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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

CARACTERISTICA DA ESCRITA E DA LEITURA - ALFABÉTICO



NÍVEL ALFABÉTICO

A hipótese silábico-alfabética também não satisfaz completamente a criança, e ela prossegue sua pesquisa em busca de uma solução mais completa que só será alcançada, através da constituição alfabética de sílabas.
O aluno começa a escrever alfabeticamente algumas sílabas e, outras permanecem escrevendo na hipótese silábica. São escritas silábico-alfabéticas, mas já fazem parte do nível alfabético, mesmo se tratando do uso de dois tipos de concepção.
O nível alfabético se caracteriza pelo reconhecimento do som da letra.
Entretanto, a criança ainda não consegue, nesse nível, a solução de todos os problemas no que se refere à leitura e escrita, entre eles:

 Primeiro problema que a criança enfrenta se refere aos tipos de sílabas. As crianças, de modo geral, generalizam que todas as sílabas têm sempre duas letras (isso se dá pela freqüência de sílaba com duas letras na nossa escrita) e dificilmente concluem, automaticamente, que existem silabas de uma, duas, três, quatro ou cinco letras. Devido à freqüência de sílabas constituídas de consoante e vogal, os alunos acreditam que todas as sílabas são assim. Quando deparam com palavras ou sílabas iniciadas por vogais, fazem a inversão na escrita e também na leitura. Exemplo:

ARVORE = RAVORE.

 Segundo problema que as crianças vivenciam é a separação das palavras na produção de textos. Durante a escrita de textos espontâneos, as crianças ora emendam palavras, ora dividem palavras em duas ou três partes. Isso acontece porque, quando a criança escreve, concentra-se na sílaba; assim, as palavras tendem a desaparecer como um todo. Aparecem as primeiras junturas (quando escreve a criança várias palavras emendadas) e segmentações (quando escreve separando, indevidamente, as palavras), muito comuns nas escritas dos alunos ao ingressarem no nível alfabético, e que, nesse nível, serão trabalhadas visando, desde já, a construção da base ortográfica.
 Terceiro problema refere-se à ênfase sobre a escrita fonética. A criança, ao dar ênfase à escrita fonética, ou seja, a adequação fonética do escrito ao sonoro enfrenta as questões ortográficas. Descobre que uma mesma letra pode ter som de outras letras, como, por exemplo, X com som de CH, S com som de z etc., chegando a constatar que isso acontece em muitas palavras. Exemplo: chave, chaveiro, chácara, xícara, xale, Elisabete, roseira etc.

 Por último, a criança enfrenta dificuldades na escrita e na leitura de sílabas complexas. A compreensão de grupos consonantais é fruto de muito esforço lógico de raciocínio e não de memorização ou fixação mecânica.
A aquisição da base ortográfica envolve a inter-relação de componentes lógicos, perceptivos, motores, afetivos, sociais e culturais na aprendizagem.
O nível alfabético constitui o final da evolução construtiva do aprendizado da leitura e da escrita. Uma aprendizagem marcada pela reelaboração pessoal do aluno e da reflexão lógica.

CARACTERÍSTICAS DA ESCRITA E DA LEITURA

·                      Reconhecimento pela criança dos sons das letras.
·                      A criança consegue estabelecer uma vinculação mais coerente entre leitura e escrita.
·                      A criança concentra-se na sílaba para escrever.
·                      Surge a adequação do escrito ao sonoro.
·                      A criança escreve do jeito que fala (presença da oralidade na escrita).
·                      A criança compreende que cada um dos caracteres da escrita (letras) corresponde a valores sonoros menores que a silaba.
·                      Leitura sem imagem e com imagem.
·                      Surgem os problemas relativos à ortografia.

TRABALHANDO COM LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Algumas crianças chegam ao nível alfabético apresentando dificuldades, tais como:
1.           alunos que lêem alfabeticamente e ainda produzem escritas silábicas;
2.            alunos que já escrevem quase alfabeticamente e não decodificam um texto convencional.

Isso acontece porque a leitura e a escrita não foram desenvolvidas, até então, de forma correlacionada durante o processo de aprendizagem.

O professor atento a essas dificuldades, que são normais no nível alfabético, propiciará aos alunos oportunidades para vincular as ações de ler e de escrever. A possibilidade de exercê-las num mesmo contexto auxilia o domínio de ambas.

