIVO DA INFÂNCIA Transtorno global do desenvolvimento caracterizado pela presença de um período de desenvolvimento completamente normal antes da ocorrência do transtorno, sendo que este período é seguido de uma perda manifesta dos habilidades anteriormente adquiridas em vários domínios do desenvolvimento no período de alguns meses. Estas manifestações se acompanham tipicamente de uma perda global do interesse com relação ao ambiente, condutas motoras estereotipadas, repetitivas e maneirismos e de uma alteração do tipo autístico da interação social e da comunicação. Em alguns casos, a ocorrência do transtorno pode ser relacionada com uma encefalopatia; o diagnóstico, contudo, deve tomar por base as evidências de anomalias do comportamento. Inclui:Demência infantil F84.4 TRANSTORNO COM HIPERCINESIA ASSOCIADA A RETARDO MENTAL E A MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS Transtorno mal definido cuja validade nosológica permanece incerta. Esta categoria se relaciona a crianças com retardo mental grave (QI abaixo de 35) associado à hiperatividade importante, grande perturbação da atenção e comportamentos estereotipados. Os medicamentos estimulantes são habitualmente ineficazes (diferentemente daquelas com QI dentro dos limites normais) e podem provocar uma reação disfórica grave (acompanhada por vezes de um retardo psicomotor). Na adolescência, a hiperatividade dá lugar em geral a uma hipoatividade (o que não é habitualmente o caso de crianças hipercinéticas de inteligência normal). Esta síndrome se acompanha, além disto, com freqüência, de diversos retardos do desenvolvimento, específicos ou globais. Não se sabe em que medida a síndrome comportamental é a conseqüência do retardo mental ou de uma lesão cerebral orgânica. F84.5 SÍNDROME DE ASPERGER Transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado por uma alteração qualitativa das interações sociais recíprocas, semelhante à observada no autismo, com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Ele se diferencia do autismo essencialmente pelo fato de que não se acompanha de um retardo ou de uma deficiência de linguagem ou do desenvolvimento cognitivo. Os sujeitos que apresentam este transtorno são em geral muito desajeitados. As anomalias persistem freqüentemente na adolescência e idade adulta. O transtorno se acompanha por vezes de episódios psicóticos no início da idade adulta. Psicopatia autística Transtorno esquizóide da infância |
Transtorno Desintegrativo da Infância (TDI)
O transtorno desintegrativo da infância (TDI) foi inicialmente descrito por Theodore Heller, um educador austríaco, em 1908. Heller relatou o caso de seis crianças que, após um desenvolvimento aparentemente normal nos quatro primeiros anos de vida, apresentaram uma grave perda das habilidades de interação social e comunicação.
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM-IV-TR) 2002, o transtorno desintegrativo da infância é também conhecido como Síndrome de Heller, Demência Infantil ou Psicose Desintegrativa. A atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva usa a terminologia transtorno desintegrativo da infância (psicoses) ao se referir ao público alvo do Atendimento Educacional Especializado.
Para fins deste estudo, queremos fazer uma ressalva a respeito do texto que vocês encontrarão a seguir.
Sem desmerecer a cientificidade do DSM-IV-TR, acreditamos que as características apresentadas para o transtorno desintegrativo da infância refletem uma visão mais pragmática e imediatista através de sinais e sintomas, não levando em conta a forma como o sujeito vive sua condição. É, portanto, uma classificação que merece ser estudada com cautela para que não se torne mais um rótulo, empobrecendo a perspectiva do sujeito, impossibilitando a leitura do professor sobre o aluno que se apresenta com esse diagnóstico na escola.
Ratificando mais uma vez a importância do DSM, porém tendo em vista a necessidade de ampliarmos sua visão, traremos a seguir um pequeno aporte da visão psicanalítica a respeito da psicose. Essa escolha diz respeito ao fato de que a Psicanálise traz pontuais contribuições a respeito dos aspectos psíquicos envolvidos no diagnóstico desses transtornos, bem como oferece questionamentos que poderão nos auxiliar para uma visão abrangente da psicose na escola. Vale lembrar ainda que, para a Psicanálise, a psicose infantil é uma estrutura diferente do autismo e dos demais transtornos globais do desenvolvimento tratados neste módulo.
