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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Punição física induz crianças a mentirem mais




Punir por mau comportamento as crianças pequenas com castigos severos – e físicos – faz que elas mintam mais e sejam mais convincentes em suas mentiras. Esta é a conclusão de um estudo realizado com crianças de 3 e 4 anos de escolas da África Ocidental.

A pesquisa, de autoria de Victoria Talwar, da Universidade McGill, e Kang Lee, da Universidade de Toronto, ambas no Canadá, teve foco no comportamento de dois grupos de crianças que viviam no mesmo bairro. Um grupo era matriculado em uma escola privada que fazia uso de um modelo de disciplina tradicional autoritário, em que bater com uma vara e beliscar eram administrados publicamente e rotineiramente para delitos que variavam entre esquecer um lápis e conversar durante a aula.

Na outra escola, também particular, as crianças eram disciplinadas por meio de detenção – deveriam ficar separadas do grupo, sozinhas, de castigo – e, em infrações mais graves, eram levadas à sala do diretor, para uma conversa.

Para observar o comportamento, as crianças das duas escolas participaram de um jogo. Nele, as crianças deveriam ficar em uma sala com um brinquedo. No entanto, elas não poderiam mexer no brinquedo até que o pesquisador voltasse.

Sozinhas, a maioria das crianças de ambas as escolas não conseguiu resistir à tentação e deu pelo menos uma espiada no brinquedo.

Crianças punidas fisicamente eram mais desonestas

Ao retornar, o pesquisador perguntava à criança se ela havia pegado o brinquedo. Quase todas as crianças da escola mais punitiva mentiram em comparação a menos da metade das crianças que estudavam na segunda escola. Ainda pior, de acordo com os autores, as crianças da escola punitiva que mentiram levavam a mentira adiante ao responderem propositalmente errado informações sobre a identidade do brinquedo ao serem questionadas pelo pesquisador.

“Um ambiente punitivo não apenas promove a desonestidade, mas também aumenta as habilidades das crianças em mentir para esconder suas transgressões”, afirmam Talwar e Lee. “Na realidade, essas crianças de 3 e 4 anos mostraram melhores habilidades em contar mentiras convincentes do que crianças de 6 e 7 anos de estudos anteriores”, completam.

Para eles, uma possibilidade é que a repressão punitiva aumente a motivação das crianças a desenvolver estratégias que irão ajudá-los a sobreviver nesse ambiente. “Mentir parece particularmente adaptável para a situação”, diz Lee.

“Acredito que nosso estudo possa servir como uma advertência para os pais que usam métodos mais severos de punição quando descobrem que seus filhos estão mentindo. Fica claro que o castigo físico não só não reduz a tendência das crianças a mentir, mas na verdade as estimula a melhorar suas habilidades de mentira”, conclui.



Fonte: McGill University









































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