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sábado, 5 de novembro de 2011

Automutilação, um transtorno psiquiátrico mais comum do que se imagina


Automutilação, um transtorno psiquiátrico mais comum do que se imagina

Uma pesquisadora do Hospital das Clínicas acompanha um grupo de cerca de 20 pacientes que se mutilam para tentar descobrir se a prática é uma doença isolada ou um sintoma de outras patologias, como depressão, transtorno obsessivo compulsivo e transtornos alimentares

(José Antonio Lima)

À primeira vista, quando se ouve falar em automutilação ou autoflagelação, a maior parte das pessoas pensa em cenas praticadas por extremistas religiosos. O que poucos sabem é que esse comportamento nem sempre está associado ao fanatismo, mas sim a um tipo de transtorno psiquiátrico um tanto comum.



DOR FÍSICA
Fazer cortes no próprio corpo é algo comum para quem pratica a automutilaçãoO fenômeno da automutilação ainda é pouco estudado pela psiquiatria, mas algumas pesquisas realizadas em escolas e universidades dos Estados Unidos apontam que 16% das pessoas têm comportamento como esse. Na população como um todo o índice pode ser menor, mas os universos pesquisados são esses porque os adolescentes e jovens adultos são os mais afetados. "O início do quadro se dá na adolescência, entre 13 e 15 anos, às vezes até antes, e pode durar muito tempo. Há casos até de pessoas com 40 anos que praticam a automutilação", diz Jackeline Giusti, psiquiatra do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Amiti), do Hospital das Clínicas, em São Paulo, que realiza uma pesquisa de doutorado com pessoas que sofrem desse transtorno.



Segundo ela, a primeira agressão contra o próprio corpo costuma acontecer em um momento de raiva ou angústia intensa. Bater a cabeça contra a parede ou dar um soco contra uma porta podem ser os primeiros atos. Depois, começam as queimaduras e cortes com instrumentos como com facas, estiletes, compassos e arame. "Elas percebem ter se acalmado após a agressão, e usam isso para diminuir as sensações ruins", afirma Jackeline.

A busca por essa sensação de alívio é o motivo mais comum para a automutilação, segundo a psiquiatra, mas algumas pessoas fazem isso para se castigar e outras como artifício para chamar a atenção de familiares. Esses casos de carência, no entanto, são raros. "As pessoas que se automutilam sabem que esse comportamento não é aceito pela sociedade e, assim, agem em segredo", diz Jackeline. É isso que impossibilita muitas pessoas de contar para a família e, principalmente, procurar ajuda sozinhas.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI19858-15254,00.html

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