A VISÃO DO DSM-IV-TR
A principal característica do transtorno desintegrativo da infância (TDI) é surgir após um período de dois anos de desenvolvimento normal e aparecer antes dos dez anos de idade. O TDI é acompanhado de uma regressão das aquisições já adquiridas nas seguintes áreas:
- Linguagem expressiva ou receptiva;
- Habilidades sociais ou comportamento adaptativo;
- Controle esfincteriano;
- Jogos ou habilidades motoras
De acordo com Marcelli; Cohen (2009), no transtorno desintegrativo da infância, a perda das aquisições afeta particularmente a comunicação e a linguagem. O DSM-IV-TR enfatiza ainda que os indivíduos com esse transtorno exibem os déficits sociais, comunicativos e de comportamento observados no Transtorno Autista.
Quanto à prevalência, o TDI é um quadro muito raro e específico de psicose e não se refere a todas as psicoses. O início do quadro se dá por volta dos três ou quatro anos e os principais indícios de instalação do transtorno incluem o aumento da irritabilidade e ansiedade, bem como a perda da fala e do interesse pelo ambiente.
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Síndrome de Rett
Síndrome de Rett
Descrita pela primeira vez pelo médico austríaco Andreas Rett em 1966, que denominou esse quadro de ―Atrofia Cerebral Associada à Hiperamonemia‖. O estudo de Rett não se tornou muito conhecido porque suas publicações foram na língua alemã. Essa síndrome passou a ser mais conhecida com as pesquisas do médico Dr. Bengt Hagberg, que publicou um artigo em inglês sobre essa doença, nomeando-a de síndrome de Rett.
Hoje sabemos que a síndrome de Rett é um quadro comprovadamente genético. No ano de 1999, os primeiros estudos acerca da alteração genética da síndrome foram publicados, identificando mutações no gene MECP2 no cromossomo X (SCHWARTZMAN, 2003).
O DSM-IV-TR4 (2002, p.105) traz os seguintes critérios de diagnóstico para a síndrome de Rett:
A. Todos os quesitos abaixo:
(1) desenvolvimento pré-natal e perinatal aparentemente normal
(2) desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os primeiros cinco meses após o nascimento
(3) circunferência craniana normal ao nascer
B. Início de todas as seguintes características após o período de desenvolvimento normal:
Para compreendermos a evolução dessa doença trazemos os quatro estágios da síndrome de Rett, estabelecidos por Hagberg e Witt-Engerstöm (SCHWARTZMAN, 2003).
• Estagnação Precoce: esse primeiro estágio ocorre entre os seis e os dezoito meses e se caracteriza pela estagnação no desenvolvimento da criança. Além disso, há, nesse estágio, a desaceleração no crescimento do perímetro encefálico e a redução na interação com as pessoas.
• Rapidamente destrutivo: como o nome sugere, há uma rápida regressão no desenvolvimento, sendo que esse estágio ocorre entre um e três anos de idade. De acordo com Schwartzman (2003, p. 111), nessa fase:
Uma rápida regressão psicomotora domina o quadro, com a presença de choro imotivado e períodos de extrema irritabilidade, comportamento tipo autista, perda da fala e aparecimento dos movimentos estereotipados das mãos, com subseqüente perda da sua função práxica; disfunções respiratórias (apnéias em vigília, episódios de hiperventilação e outras) e crises convulsivas começam a se manifestar. Em algumas crianças há perda da fala que já estava eventualmente presente. Distúrbios do sono são comuns.
É interessante destacarmos que a fala nos sujeitos com síndrome de Rett é significativamente comprometida, quando não ausente (SCHWARTZMAN, 2003). Conforme o autor afirma na citação, algumas crianças perdem a fala que haviam adquirido à medida que ocorre a regressão no desenvolvimento.
• Pseudo-Estacionário: ocorre entre os dois e os dez anos de idade. Esse estágio é marcado pela melhora de alguns sintomas da síndrome, como, por exemplo, a interação social. Assim, o contato social que diminui nos dois primeiros estágios, com consequências autistizantes e de isolamento, é retomado. Essa retomada é destacada no fragmento do DSM-IV-TR (2002, p.105), citado anteriormente, em que consta: ―perda do envolvimento social ocorre precocemente no curso do transtorno (embora a interação social se desenvolva posteriormente)‖.
• Deterioração motora tardia: esse último estágio tem início por volta dos dez anos de idade. Conforme Schwartzman (2003, p. 111), nesse quarto estágio ocorre:
Lenta progressão dos déficits motores, com presença de escoliose e severa deficiência mental. (...) as poucas pacientes que ainda retêm a deambulação gradualmente terão prejuízos crescentes, acabando por ter que utilizar cadeiras de rodas.
