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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Junção e separação de termos é dúvida frequente entre estudantes

Publicado em: Jornal da Unesp online em 22 de Janeiro de 2010 Erro de grafia pode ter origem na fala, diz linguista Por Cínthia Leone Junção e separação de termos é dúvida frequente entre estudantes Escrever "junto ou separado" tem sido um dilema para os estudantes de língua portuguesa no Brasil. Isso acontece porque a criança baseia a ortografia na maneira como a fala é organizada. Se há uma pausa na pronúncia, o aluno interpreta a palavra como duas partes distintas. Caso contrário, quando há aglutinação, ele escreve "tudo junto". Isso é o que aponta o resultado preliminar de pesquisa realizada pela professora Luciani Ester Tenani, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), campus de São José do Rio Preto. "Esse tipo de erro ortográfico traz a evidência de que no português do Brasil a unidade prosódica, aquela que define os acentos da fala, é formada por palavras que têm acento, isto é, uma forte entonação, e outras que não têm", afirma a linguista. As construções "concerteza", "apartir", "da quele" e "derrepente" são exemplos de como essa variação confunde durante o processo de aquisição da escrita. Os limites da palavra, que é o termo lingüístico para os espaços em branco na escrita, vão sendo assimilados aos poucos pelos alunos, que passam a dissociar as pausas da fala das separações gráficas. Além da oralidade, o estudo também aponta a influência do próprio conhecimento ortográfico já adquirido nos erros de grafia. O estudante tomaria como modelo a separação ou junção de um termo em uma determinada situação. A partir desse exemplo, ele tenta intuir a forma como uma outra palavra seria escrita. A pesquisa tem apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e se originou da realização do projeto de extensão Desenvolvimento de Oficinas de Leitura, Interpretação e Produção de Textos no Ensino Fundamental, que existe desde 2008. A atividade é voltada a alunos de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental da Escola Estadual "Zulmira da Silva Salles", na zona sul da cidade de São José do Rio Preto. O projeto consiste em uma oficina mensal de leitura e escrita e minicursos sobre as principais dificuldades de português apresentadas pelos estudantes. Nesses encontros, os jovens produzem redações. Com base nesses textos, a professora realiza o estudo. Alunos da graduação e de pós-graudação em Letras atuam nas oficinas, que já reuniram mais de três mil manuscritos, 424 deles já analisados. Um artigo feito com base nessa amostra inicial será publicado em março, na revista Cadernos de Educação, da Universidade Federal de Pelotas (RS). Durante o II Seminário de Aquisição Fonológica, a pesquisadora confrontou os dados obtidos com informações semelhantes recolhidas de textos de jovens gaúchos. O evento foi realizado em novembro de 2009 pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Nos próximos dois anos, a análise das redações das crianças será aprofundada e o resultado deve dar origem a um livro. Escrevendo "certo" A perspectiva teórica fundamental do trabalho é entender que os erros apresentados pelas crianças e adolescentes não são evidências de distúrbios de aprendizagem, nem de dislexia. Para a professora, as dificuldades observadas seriam parte do percurso trilhado na descoberta de como funciona a ortografia. De acordo com a pesquisadora, no jogo de representação da escrita, ninguém fala ou escreve "errado" porque quer, mas sim porque faz hipóteses que o leva a errar. "Com a prática regular de produção de texto, as crianças deixaram de ver essa atividade como um trabalho árduo e sofrível e passaram a escrever com muito mais facilidade e entusiasmo", relata Vanessa Pavezi, que faz doutorado no Ibilce sob orientação da professora Luciani. Ela deu aulas de língua portuguesa para turmas da 6ª e 8ª séries da escola onde o projeto é realizado e faz sua pesquisa para a pós-graduação com base nas redações dos estudantes. "Durante as aulas regulares, os alunos que faziam o minicurso aproveitavam qualquer oportunidade que tinham para socializar o que haviam aprendido." Além do trabalho de Vanessa, outras quatro pesquisas relacionadas ao projeto de extensão são realizadas no câmpus de Rio Preto, três delas em nível de mestrado e uma de iniciação científica. Fonte: http://www.unesp.br/int_noticia_imgesq.php?artigo=4819

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