A prática de produção de textos é uma atividade essencial ao longo de todo o processo de alfabetização. No nível alfabético, a criança já é capaz de escrever sozinho o seu próprio texto.

A produção de textos é uma atividade expressiva e criativa que envolve reflexão constante, uma reflexão lógica.
Essa reflexão é de suma importância em todas as ações inteligentes para decidir como se escrevem palavras cuja escrita não está memorizada.

A leitura de textos, por sua vez, envolve a seleção pelo professor dos tipos de textos que serão oferecidos aos alunos de primeira série ou pré-escolar, já alfabéticos, tendo em vista oferecer experiências múltiplas, concretas e reais com o verdadeiro uso da coisa escrita na vida de alguém.

A produção de textos pode ser individual ou coletiva. O importante é que a criança de primeiro ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental ou pré-escolar leia e escreva muito, e que todas as suas produções sejam muito valorizadas pelo professor e outros.

Cada criança escreve do seu jeito e não há "certo" ou "errado" neste momento. O texto produzido pelo aluno é como um desenho ou qualquer outra forma de manifestação expressiva. Não cabe, absolutamente, qualquer forma de correção ou de modificação.

Esses textos são um indicador valioso sobre o andamento do processo de aprendizagem dos alunos. Eles fornecem dados que poderão ser utilizados em outras atividades de escrita.

É preciso que, em alguns momentos, o professor se torne o escriba da turma, porque é indispensável para o aluno poder perceber atos de escrita de pessoas alfabetizadas, sejam na escrita de textos, palavras ou letras. Isso possibilita ao aluno a análise de aspectos espaciais e motores envolvidos, bem como a direção que se segue ao escrever (da esquerda para a direita), os tipos de sinais gráficos utilizados (letras, sinais de pontuação), tipos de letras e suas modalidades, a ortografia das palavras, como também observar que se escrevem tudo (e não só os substantivos). É importante que o professor leia o texto escrito para as crianças, apontando, com uma régua, o que está lendo.

Os textos são trabalhados em sala de aula para serem analisados nos dias subseqüentes à sua produção. Nesse sentido, devem ser expostos na parede, para visualização dos alunos. Poderão ser transcritos para os alunos, que os utilizarão em inúmeras atividades e explorações didáticas.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O TRABALHO COM TEXTOS

Uma mesma atividade pode ser trabalhada com crianças em vários níveis no processo de aquisição da escrita e da leitura, contanto que ela englobe um espaço amplo de problemas e que o professor provoque, diferentemente, com questões e desafios adaptados aos alunos em situações desiguais, reconhecendo e valorizando as suas respostas e comportamentos frente ao que foi proposto.

Assim, as atividades aqui sugeridas podem atender também a outros níveis, que não apenas ao alfabético; o que muda é o foco de interesse didático.
·                      Produção de texto a partir do desenho do aluno.
·                      Exploração dos textos individuais com toda a classe.
·                      Sugerir a escrita de textos a partir de outros textos já conhecidos pelos alunos: letras de música, poesias, histórias memorizadas, descrição de brincadeiras, regras de jogos etc. (também podem ser utilizados para leitura e análise).
·                      Produção de textos coletivos sobre acontecimentos ou interesses dos alunos naquele momento.

·                      Atividades a partir de um texto:

1.            leituras globais ou parciais;
2.            reconhecimento de palavras, frases ou letras no texto;
3.            análise de palavras do texto quanto ao número de sílabas e de letras, quanto à letra inicial ou final etc.;
4.            ditado de palavras e frases relativas ao texto trabalhado;
5.            copiar palavras do texto com uma, duas, três sílabas etc.;
6.            remontagem do texto com fichas de frases ou palavras;
7.           produção de um desenho para ilustrar o texto;
8.            separar frases em palavras;
9.            completar com palavras
10.         escolher palavras do texto e elaborar pequenas frases;
11.         ditar palavras do texto para um colega e vice-versa;
12.         registrar, à frente das frases, o número de palavras que a compõem;
13.         montar frases com fichas das palavras do texto;
14.         produções de histórias em quadrinhos.
·                      leitura e narração de histórias pelo professor.