Através da leitura da descrição desses quatro estágios, podemos ter uma visão da evolução dos sintomas da síndrome de Rett. Além disso, conseguimos perceber os signos presentes nesse quadro que o inserem na categoria dos Transtornos Globais do Desenvolvimento: ―alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras‖ (BRASIL, 2008, p.2)
Com base no que foi tratado até aqui, acreditamos que você tenha conseguido compreender o que é a síndrome de Rett. Agora propomos o desafio de ver o sujeito para além desses sintomas aqui descritos. Assim, se é importante sabermos de que se trata essa síndrome, é fundamental endereçarmos a esses sujeitos um olhar de aposta, considerando suas especificidades.
No atendimento educacional especializado dos alunos com síndrome de Rett, podemos usar recursos utilizados para a deficiência física, tendo em vista
os déficits motores, ou recursos para facilitar a comunicação, uma vez que a fala é comprometida.
Descrita pela primeira vez pelo médico austríaco Andreas Rett em 1966, que denominou esse quadro de ―Atrofia Cerebral Associada à Hiperamonemia‖. O estudo de Rett não se tornou muito conhecido porque suas publicações foram na língua alemã. Essa síndrome passou a ser mais conhecida com as pesquisas do médico Dr. Bengt Hagberg, que publicou um artigo em inglês sobre essa doença, nomeando-a de síndrome de Rett.
Essa síndrome é uma doença neurológica que acomete principalmente
crianças do sexo feminino. Caracteriza-se pela perda progressiva das
funções neurológicas e motoras após um período de desenvolvimento
aparentemente normal nos primeiros meses de vida. Observa-se que, por
volta dos seis a dezoito meses, há uma estagnação do desenvolvimento e a
criança perde gradativamente as habilidades até então adquiridas.
Hoje sabemos que a síndrome de Rett é um quadro comprovadamente genético. No ano de 1999, os primeiros estudos acerca da alteração genética da síndrome foram publicados, identificando mutações no gene MECP2 no cromossomo X (SCHWARTZMAN, 2003).
O DSM-IV-TR4 (2002, p.105) traz os seguintes critérios de diagnóstico para a síndrome de Rett:
A. Todos os quesitos abaixo:
(1) desenvolvimento pré-natal e perinatal aparentemente normal
(2) desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os primeiros cinco meses após o nascimento
(3) circunferência craniana normal ao nascer
B. Início de todas as seguintes características após o período de desenvolvimento normal:
(1) desaceleração do crescimento craniano entre os 5 e os 48 meses de idade
(2) perda de habilidades manuais voluntárias anteriormente adquiridas entre os 5 e os 30 meses de idade, com o desenvolvimento subseqüente de movimentos estereotipados das mãos (por ex., gestos como torcer ou lavar as mãos)
Como vimos, a criança com síndrome de Rett tem desenvolvimento pré-natal e perinatal aparentemente normais, sendo que seu desenvolvimento psicomotor ocorre dentro do esperado até por volta dos cinco meses. O perímetro encefálico do bebê é normal ao nascer. Após esse período de desenvolvimento normal, ocorre uma desaceleração no crescimento do crânio, havendo uma microcefalia adquirida. Ocorre também a perda de habilidades manuais e surgem estereotipais com as mãos. Além disso, a interação social diminui e há um retardo psicomotor significativo.
(2) perda de habilidades manuais voluntárias anteriormente adquiridas entre os 5 e os 30 meses de idade, com o desenvolvimento subseqüente de movimentos estereotipados das mãos (por ex., gestos como torcer ou lavar as mãos)
Como vimos, a criança com síndrome de Rett tem desenvolvimento pré-natal e perinatal aparentemente normais, sendo que seu desenvolvimento psicomotor ocorre dentro do esperado até por volta dos cinco meses. O perímetro encefálico do bebê é normal ao nascer. Após esse período de desenvolvimento normal, ocorre uma desaceleração no crescimento do crânio, havendo uma microcefalia adquirida. Ocorre também a perda de habilidades manuais e surgem estereotipais com as mãos. Além disso, a interação social diminui e há um retardo psicomotor significativo.
Para compreendermos a evolução dessa doença trazemos os quatro estágios da síndrome de Rett, estabelecidos por Hagberg e Witt-Engerstöm (SCHWARTZMAN, 2003).
• Estagnação Precoce: esse primeiro estágio ocorre entre os seis e os dezoito meses e se caracteriza pela estagnação no desenvolvimento da criança. Além disso, há, nesse estágio, a desaceleração no crescimento do perímetro encefálico e a redução na interação com as pessoas.
