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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Recorrência e Resiliência




O aprendizado se constrói pela repetição de rotinas, muitas delas ocultas da atenção da pessoa que absorve uma informação. A necessidade de retornar a um estímulo inicial deve-se ao fato que é necessário realimentar o caminho neural que ativa a sequência de estímulo de mesma natureza.
Uma vez alimentado, o grupo neural do sistema fisiológico, a tendência natural é que as ramificações dentríticas dos neurônios, do corpo do axônio e seus terminais fiquem cada vez mais fortalecidos, multiplicando as conexões terminais.
O processo natural para uma recordação é ater-se aos pontos principais que dela possam acessar informações guardadas pelos processos mnemônicos. Porém quando um evento torna-se recorrente, podem advir duas situações hipotéticas: a primeira, de máxima negativa, onde o indivíduo se vê prisioneiro de rotinas que torna enfadonho o seu cotidiano; e a segunda, de máxima positiva, onde o indivíduo utiliza o princípio para ressaltar informações que necessita recordar ao longo do tempo.
No caso negativo, a recorrência leva uma pessoa a repetição de contraestimulo que desagradam seu centro volitivo. É comum a fadiga, o cansaço, o estresse, a angústia e outros tipos de perturbações. O indivíduo se vê com frequência uma vítima de um infortúnio capaz de prender o centro de atenção levando cada vez mais ao egocentrismo e suas variantes.
Já o aspecto positivo, a recorrência ativa um reforço neural para situações onde a experiência cognitiva indicou um conjunto de traços que causam bem-estar e conformidade na vida do indivíduo. A recorrência neste nível é uma programação consentida da mente que se manifesta conscientemente quando requerida.
O fato de uma pessoa ater o foco de uma percepção sobre um aspecto não compreendido em sua integralidade ocasiona, na maioria das vezes, uma necessidade mental para rodar mentalmente um processo de mapa sensorial (ocorrem pela ativação das regiões somestésicas presentes no encéfalo) que aciona a região de registro dos estímulos a esta percepção específica relacionada, criando por adição, estímulos correlatos que justificam ou deem estabilidade para a porção da memória não estável.
Por similaridade quando o reforço mnemônico é consciente, o indivíduo autoestimula os encaixes ou adições de informações na memória, até o ponto em que tenha a sensação de satisfação com o conteúdo assimilado. Por compreender o processo é intuitivo para quem pratica o princípio da recorrência, pois a formação de critérios é bem definida para pontos de parada, geralmente pré-definidos pela experiência ou vivência do indivíduo.
Por outro lado a resiliência surge como a capacidade do indivíduo mudar sua percepção de um aspecto recorrente que gera focos de conflito para um estado de espírito capaz de gerar conforto e bem-estar.
Mas como desenvolver esta característica cognitiva quando necessária?
A solução está na canalização de estímulos conscientes, de caráter positivo, que sirvam de embasamento ou justificativa, coerentes com os princípios morais, sociais e valorativos do indivíduo.
À medida que as ponderações sobre a visão pessimista forem agregadas no intelecto, mas precisamente sobre a memória, a história a ser contada por aquele indivíduo ganha um rico embasamento teórico. A visão como elemento social é ampliada. E novas linhas de raciocínio são abertas, porque a mecânica do cérebro está em constante movimentação. A mente dinâmica, sobre este ponto de vista realocará o foco de atenção para novos eixos que geram prazer libertando o indivíduo da angústia ou depressão.
A resiliência é treinamento. Qualquer pessoa pode condicionar sua mente à abertura de novos horizontes. É óbvio que estruturas viciadas de comportamento tendem a serem mais resistentes na fixação de novas verdades e paradigmas a serem adicionados à situação recorrente negativa. Mas, a cada dia, com paciência é possível gastar um pouco do tempo do indivíduo com reflexões que permitam ultrapassar a barreira imposta por si mesmo, como uma borboleta que se liberta do casulo que a aprisiona diante da metamorfose de sua vida.
Existe uma corrente muito forte disposta a transformar resiliência em um aspecto do positivismo. Porém, esta capacidade cerebral é fazer uso racional das situações que nos prendem a realidade fabricada.
A realidade por sua vez, não é o conformismo com uma situação decadente. Resiliência não é um processo de submissão ou conformismo. É uma forma inteligente para a criação de um modelo neural e sensorial que permita ao indivíduo sair da situação que encontra pela busca de novas portas que conduzam a uma saída que antes não estava visível devido à falta de informações agregadas na mente.
Em muitos casos a solução para problemas já estão presentes dentro do indivíduo. O que acontece é que a porção do inconsciente (95%) apresenta na maioria dos casos um processo de modelagem por justaposição de ideias, onde a memória se torna um armário em que as informações são colocadas uma sobre as outras sem uma ordem definida que permita ao indivíduo buscar as melhores soluções baseadas em sua experiência de vida.
A essência do sistema neural é a criação de links. Isto promove uma eficiência do fluxo de informações ampliando as capacidades intelectivas e melhorando as percepções e as realidades do indivíduo. Esta linkagem é facilmente desenvolvida por simples associações e encaixes. O treinamento fará da pessoa um expert até que o polo da recorrência seja positivo (direcionável).


30/11/2013 - Max Diniz Cruzeir

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