O TRABALHO COM SÍLABAS

A criança começa a construção da sílaba desde o nível silábico, quando percebe que não pode ler o que foi escrito por ela. Prossegue no nível silábico-alfabético quando acrescenta letras nos seus escritos sem resolver o problema, que só vai ser superado com a escrita alfabética no nível alfabético.

A introdução sistemática das famílias silábicas não é o modo mais indicado para ajudar alunos alfabéticos a evoluir em suas concepções sobre a escrita. E muito mais indicado encorajá-los a refletir sobre a pronúncia para pensar a escrita. A percepção auditiva entra como matéria-prima em todo o trabalho de inteligência, e o fato de nossa língua não ser inteiramente fonética implica, subsidiariamente, uma elaboração mental dos elementos ouvidos para chegar à escrita.

Nesta proposta didática, sugere-se desenvolver um trabalho com sílabas começando pela sua identificação parcial, pelo desmembramento das palavras em todas as suas sílabas e pela montagem de palavras por meio de sílabas, só chegando às famílias silábicas através das descobertas dos próprios alunos.
O professor deve permitir ao aluno explorar ao máximo o mundo das palavras, das frases, dos textos e das letras, incentivando-o a extrair o máximo de conhecimentos por conta própria, e só entrar com a sistematização clássica se for necessário, e da forma mais construtiva possível, sem nenhuma ordenação de dificuldades.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O TRABALHO COM SÍLABAS

No trabalho com sílabas é preciso levar em conta as condições cognitivas das crianças, que concernem a:

·    1                  distinção de uma só sílaba na palavra escrita;
·  2                    distinção estável de todas as sílabas das palavras (classificar palavras de acordo com o número de sílabas);
·    3                  possibilidade de considerar sílabas independentemente da sua inserção em palavras concretas;
·     4                 condições para classificar sílabas de acordo com o número de letras que a constituem, letra inicial ou final da sílaba etc.
5-As atividades propostas devem envolver palavras de um universo semântico vinculado ao interesse dos alunos: nomes de animais, partes do corpo, personagens de histórias, novelas e outros, ou de palavras que surgem na sala de aula.
·                  6    Atividades para completar a primeira ou a última sílaba dos nomes ou palavras com material concreto (fichas, jogos).
·       7               Ligar nomes às sílabas iniciais.
·    8                  Jogos: mico preto, bingo, memória, dominó (com palavras ou nomes e silabas iniciais ou finais).
·        9              Fazer correspondências de todas as silabas de uma palavra com a palavra correspondente.
·          10            Completar fichas de palavras com as letras que faltam (usando o alfabeto móvel).
·       11               Classificação de palavras com o mesmo número de sílabas.
·            12        Constituição de palavras com sílabas e alfabetos móveis.
·           13         Separação de palavras em sílabas (com fichas para recortar e colar ou por escrito).
·      14              Separação e registro do número de silabas das palavras da frase.
Exemplo:
PEDRO ESTÁ DOENTE
    (   )       (   )        (   )
·        15           Escrita de palavras e nomes que iniciam ou terminam com uma determinada sílaba.
·       16             Adivinhações de palavras através de pistas do professor.

O TRABALHO COM LETRAS

Desde o início da psicogênese, as crianças têm contato com letras, palavras, frases e textos e também de alguma forma com as sílabas (ao menos oralmente).
É de muita importância trabalhar simultaneamente as letras, sílabas, palavras e textos em todos os níveis. Apenas para fins didáticos, separamos as sugestões de atividades por unidades lingüísticas.
O trabalho com letras é feito desde o início da escolarização através dos níveis pelos quais a criança passa. Esse trabalho é também indispensável no nível alfabético (mesmo com crianças já alfabéticas, isto é, que lêem e escrevem alfabeticamente).

SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA O TRABALHO COM LETRAS

·                      Alfabetos variados (tamanho, forma de letra, material) para montagem de palavras ou frases mediante desafios interessantes do professor.
·                      Num monte de letras, solicitar à criança que encontre todas as letras de seu nome. Separar as letras dos nomes dos colegas do grupo.
·                      Reescrever as palavras do álbum ou dicionário já montados nos níveis anteriores.
·                      Construir dados de letras (4 dados com as 26 letras do nosso alfabeto).
·                      Jogos industrializados ou criados pelos alunos e professor (inclusive de ordem ortográfica).
Extraído: Fonte escola ativa, Fundescola

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