• Rapidamente destrutivo: como o nome sugere, há uma rápida regressão no desenvolvimento, sendo que esse estágio ocorre entre um e três anos de idade. De acordo com Schwartzman (2003, p. 111), nessa fase:
Uma rápida regressão psicomotora domina o quadro, com a presença de choro imotivado e períodos de extrema irritabilidade, comportamento tipo autista, perda da fala e aparecimento dos movimentos estereotipados das mãos, com subseqüente perda da sua função práxica; disfunções respiratórias (apnéias em vigília, episódios de hiperventilação e outras) e crises convulsivas começam a se manifestar. Em algumas crianças há perda da fala que já estava eventualmente presente. Distúrbios do sono são comuns.
É interessante destacarmos que a fala nos sujeitos com síndrome de Rett é significativamente comprometida, quando não ausente (SCHWARTZMAN, 2003). Conforme o autor afirma na citação, algumas crianças perdem a fala que haviam adquirido à medida que ocorre a regressão no desenvolvimento.
• Pseudo-Estacionário: ocorre entre os dois e os dez anos de idade. Esse estágio é marcado pela melhora de alguns sintomas da síndrome, como, por exemplo, a interação social. Assim, o contato social que diminui nos dois primeiros estágios, com consequências autistizantes e de isolamento, é retomado. Essa retomada é destacada no fragmento do DSM-IV-TR (2002, p.105), citado anteriormente, em que consta: ―perda do envolvimento social ocorre precocemente no curso do transtorno (embora a interação social se desenvolva posteriormente)‖.
• Deterioração motora tardia: esse último estágio tem início por volta dos dez anos de idade. Conforme Schwartzman (2003, p. 111), nesse quarto estágio ocorre:
Lenta progressão dos déficits motores, com presença de escoliose e severa deficiência mental. (...) as poucas pacientes que ainda retêm a deambulação gradualmente terão prejuízos crescentes, acabando por ter que utilizar cadeiras de rodas.
Através da leitura da descrição desses quatro estágios, podemos ter uma visão da evolução dos sintomas da síndrome de Rett. Além disso, conseguimos perceber os signos presentes nesse quadro que o inserem na categoria dos Transtornos Globais do Desenvolvimento: ―alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras‖ (BRASIL, 2008, p.2)
Com base no que foi tratado até aqui, acreditamos que você tenha conseguido compreender o que é a síndrome de Rett. Agora propomos o desafio de ver o sujeito para além desses sintomas aqui descritos. Assim, se é importante sabermos de que se trata essa síndrome, é fundamental endereçarmos a esses sujeitos um olhar de aposta, considerando suas especificidades.
No atendimento educacional especializado dos alunos com síndrome de Rett, podemos usar recursos utilizados para a deficiência física, tendo em vista
os déficits motores, ou recursos para facilitar a comunicação, uma vez que a fala é comprometida.
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sexta-feira, 16 de novembro de 2012
O que é Psiquismo? Algo que se desenvolve no ser humano? A que se refere?
O que é Psiquismo? Algo que se desenvolve no ser humano? A que se refere?
A raiz etimológica da palavra psicologia (do grego /psyché/ = alma) significa ciência da /alma/.
O verdadeiro objeto material da Psicologia é o psiquismo e os derivativos sentimentos que advêm dele.
Do ponto de vista da Psicanálise, o psiquismo se constitui a partir da história libidinal de cada um, das marcas de prazer-desprazer realizadas a partir das relações primordiais do bebê com o outro humano. Estas marcas estabelecem, paulatinamente, uma organização psíquica, um modo de operar com as exigências do próprio corpo e do mundo.
Freud postulou duas tópicas para a abordagem do "aparelho psíquico". Na primeira, apresenta uma abordagem da topografia do psiquismo composta pelo Inconsciente, Préconsciente e pelo Consciente; já a segunda tópica refere-se à abordagem estrutural do psiquismo, que estabelece o Eu, o Supereu e o Isso (Ego, Superego e Id) como suas estruturas.
Já a psicopatologia é um discurso, um se debruçar às reflexões sobre o pathos: paixão, excesso, sofrimento. Ou seja, um discurso sobre a paixão que se manifesta no psiquismo, ou sofrimento psíquico.
Qual a diferença entre um psicótico e um neurótico? Quais os traços comportamentais característicos de cada um?
Da perspectiva psicanalítica, neurose e psicose referem-se a modos de funcionamento psíquico distintos e, algumas vezes, vistos como não excludentes, mas que contam com condições e mecanismos próprios de funcionamento. No tratamento psicanalítico, estas categorias são de interesse exclusivamente clínico, ou seja, para a consideração do encaminhamento do trabalho na transferência. Assim, não é possível reduzir a neurose e a psicose ao caráter descritivo e classificatório de suas manifestações sintomáticas ou de seus traços comportamentais, ficando tais abordagens sob interesse da Psicologia e da Psiquiatria. No campo das neuroses é possível destacar a histeria e a neurose obsessiva e no das psicoses, a paranóia e a esquizofrenia.
