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sábado, 5 de novembro de 2011

Distúrbios psicológicos x alterações da pele



Existem muitos distúrbios psicológicos que estão associados com alterações da pele. Levantamentos feitos por vários Centros Dermatológicos dos Estados Unidos, datados dessa década, mostraram estatísticas variáveis indicando que de 40% a 70% das pessoas que procuravam os serviços de Dermatologia teriam também associado algum tipo de distúrbio psicológico.

Há algumas alterações específicas, um pouco mais determinadas e consideradas mais graves. Uma delas é chamada no jargão dermatológicos de "ilusão de parasitose ". Nesse caso a pessoa acha que tem um bichinho caminhando na pele. Então, ao procurar o dermatologista ela afirma, através de um depoimento rico em detalhes, que o bichinho está caminhando em sua pele, localiza por onde ele passou e, geralmente, apresenta algum tipo de lesão nesses locais. Muitas vezes a pessoa traz até um vidrinho com restos de pele, afirmando que ali está o agente que o está perturbando. Esse é um quadro considerado grave, uma vez que está associado a uma psicose e o dermatologista apesar das evidências tem muita dificuldade em fechar o diagnóstico. Outro tipo de problema que pode surgir na área dermatológica é o distúrbio obsessivo compulsivo. A pessoa tem a obsessão de fazer determinada coisa e a compulsão (falta de controle) por fazer. Nesse quadro pode-se citar como exemplo o fato de roer unha. É um quadro que a pessoa não consegue controlar. Ela não se dá conta e quando vê, ela já está roendo a unha compulsivamente.

Outro exemplo do distúrbio obsessivo compulsivo, esse sim, considerado mais grave, é quando a pessoa arranca os cabelos da cabeça, ou os pêlos da sobrancelha e em alguns casos até arranca os cílios. Trata-se de um quadro difícil onde o dermatologista tem que analisar muito bem o aspecto clínico para excluir todas as possibilidades de um problema dermatológico real.

Neste caso após um exame clínico detalhado o médico constata que existem áreas sem cabelo mas, também, existem regiões de aspecto normal, com alguns fios de cabelos quebrados ou ainda, fios de vários tamanhos, porque uns foram arrancados inteiros, outros quebrados, alguns crescendo, e não há outra alteração no couro cabeludo como escamação por exemplo. A única alteração percebida é a diferença no tamanho dos fios.

Geralmente é difícil explicar para a pessoa que é ela que está causando o problema. Quanto menos consciência a pessoa tiver, mais grave será o caso. Ou seja, a pessoa está fazendo mal a si mesma mas não admite o fato. Este quadro pode também ocorrer em crianças pequenas que engolem o cabelo. Há geralmente associação com ambiente familiar tenso deixando a criança confusa e ansiosa.

Ainda faz parte do quadro que engloba as doenças do tipo obsessivo compulsivo o caso da pessoa ficar se machucando, se cutucando. Geralmente, esta pessoa que se machuca tem tendência a ter "bolinhas" na pele do braço ou pêlos encravados na perna. Ou seja, ela pega aquela mínima lesão como ponto de partida e começa a se machucar e de tanto se cutucar chega a formar feridas. Nesse caso a paciente (trata-se de um distúrbio mais comum em mulheres) apresenta vários tipos de lesões ao mesmo tempo, algumas em forma de manchas, outras em forma de feridas, mas quase todas porque foram manipuladas por ela própria.

Para o dermatologista é nítida a diferença da lesão que a própria pessoa se provocou, porque nesses casos ficam cicatrizes profundas, verdadeiras depressões, principalmente se for nas pernas. O tratamento dermatológico é mais difícil, complicado, e em alguns casos nem existe, porque a cicatriz é um processo definitivo da pele, é a maneira como ela se recompôs.

Dependendo do estado do paciente o dermatologista o encaminha ao psiquiatra que, algumas vezes, indica além do tratamento à base de medicamentos, uma terapia. Portanto, em se tratando de distúrbio obsessivo compulsivo o medicamento via oral, no caso o anti-depressivo, é muito importante e eficaz, porque vai agir na raiz do problema, que é de fundo psíquico.

Concluindo, a abordagem sobre esse tema é relevante porque temos observado o aumento no número de casos de distúrbios obsessivos compulsivos. Isso tanto aqueles que chegam aos consultórios dermatológicos, quanto em ambulatórios de serviços públicos. Trata-se de um quadro difícil porque é auto destrutivo. E, como o primeiro pedido de socorro é para o dermatologista, é importante que nós profissionais da área tenhamos consciência da grande responsabilidade que temos que é, em primeiro lugar, conseguir com que o paciente adquira a confiança em nós, para que o tratamento seja feito de maneira completa e tenha o sucesso esperado.


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