No pensamento freudiano, a neurose implica o recalque e suas possibilidades de simbolização e produção desde o inconsciente enquanto as psicoses designam a reconstrução inconsciente, por parte do sujeito, de uma realidade delirante ou alucinatória e diferenciase da neurose e das perversões.
Uma pessoa nunca é neurótica, ela está neurótica. Na maioria das vezes o neurótico tem plena consciência do que está passando, mas tem dificuldades para lidar com a questão e transformá-la. A neurose, portanto, é uma doença circunstancial, afetiva, emocional e da personalidade, não comprometendo a inteligência da pessoa. Portanto, quem não apresenta características neuróticas no decorrer da vida, que atire a primeira pedra.
Este é um ponto substancial de diferença sobre as questões que o psicótico apresenta ao mundo. A psicose é um estado desequilibrado de funcionamento psíquico. O aspecto central da psicose é a perda do contato com a realidade, variando conforme sua intensidade. Quando a pessoa acaba recriando o que é real, inventando coisas que não existem no plano de entendimento social e que só a ele faz sentido, aí está a psicose no ser humano. Por mais que ele crie esse mundo paralelo, vive simultaneamente neste mundo real.
A classificação das psicoses é encontrada no DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), e é, apropriadamente, dividida nas variedades funcional e orgânica. A maioria das psicoses agudas de causa orgânica resulta de demência, síndromes de retirada e intoxicações. A esquizofrenia e as doenças afetivas são as principais categorias de psicoses agudas funcionais. O psicótico, geralmente é impulsivo, com pensamentos desorganizados.
O que marca a sessão de psicodrama? Qual a proposta desta linha da Psicologia, quais as principais diferenças e benefícios?
Psico vem do grego psyché que significa alma; drama vem do grego dráma que quer dizer ação.
O guia principal de toda a sociodinâmica moreniana, fundamenta- se no método do role-playing ou interpretação de papéis. Os papéis psicodramáticos definiriam a emergência do potencial criativo do sujeito, e apresentam-se como designativos do mundo da fantasia e da imaginação em oposição aos papéis sociais, que definiriam a vida cotidiana e as relações sociais.
A sessão de psicodrama pode ocorrer tanto de forma individual quanto grupal. Há a participação de um ego auxiliar, além da presença do diretor ou terapeuta principal.
Ao ego auxiliar cabe a contraparte na representação dramática, ou seja, interpretar papéis ao mesmo tempo em que acompanha a seqüência das cenas. Há, no palco moreniano, duas cadeiras abertas que marcam o início da dramatização, e, fechadas, seu fim.
A sessão divide-se em três fases: aquecimento, dramatização e comentários. Na primeira fase, a do aquecimento, é quando o tema do “encontro” vai se explicitar. A segunda fase, da dramatização, conduz o indivíduo a uma expressão espontânea e criativa, que possibilite a recriação dos papéis, levando-o a situar-se de uma nova maneira frente a sua realidade concreta, o que possibilita uma reordenação ou reorganização da experiência do indivíduo. Na fase final, a dos comentários, a discussão é ampliada, de forma a marcar a relação da temática explicitada no contexto dramático com o contexto social. A espontaneidade é a expressão de uma relação de compromisso com o mundo na teoria moreniana.
"Um Encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos para colocálos no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus"
(J. L. Moreno)
Esta citação de Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama, diz muito a que veio esta linha da Psicologia. Uma sessão psicodramática começa pelo aproximar dos envolvidos ao tema com o surgimento de lembranças, histórias, vivências. Mesmo sem a disposição para compartilhar o que cada um tem a ver com aquele espaço ou questão, já há o que questionar: para que estamos aqui? Viva o conflito! Este é o lema do psicodrama: valorizar os modos de olhar o mundo, um facilitador das idéias diferentes.
Entender que seu pensamento pode ser diferente do outro e nem por isso é preciso ignorá-lo. Entender que exercemos muitos papéis durante a vida, ou melhor, durante um dia; somos ao mesmo tempo pais, profissionais, amantes, filhos... O que cada papel diz de quem eu sou? Onde preciso relaxar mais? Potencializar mais? Estas são algumas questões para refletir. Vamos conflitar?
Colaboraram nas respostas desta edição as psicanalistas Karin de Paula Slemenson, Paula Mantovani e a sociopsicodramista Vanessa Labigalini
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